🖍️ Encarando

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O hotel da capital era um oásis de tranquilidade após o frenesi do dia. Tínhamos passado o dia inteiro em um shopping gigante, comprando presentes de Natal para toda família. Diego, como sempre, havia exagerado nas compras. Panetone trufado, tábua de frutas e queijos, vinho, bacalhau, chocolates, frutas secas, doces... a lista era interminável. E para completar, ele havia comprado presentes para meus pais, meus irmãos e minhas amigas. Estava exausta, com os pés inchados e doloridos de tanto andar.

- Amor, estou morrendo de cansaço, reclamei, jogando minhas sacolas no chão.

- Vem cá, meu amor. Vamos tomar um banho relaxante, ele disse, me puxando para o banheiro.

A banheira estava cheia de água quente e perfumada. Enquanto me despia, Diego preparava tudo para um banho perfeito. Assim que entrei na água, senti meus músculos relaxarem. Diego começou a massagear meus pés, aliviando a dor.


De repente, a porta do banheiro se abriu e as crianças invadiram o cômodo, acompanhadas por Greice e Valentino. Ri do desespero de Diego, mas Valentino rapidamente saiu de frente para a porta. Greice, por sua vez, entrou naturalmente, como se estivesse em casa.

- Foi ótimo passar o dia com vocês, crianças, disse ela, sorrindo. Até mais! Ela saiu de mãos dadas com Valentino.

- Como eu digo, dá dinheiro, mas não de liberdade. Tchau para vocês. Escuto a porta batendo.

- Vocês podem tirar a roupa e entrar na banheira, falei para as crianças, que já estavam pulando de alegria.

Nos divertimos muito naquele banho. As crianças jogavam água para todos os lados e nós, adultos, ríamos à toa. Nunca imaginei que em apenas oito meses tudo aquilo que sempre sonhei se realizaria: uma família feliz, um marido amoroso e um lar cheio de alegria.
Enquanto me secava, pensei em tudo o que havíamos conquistado. A vida era perfeita e eu não poderia estar mais feliz.

A noite de Natal havia começado de uma forma bem diferente do que imaginava. Acordei no meio da madrugada com aquela sensação familiar de desconforto no baixo ventre. As cólicas estavam começando a se intensificar, e precisava me levantar para não acordar Diego e as crianças.

Peguei minha nécessaire e fui para o banheiro. Ao me sentar no vaso, tive a confirmação: minha menstruação havia chegado. Como havia parado de usar anticoncepcional, sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento.


Realizei a higiene e coloquei um absorvente interno para tentar aliviar o desconforto. Mas a dor era intensa. Procurei em minha nécessaire algum comprimido para dor, mas não encontrei nada. Vesti meu conjunto de moletom e resolvi descer para a recepção. A atendente me informou que havia uma farmácia 24 horas ao lado do hotel.

Comprei o remédio e uma garrafa de água, engoli três comprimidos de uma vez, e voltei para o quarto. Ao entrar, dei de cara com Diego na sala de estar.

- Que susto! Que me matar?

- Onde você foi? Ele perguntou, preocupado.

- Senti umas cólicas muito fortes e fui comprar um remédio. Respondi, me sentando ao seu lado.

- Precisa ir para o hospital?

-Não, amor, já está passando.Me aconcheguei em seus braços e sussurrei:

- Obrigada por cuidar de mim. Ele me abraçou forte, acariciando meus cabelos.

- Eu te amo, sussurrou em meu ouvido. Retornamos para cama, depois de trocar de roupa.

Fechei os olhos e me deixei levar pela sensação de segurança que seus braços me proporcionavam. A dor ainda estava presente, mas com ele ao meu lado, tudo parecia mais suportável. Logo, o sono me venceu e adormeci em seus braços, pronta para mais um dia de celebração.

.....

O dia 24 de dezembro havia finalmente chegado. Apesar de ainda me sentir um pouco indisposta por causa das cólicas, a animação de passar o Natal na nova casa do meu irmão, Luan, me impulsionou a me arrumar. Optei por um macacão de linho vermelho, confortável e elegante, e combinei com um tênis branco. Soltei meus cabelos e passei uma maquiagem leve.

- Elie, minha filha mais nova, me observava com os olhinhos brilhando.

- Mãe, arruma meu cabelo e passa um batom em mim?, pediu.

- Minha princesa, criança não se maquia. Você já é linda do jeitinho que é. Que tal um gloss rosinha?

Ela concordou e apliquei um pouco de brilho em seus lábios. Pronta, descemos para a sala. Diego e Caio nos esperavam com um sorriso no rosto.

- Minhas garotas estão maravilhosas!, exclamou Diego. Caio, completou:

- Tenho a mãe e a irmã mais lindas do mundo.

Corri para abraçar meus meninos e nos despedimos do hotel. Diego chamou um táxi e, após colocarmos todas as nossas coisas no porta-malas, partimos para o Jardim Leblon.

Ao chegarmos na casa de Luana e Douglas, fiquei emocionada ao ver como tudo estava lindo. A mesa estava farta, com todos os pratos típicos de Natal, e havia uma mesa especial para a família. Fomos recebidos pelos pais de Luana, meus pais e minha irmã Vera.


Ao ver minha mãe, senti uma pontada no coração. Ela me olhou de um jeito que me fez entender que ainda estava brava comigo por causa de algumas decisões que havia tomado. As crianças, ansiosas, correram para o meu pai, senhor Alcides, com os presentes. Caio e Elie entregaram uma caixa para o vovô e eu observei minha mãe de canto de olho. Em seguida, as crianças pegaram as flores e o presente que eu havia comprado e entregaram para a minha mãe, D. Márcia.

- Prazer em conhecê-la, vovó, disseram as crianças em coro. Elas abraçaram minha mãe carinhosamente.

Diego e eu aguardávamos ansiosos pela reação de minha mãe. Para nossa surpresa, ela sorriu e disse:

- Que lindos os meus netos!.

Um nó se formou em minha garganta. Minha mãe havia aceitado Caio e Elie como seus netos! Sentei-me à mesa, frente a frente com ela, e apresentei Diego como meu namorado. Ela sorriu de forma debochada, mas ignorei completamente. Aquele Natal seria inesquecível, mesmo com todas as suas nuances.


Sentada ao lado de Diego, observava a cena familiar se desenrolar. As crianças brincavam com os sobrinhos de Luana, a anfitriã, que radiava felicidade ao lado de Douglas e do bebê que carregava no ventre. Diego interagia com todos, descontraído e à vontade. Me sentia completa, cercada pelo amor da minha família e do meu parceiro.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora