⚖️ Lutando por você

47 15 1
                                    

Um mês depois...

Algumas complicações ocorreram neste período, que dificultaram o tratamento de Roberta. Um deles foi o ferimento no útero. Que causou uma hemorragia durante este período de internação. Roberta respondeu com silêncio ao diagnóstico que talvez não nunca poderia ser mãe. Ela decidiu no dia seguinte após o acidente quando acordou não contar para os pais, sendo assim, mais uma vez, escondendo deles algo grave.

Um mês. Um mês desde que nosso mundo desabou sobre nós. Sentado ao lado de Roberta no consultório médico, observava-a com uma mistura de amor e preocupação. Seu olhar perdido no vazio me deixava inquieto. A Roberta que eu conhecia, forte e determinada, parecia distante, como se estivesse em outro mundo.

O médico explicava os exames, mas meus ouvidos só registravam as palavras "lesão auditiva", "sangramento" e "tratamento prolongado". A perda da audição no ouvido esquerdo era um golpe duro, assim como os problemas no útero que causavam sangramentos constantes. E a pior parte era o silêncio dela diante de tudo isso. Ela apenas ouvia, sem reagir, como se estivesse distante da própria realidade.

A terapia psicológica estava ajudando, mas era um processo lento e doloroso. Tentei segurar sua mão, mas ela parecia não perceber. Ao sairmos do hospital, reforçamos a segurança em casa. Breno e Eduardo, nossos seguranças, nos esperavam no estacionamento. Ao ver Roberta, eles a cumprimentaram com um sorriso, mas ela apenas acenou com a cabeça, sem esboçar qualquer reação.

Durante o trajeto para casa, Roberta ficou observando a cidade pela janela, imersa em seus próprios pensamentos. Ao chegarmos à mansão, fomos recebidos por uma surpresa: uma chuva de confete e os gritos alegres das crianças. Caio e Elie correram em nossa direção, abraçando as pernas de Roberta.

- Mamãe! Sentimos tanta sua falta! - choravam eles.

Finalmente, um sorriso tímido surgiu nos lábios de Roberta. Ela os abraçou forte, dizendo que também sentia muita saudade. As crianças, segurando uma em cada mão, a levaram para o quarto. Eles a deitaram na cama. Roberta apenas observa com lágrimas nos olhos.

- Vamos cuidar de você, mãe! Elie disse beijando seu rosto.

- Fizemos seu bolo preferido. Quer comer agora? Ela sorriu e o abraçou.

- Mais tarde. Eles acariciam seu rosto, limpando as lágrimas. Elie pega travesseiro e arruma atrás da cabeça dela.

- Mamãe, ainda está sentindo dor? Vou fazer carinho para curar. Onde dói? Elie perguntou.

- Sim, aqui! Roberta apontou para o coração. Elie acariciava o peito dela.

- Vou te proteger, mamãe! Caio abraçou.


Observando aquela cena, senti um misto de alívio e tristeza. Alívio por vê-la cercada de amor, mas tristeza por perceber que a Roberta que conhecia ainda estava distante.

O dia se arrastou lentamente. Dediquei-me a cuidar de Roberta e das crianças, tentando criar uma atmosfera leve e acolhedora. As crianças, apesar da alegria de tê-la em casa, percebiam a mudança em sua mãe e se comportavam com mais cuidado.


À noite, Vera e Mia vieram nos visitar. Preferi deixá-las a sós, precisava de um tempo para mim. Desci para a sala onde meus amigos estavam, mas logo voltei para o quarto, esquecendo o celular. Ao me aproximar da porta entreaberta, ouvi a voz de Roberta, baixa e carregada de tristeza.


- Sou uma mulher incompleta, Vera. Não posso mais ter filhos. Como vou continuar com Diego?


- Calma, Betinha. A medicina avança. Se preocupe em se recuperar. Você salvou Úrsula e Osmar bebês. Vera, respondeu.

Ouvi Mia tentar confortá-la, falando sobre o amor de Diego, sobre como ele havia estado ao seu lado durante todo o tempo.

- Eu sei disso, Mia. Mas as coisas mudaram, me sinto defeituosa, sabia da possibilidade de ter dificuldade para engravidar, mas agora é certeza. Não sou mais a mesma.

As lágrimas de Roberta ecoaram no meu peito. Senti um aperto enorme no coração. Desci as escadas lentamente, precisando de um tempo para processar tudo o que havia ouvido.


Esperei que as visitas fossem embora e, depois de algumas horas, voltei ao quarto. Roberta estava deitada na cama, olhando para o teto. Ofereci-me para ajudá-la a tomar banho, mas ela insistiu em fazer sozinha. Acabei entrando no banheiro com ela, mais por instinto do que por qualquer outra razão.


Enquanto ajudava a se ensaboar, senti a distância entre nós. Ela evitava meus toques, seus olhos estavam fixos no chão e os pés deslizavam na água, movimento típico dela quando estava pensando. Abracei-a por trás, sentindo seu corpo tenso, nem água diminuía a rigidez do corpo dela.

- Roberta, você é o amor da minha vida. Não existe outra mulher que possa ocupar o lugar que você tem no meu coração.

Ela se virou e me olhou nos olhos, as lágrimas rolando pelo seu rosto.

- Eu sei, Diego. Mas eu me sinto... diferente. Saiu do box.

Sabia que ela estava me evitando, que a insegurança a consumia. Mas não iria desistir dela. Enquanto ela se enrolava na toalha. Beijei sua testa e a abracei forte.

- Você é minha. Nasceu para mim, nunca duvide disso! Ela se afastou em silêncio.

Depois do banho, ela se deitou e adormeceu rapidamente. Fiquei observando-a por alguns minutos, admirando sua beleza. Em seguida, fui colocar as crianças para dormir. Ao voltar para o quarto, deitei ao lado dela. Ela ainda dormia, serena. Fechei os olhos e tentei encontrar o sono, mas a preocupação me consumia. Não percebe quando adormece.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora