Acordo sobressaltada, estou tento uma taquipneia, faz anos que não sentia essa emoções, era resultado do pesadelo com o dia anterior que ainda ecoava em minha mente. Olho para o relógio e vejo que dormi apenas uma hora.
💭 Parece que dorme uma eternidade.
No sonho, a imagem de Caio e Elie sendo levados me atormenta. Sinto uma saudade imensa das crianças e a necessidade de estar perto delas é avassaladora. Eles devem estar assustadas. Neste momento, me recordo dos gritos deles presos no carro.
Saio do quarto de Mia, minha amiga de todas as horas, e a encontro esperando na sala com um sorriso acolhedor. Informo que vou voltar para a mansão. Ela tenta me convencer a ficar, mas a necessidade de ver Caio e Elie é mais forte.
- Sei que precisa deles, mas pelo menos coma alguma coisa antes de ir, Mia insiste.
- Tudo bem, minha querida. Dou lhe abraço.
Nos sentamos à mesa para tomar lanche reforçado. Enquanto mastigamos, minha mente viaja para a mansão, imaginando como as crianças estão se sentindo. Após a refeição, pego minhas coisas e peço um carro por aplicativo. A viagem parece interminável, a ansiedade me consumindo a cada segundo.
Ao chegar na mansão, sou recebida por Carlos, o segurança. Pergunto sobre Breno, que também foi ferido no sequestro. Ele me informa que está bem, o que me alivia. Entro em casa e sou abraçada fortemente pela dona Abigail. Pergunto pelas crianças.
- Onde Caio e Elie estão, D. Abigail. Ela segura nas minhas mãos e responde.
- Estão tristonhos no quarto. Eles não param de perguntar por você, minha querida. Respondo.
- Eu estou também preocupada, vou subir para vê-los. Subo as escadas com rapidez.
Bato na porta e, ao entrar, sou recebida por dois pares de braços pequenos que se envolvem em um abraço apertado. Sento-me no chão com eles no colo e começamos a conversar. Caio, com os olhos cheios de lágrimas, me diz:
- Betinha, eu não consegui proteger você, me desculpa! Elie acaricia meu rosto.
- Aquele homem mal machucou seu rosto, Betinha. Vejo a preocupação no rosto deles.
- Meus amores, não se culpem. Vocês não tem nada com aquilo que aconteceu. Faria tudo de novo para protegê-los, porque eu os amo muito.
Eles me abraçaram com força, buscando conforto em meus braços. Ali no chão com carpete macio, ficamos juntos em silêncio. A única certeza que tinha agora que vou amar e proteger essas crianças de qualquer pessoa que tentarem fazer mau a elas.
Aquele momento era importante para mim, mesmo que não sejam meus filhos, que meu coração já os ama, a situação de ontem me fez perceber o quanto a vida é preciosa e frágil, então não vou me preocupar com tempo ou maneira como tudo aconteceu, mas vou amá-los. A tentativa de sequestro nos aproximou ainda mais e me fez valorizar cada segundo ao lado deles.
….
💭 Porque meu coração não para de bater.
Sai do quarto de Diego com o coração acelerado. A proximidade, o toque de seus dedos na minha pele ferida... Era uma sensação estranha, que não conseguia decifrar. Tentei ignorar, afinal, estava apenas sendo gentil ao cuidar de mim. Mas a verdade é que aquela experiência me deixou confusa.
Ao chegar à cozinha, encontrei Dona Abigail preparando uma refeição deliciosa. Conversamos sobre coisas banais, mas a minha mente estava longe dali. Tentei me concentrar na comida, mas os pensamentos sobre sequestro e as lembranças da morte do meu tio insistiam em invadir meus pensamentos.
Depois do jantar, fui para o meu quarto no dormitório da mansão. Tomei um banho quente e me deitei, tentando descansar, depois de fazer a medicação. Mas o sono não vinha, rola de um lado para outro. A imagem do corpo, tiros, sangue e os gritos se misturavam em minha mente, me perseguindo.
Não sei como acabei dormindo. Naquela noite, tive um pesadelo horrível. Sonhei com o sequestro novamente, só que desta vez, as coisas eram ainda piores. Acordei suando frio, com a respiração acelerada. O pesadelo me deixou ainda mais agitada e ansiosa.
💭 Não, isso não pode voltar acontecer novamente.
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Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...