🚜 Cabeça confusa

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Roberta Antunes

A água da piscina era morna e convidativa, mas meus pensamentos insistiam em me levar de volta àquela cena vexatória na portaria. A diferença entre o meu mundo e o mundo da família Ribas era gritante, e a cada lembrança, um nó se formava em minha garganta.

Deixei Caio e Elie aos cuidados da tia Verônica e me afastei do grupo, buscando um lugar mais tranquilo para organizar meus pensamentos. Sentei-me no banco na área verde do clube e olhei para o horizonte, tentando encontrar alguma paz.

Meu celular vibrou. Era meu pai. Atendi a chamada de vídeo com a voz embargada.

- Oi, filha. Tudo bem? Perguntou, percebendo minha tristeza.

Não consigo mentir para ele. Contei-lhe sobre o meu relacionamento com Diego, sobre a cena na portaria e sobre todas as minhas inseguranças. As lágrimas rolaram pelo meu rosto enquanto eu desabafava.

- Filha, tudo é muito complicado no início. É normal ter medo e insegurança. Mas lembre-se que o amor verdadeiro enfrenta barreiras e sempre deve encontrar um jeito de superar os obstáculos juntos. As palavras do meu pai me confortaram. Nunca havia me sentido tão compreendida.

- É que eu tenho medo de me machucar de novo, pai. Depois de tudo que passei com Hugo e Túlio…

- Filha, aqueles relacionamentos não deram certo porque não eram baseados em amor verdadeiro. Você precisa parar de comparar uma história com a outra. São pessoas diferentes, tempos diferentes e circunstâncias diferentes. Não são os mesmos relacionamentos.

- Mas tenho medo… ele me interrompeu

- Filha, o medo sempre vai existir, o que não se deve é deixar

Meu pai tinha razão. Eu precisava parar de me prender ao passado e viver o presente.

- Obrigada, pai. Me sinto muito mais leve agora. Posso te pedir para não contar para minha mãe, quero dizer pessoalmente.

- Que bom, filha. Não vou contar para sua mãe. Faça isso pessoalmente quando retornamos da nossa viagem.

- Obrigada, pai. Te amo.

- Eu também te amo, minha filha.

Desliguei a chamada e me levantei, sentindo-me mais forte. Ao me virar, dei de cara com Diego, que me observava com um olhar preocupado.

Diego estava ali, parado atrás do banco, seus olhos fixos em mim. Ele havia ouvido toda a minha conversa com meu pai. Um nó se formou em minha garganta.

- Roberta, por favor, não se afaste por causa daquela situação. Eu sei que foi difícil, mas o nosso amor é mais forte do que qualquer julgamento. Você é tudo o que eu preciso e quero em uma mulher.

Suas palavras me tocaram profundamente, mas ainda me sentia insegura.

- Diego, fico pensando se somos realmente compatíveis. Nossos mundos são tão diferentes...

Ele se aproximou de mim e me envolveu em um abraço apertado.

- Você me completa, Roberta. E quando duas pessoas se completam, elas se encaixam perfeitamente, independentemente de qualquer coisa. Além do mais, aquele porteiro vai ter que arcar com as consequências da sua atitude.

- Diego, por favor, não faça nada contra ele. Eu não quero que ele perca o emprego.

- Roberta, é por causa de atitudes como a dele que as pessoas continuam sendo julgadas e discriminadas. Qualquer pessoa pode entrar nesse clube, desde que pague a mensalidade.

- Mas eu não paguei… Ele segurou minha mão e sorriu.

- Agora você paga. Afinal, você é minha namorada.

💭 Esse homem é doido, mas o amo cada dia mais.

Agradeci  por me defender. Diego me beijou intensamente, selando nosso compromisso.

- Pode contar comigo. Sempre vou te proteger.

Retornamos para a piscina, encontrei Mia juntamente com Ruan, finge que não a conhecia, mas estava feliz por eles. Aproveitamos o resto do dia com a família. Almoçamos no clube e, à noite, fomos para a casa da tia de Diego para uma noite de música e vinho.

A casa da tia Judite era um verdadeiro paraíso. A piscina, com suas águas cristalinas, convidava para um mergulho refrescante. A área gourmet, repleta de guloseimas e bebidas finas, era o ponto de encontro de todos os convidados. E a vista para o jardim, com seus coqueiros e flores exóticas, era simplesmente deslumbrante.

Diego segurava minha mão enquanto conversava com seus amigos. A sensação de estar ali, ao lado dele, em meio àquela família, era indescritível. Mas havia um pequeno incômodo. Minha amiga Mia, que agora namorava o melhor amigo de Diego, estava presente. E, para piorar, estávamos brigadas.

Elie me chamou para assar marshmallows na fogueira. Caio, todo animado, me acompanhou. Sentada à beira da fogueira, enquanto ajudava as crianças a preparar seus doces, comecei a ouvir a música "Eu fico assim sem você", de Adriana Partimpim. A letra da música ecoava em meus ouvidos, me fazendo lembrar de todos os momentos especiais que estávamos vivendo.

Elie se aproximou e me pegou no colo. Começamos a dançar, girando lentamente ao som da música. Caio, todo feliz, soltou seu marshmallow e se agarrou às minhas pernas. Rimos muito. Diego, ao nos ver, se aproximou e pegou Caio no colo. Nos abraçamos e dançamos juntos, a família mais feliz do mundo.

Naquele momento, todas as minhas preocupações se dissiparam. A vida era perfeita. Enquanto dançávamos, senti uma paz que há muito não sentia. Diego estava ao meu lado, me amando e me protegendo. E sabia que, com ele,poderia enfrentar qualquer desafio.

Durante o retorno para casa, estou dirigindo porque não bebe, as crianças adormeceu nas cadeirinhas, Diego me contava da sua infância na casa de sua tia. Ele está tão feliz me contando sobre tudo. Amava como nossas conversas são naturais e sinceras. Quando paro o carro no sinal, destravo cinto de segurança, e o beijo intensamente. Ele corresponde. A buzina soa trás de mim.  Retorno a posição inicial, ele está confuso.

- O que foi isso? Ele sorri.

- Uai, apenas beijando a boca deliciosa do meu namorado, não posso? Estou atenta ao trajeto.

- Deve, minha narizinho. Amei esse beijo. Ele sorria como bobo.

As crianças já estavam dormindo, embaladas por um sono profundo. Dirigi-me ao meu quarto, sentindo uma paz que há muito não experimentava. Ao abrir a porta, fui surpreendida por Diego, que me puxou para um beijo intenso. Seus lábios quentes e insistentes me fizeram perder o fôlego. Suas mãos deslizava sobre meu corpo.

💭 Esse acessório sabe mesmo o maquinário pesado. Estou sentindo borboletas na barriga.

Conduzido por ele, entrei no quarto. As luzes estavam apagadas, apenas um abajur suave iluminava o ambiente. Os toques de Diego eram cada vez mais ousados, eme sentia dividida entre o desejo e a insegurança. Mas, de repente, algo dentro de mim se rebelou. Afastei Diego com um gesto firme.

- Diego, espera. Ele me olhou confuso, seus olhos cheios de desejo.

- Não devemos, Diego. Não agora. Ele tentou me puxar para mais perto, mas me mantive firme.

- Por favor, eu…. Diego me abraçou e respondeu.

- Tudo no seu tempo, meu amor. Vou deixá-la descansar, minha namorada. Ele beija minha testa.

Ele me olhou nos olhos por um longo momento, antes de finalmente se virar e sair do quarto, fechando a porta.

Sentei-me na cama, respirando fundo. O que havia acontecido? Por que havia reagido daquela forma? Eu o amava, mas precisava de tempo para entender meus próprios desejos, nunca senti isso, sempre mantive o controle de tudo.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora