🖤 Pesadelo sem fim

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Roberta Antunes

Acordo suada, o coração martelando no peito como um tambor frenético. A imagem de Caio e Elie sendo arrastados para dentro daquele carro escuro se mistura com a memória opressiva daquela noite em que tiraram a vida do meu tio Bateco. O pesadelo me sufoca, a sensação de impotência me paralisa. A noite se arrasta, longa e tortuosa, e o sono se recusa a me envolver.

Levanto da cama e caminho em direção à cozinha. A luz fria me acalma um pouco, mas a imagem dos rostos apavorados das crianças continua a me assombrar. Preparo um chá de camomila, na esperança de que a bebida quente ajude-me relaxar. A cada gole, sinto o calor percorrendo meu corpo, mas minha mente continua agitada.

Sento-me à mesa, a xícara fumegante entre as mãos. A luz da cozinha envolve em um abraço acolhedor, mas os fantasmas do passado insistem em me atormentar. Fecho os olhos por um instante, tentando encontrar paz, mas a imagem do corpo de Bateco, caído no chão,invade a mente.

Sem perceber, adormeço sobre a mesa, a xícara já fria escorregando de minhas mãos. O chá não foi suficiente para acalmar a tempestade que se agitava dentro de mim. A noite continua, e eu, presa em um labirinto de pesadelos e memórias dolorosas.

Pesadelo enquanto dorme na mesa

A paz havia encontrado no passeio com as crianças. Estamos no bairro da minha casa. Vejo Caio e Elie rindo, correndo pelo parque, a vida pulsando em seus olhos. A felicidade deles é um raio de sol em meio à escuridão que me cerca. Mas a ilusão se desfaz quando vejo a figura de Bateco, pálido e ensanguentado, aproximando-se de nós.

O horror me paralisa. Antes que possa reagir, dois homens surgem das sombras e se apoderam das crianças, desaparecendo em um túnel escuro e úmido. O medo me impulsiona para frente. Desço pelas escadas tortuosas do túnel, a escuridão total envolvendo como um manto. A cada passo, a sensação de estar sendo observada por milhares de olhos me aterroriza. Os guinchos agudos dos morcegos ecoam pelos corredores, amplificando o meu pavor.

No fim do túnel, encontro a cena mais horrível que já vi. Os corpinhos de Caio e Elie jazem inertes no chão, os corpos pequenos e frágeis manchados de sangue. Ao lado deles, o corpo de Bateco, a expressão de agonia congelada em seu rosto. Um grito desesperado escapa dos meus lábios. Aperto os corpos das crianças em meus braços, a dor da perda me consumindo por inteiro.

Fim do pesadelo.

Acordei sobressaltada, o grito preso na garganta. As lágrimas rolavam pelo meu rosto, quentes e salgadas. A sensação de estar sufocando era insuportável. O pesadelo havia levado aos limites da minha sanidade. A imagem dos corpos das crianças, tão jovens e inocentes, me atormentava. A dor era tão intensa que eu sentia como se meu coração estivesse sendo dilacerado.

A realidade da mansão Ribas, com sua decoração opulenta e seus corredores silenciosos, se tornava cada vez mais opressiva. A solidão que me cercava era um abismo sem fim. A cada noite, os pesadelos me arrastavam para um mundo de escuridão e desespero, onde a linha entre a realidade e a fantasia se tornava cada vez mais tênue. Ao levantar minha cabeça, Diego Ribas me observa da entrada da cozinha e começa a caminhar até a mesa.

- O que aconteceu que está dormindo na mesa? Ele colocou a mão na minha testa.

💭 Qual desculpa vou dar.

- Acabei cochilando. Preciso me trocar, com licença. Saio o mais rápido possível. Preciso me tomar um banho e trocar para deixar as crianças na escola.

Retorno para meu quarto. Não sei como superar novamente esses pesadelos. Tenho que ficar atenta para ninguém perceber que estou passando por isso, depois de alguns anos sem ter pesadelos com meu tio Bateco.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora