☔ Tentativas

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Durante esse contínuo com a sessão de estarmos sendo observado. Eles queriam comer hambúrguer e batata frita, hoje estava liberado. Finalizamos comprando doces. Eu queria comer bala de goma azedas. Mandei mensagem para Breno, nos encontrou na praça de alimentação. Caminhamos até área do pagamento do estacionamento.

De volta à realidade após um dia repleto de diversão. As crianças, com os rostinhos vermelhos de tanto brincar, estavam quase dormindo em meus braços. O sábado não havia sido planejado, mas se transformou em uma surpresa para os pequenos. Apesar de ser meu dia de folga, a vontade de estar com eles era maior do que qualquer outro compromisso.

O segurança de Breno, nos acompanhava, carregando as sacolas com os brinquedos que havíamos comprado e me entregou a chave do carro. Entramos no elevador, nos posicionamos no fundo dele, O elevador descia suavemente, levando-nos para entrada do shopping, senti um arrepio percorrer meu corpo. Dois homens, com rostos cobertos por máscaras, entraram logo atrás de nós. Mesmo assim, reconheci suas silhuetas. Eram os mesmos homens que havia visto no escritório de Diego há alguns meses atrás.

Disfarçadamente, mostrei a Breno a tatuagem de um escorpião que um dos homens exibia na mão. Era o símbolo da organização criminosa. A confirmação do meu pior pesadelo congelou. Eles estavam ali, no shopping, e estavam nos seguindo, tinha certeza disso.

Quando as portas do elevador abriram, os homens desapareceram. Andei rapidamente em direção ao carro, com as crianças nos braços, sentia o peso sobre meu corpo, mas não podia deixar nada acontecer com meus pequenos. Breno nos seguia de perto. Ao chegarmos ao estacionamento externo na entrada do shopping, a cena que encontramos nos paralisou. Nossos rostos se voltaram para a saída, onde os dois homens nos esperavam.

Um deles rendeu Breno com um golpe rápido, enquanto o outro apontou uma arma para minhas costas.

- Não se mexa ou atiro! a voz rouca do homem ecoou no estacionamento.

Apertei as crianças em meus braços e me preparei para o pior. Mas o barulho de sirenes distantes chamou a atenção do homem. Aproveitando a distração, pisei com força em seu pé e corri com as crianças para o carro blindado, que estava estacionado um pouco mais adiante.

O homem atirou, e senti uma dor aguda no ombro. Ignorando a ferida, coloquei as crianças dentro do carro, e deu comando.

-
Caio aperta esse botão, e não abra para ninguém. Lembra do tio Eduardo que nos ensinou aquele dia. Só abra para polícia. Vocês estão protegidos aqui dentro. Bate a porta. Mesmo sem entender, ele aciona a tranca.

Comecei a gritar por socorro, chamando ainda mais atenção para mim. Tudo aconteceu em fração de segundos. Com as mãos tremendo, sinto uma mão agarrando meus cabelos e vira meu corpo, me um tapa no rosto, cai no chão. A adrenalina pulsava em minhas veias, e a única coisa que importava era a segurança das crianças. Tento me afastar e chuta minha barriga.

- Abra aquele maldito carro, se vou estourar seus miolos, sua vagabunda. Escuto os tiros atrás de mim.

A dor pulsava em meu ombro, mas a adrenalina ainda me mantinha em alerta. Eles estavam atirando no veículo, dava para ouvir os gritos das crianças, levanta-me com desejo enorme de protegê-los,mas o homem agarrou novamente, meu deu soco com tanta força, senti o sangue escorrendo no meu nariz. Ele agarrou minha blusa e lançou sobre o carro.

- Me entrega a chave. O cano frio da arma na minha testa. Eu gritei.

- Não está comigo. Ele me jogou no chão. Ele apontou a arma na minha direção.

💭 Chegou meu fim.

Escuto uma voz, o sequestrador virou de costas.

- Larga a arma, aqui é a polícia. Os tiros começaram. O homem caiu ao meu lado.

Começo a arrasta-me no asfalto. Tentava ir até o carro, mas a dor está latente no meu corpo. Um homem se aproximou e disse:

- Calma, a ambulância está chegando. Ele me manteve no chão. Alguém tem um pano ou toalha.

- Ajude as crianças, por favor, moço. As pessoas me cercaram. Breno se aproximou com ferimento na cabeça.

A dor pulsava em meu corpo, a cada batida do coração ecoando em meus ouvidos. Estava deitada no chão frio do estacionamento, a visão embaçada pela perda de sangue. As crianças, a salvo no carro blindado, eram a única coisa que me mantinha consciente. Olhei para cima, para Breno e com poucas forças que me restava:

- Breno, por favor não me deixe sozinha, tenho medo do escuro. Ele se abaixou com o celular no ouvido.

- Fique calma. As crianças estão bem. Vou ficar contigo.

As luzes do sol cintilavam ao longe, as lembranças da execução do tio na minha frente quando era criança, passa como filme na minha mente. A sensação de impotência era avassaladora.

Lembrei-me da minha família, de sua preocupação e de seu amor. Senti uma profunda gratidão por tê-los em minha vida. Se estivesse sozinha, teria desistido. Mas por eles, por Caio e Elie, precisava resistir.

A cada segundo que passava, a dor se intensificava. Comecei a sentir frio, mesmo com asfalto quente. A consciência ia se apagando aos poucos, mas a cada vez que isso acontecia, a imagem das crianças me trazia de volta. As pessoas em minha volta determinado a me ajudar.

Ouvi o som de sirenes se aproximando. Os olhos se abriram a tempo de ver as luzes piscando no escuro. Os paramédicos me atenderam, começaram fazer perguntas e tentava responder, me colocaram em uma maca. Enquanto me levavam para a ambulância, olhei para o céu e fechei os olhos, tudo ficou escuro.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora