🥊 Submergi para aguentar

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A escola estava mais barulhenta do que o normal. A animação das crianças se misturava com minha preocupação. Ao entrar, vi Verônica, Cláudio, Ruan e Mia reunidos, seus rostos irradiando uma emoção que me deixou preocupado.

- E então, Diego? Como foi a consulta? Perguntou Verônica, a voz carregada de expectativa.


Contei-lhes sobre a consulta e a esperança que eu tinha para o futuro. Mia chorava, porque sabia dos desejos íntimos de sua melhor amiga.


- Ela sempre sonhou… um som interrompe a frase.


Enquanto conversávamos, ouvi um barulho vindo das escadas. Era Roberta, com uma mala nas mãos e vestida com um conjunto de moletom e tênis, em pleno calor da cidade de Bauru. Seus olhos estavam inchados e vermelhos.


- Estou indo embora, Diego. Sua voz era firme, mas tremia levemente. Estou terminando nosso namoro.

💭 Ela está louca achando que vou deixá-la ir.

Senti meu coração se apertar. Segurei seus braços, tentando entender o que estava acontecendo.

- Por quê, Roberta? O que aconteceu? Questionei sabendo da resposta.


- Eu não te amo mais, Diego. É melhor  ir embora, sair da sua vida.

Levantei seu rosto, forçando-a a olhar nos meus olhos.

- Isso não é verdade, Roberta. Você está colocando coisas na sua cabeça. Ela começou a chorar.

- Não, Diego. Eu não te amo mais. E as crianças precisam de alguém que possa cuidar delas de verdade.

Peguei a mala da mão dela e pedi para a Dona Abigail subir com ela. Roberta insistiu que iria embora, que nós não éramos mais um casal.

- Não, você não vai, enquanto não me dizer a verdade.

Mia se aproximou, tentando convencer Roberta a conversar comigo, mas ela estava irredutível. As crianças entraram na sala e viram a cena.

- Mamãe, não vai embora! – Caio e Elie choravam.

- Eu tenho que ir, meus amores. Roberta disse, a voz embargada.

- Não, você não vai. A gente se ama. Respondi, firme.

- Não amo mais. Chega, vou embora.

Roberta puxou a mala da mão de Dona Abigail e tentou sair. A segurei pelo braço e a puxei para o jardim, fechando a porta da sala. Começamos a discutir, nossas vozes se elevando cada vez mais.

- Eu não te amo mais, Diego. Ela repetia, como um mantra.


- Você está mentindo! Gritei de volta.

A raiva e a dor me consumia por dentro. Não conseguia aceitar que ela estivesse desistindo de nós tão facilmente.


O choro das crianças ecoava pela casa, um som que cortava meu coração. No jardim, a discussão com Roberta se intensificava. Ela insistia em sua decisão de ir embora, repetindo que não me amava mais.

- Você está usando a questão de não ter  filhos como desculpa para fugir, Roberta. Minha voz saiu carregada de emoção.

Ela me olhou com os olhos marejados, o suor escorrendo pelo rosto em pleno calor da primavera.

- Eu não sou uma mulher completa, Diego. Não te sirvo mais.

- O que serve para mim é a mulher que mora no meu coração. E essa mulher é você, Roberta Antunes.


As lágrimas rolavam pelo seu rosto, e eu sabia que precisava fazer algo para acalmá-la. Lembrei-me de como a água a tranquilizava. Sem pensar duas vezes, a peguei no colo e me dirigi à piscina.

- Me solta, Diego! Ela gritou, se debatendo em meus braços.

Ignorando seus protestos, mergulhei na piscina, levando-a comigo. A água fria nos envolveu, e por um instante, o mundo se silenciou embaixo do tranquilo fluido. Beijei seus lábios com suavidade, enquanto a abraçava com força. Submergirmos com lábios unidos.

Sob a água, a raiva e a tristeza se dissiparam, dando lugar a uma sensação de paz. A água nos envolvia como um abraço, e eu sentia que estávamos mais próximos do que nunca. Ela abriu os olhos e a encarei.


- Nunca mais diga que vai me deixar, ouviu Roberta. Ela me abraçou.


- Desculpa… minha cabeça está cheia de pensamentos ruins, Diego. Água envolvia nossos corpos.


- Vamos superar juntos. Nosso amor é nossa força. Fugir não vai resolver. Ela coloca a cabeça no meu ombro.

- Como vou tirar essa tristeza do meu coração e esses pensamentos da minha cabeça. Respondo.

- Colocando para fora. Falei sobre tudo comigo, vamos nos ajudar. Eu te amo, Roberta. Ela me olha e responde.

- Eu amo tanto você. Me perdoa. Beijo sua testa.


- Não precisa se desculpar. Vamos superar isso juntos. Caio e Elie chegam na borda da piscina chorando.

Roberta sai da piscina e os abraça forte. Ela pede desculpas. Mia e Verônica os levam para dentro da casa. Rua e Cláudio me observam. Mergulho, o fluido me envolve. Prendo a respiração e grito no fundo da piscina. Submergi aliviado, pronto para enfrentar qualquer situação. Saio da piscina, Ruan e Cláudio me abraçam.

- Tudo vai ficar bem, Ruan disse com as mãos nos ombros.

- Eu a amo, não vou permitir que nada a tire de mim, muito menos a depressão. Cláudio sorri.

- Isso mesmo, irmão. Minha falecida mãe dizia que precisamos lutar com mãos de ferro para destruir obstáculos grandes. Estamos juntos com você e Roberta.

- Não vou perdê-la. Vamos entrar. Caminhamos até a casa.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora