🖍️ Onde começa

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Roberta Antunes

A claridade que se infiltrava pelas frestas da cortina me forçou a abrir os olhos. A visão embaçada se ajustou lentamente, revelando um quarto elegante e desconhecido. O coração disparou no peito. Onde estava? Uma onda de pânico me invadiu. Levei as mãos ao rosto e tentei me lembrar de como havia chegado até ali.

Abro um olho, percebo que estou no quarto de hóspedes da mansão Ribas. Agito minhas pernas na cama. As imagens da noite anterior vieram à tona, fragmentadas e confusas. A crise de pânico no restaurante, o encontro com Hugo, a viagem com Diego... E agora, aqui estava, em um quarto de hóspedes da mansão Ribas.

A lembrança de ter dormido no carro durante a viagem pareceu tão absurda que me fez rir de nervoso. É claro que não poderia ter dormido durante todo aquele tempo! Diego com certeza me trouxe para cá. A vergonha me consumia. Como pode ser tão descuidada? Pego o traseiro e coloco no meu rosto. Falo alto.

- Roberta Antunes, tome vergonha na sua cara!

A maçaneta da porta se mexeu levemente. Meu corpo tenciona. Diego. Ele estava prestes a entrar. Fingindo estar profundamente adormecida, fechei os olhos com força e tentei regular minha respiração. Ouvi seus passos se aproximando da cama e, em seguida, a porta se abriu um pouco. Um raio de sol iluminou seu rosto, revelando uma expressão de preocupação.

- Roberta? Sua voz era suave, cheia de cuidado. Está tudo bem?

Não respondi. Continuei fingindo dormir, com a cabeça afundada no travesseiro. A voz de Diego ecoou pelo quarto, quebrando o silêncio que havia se instalado.

- Roberta? Está tudo bem? Pode abrir os olhos.

💭 Como sabe que estou fingindo, caramba!

Senti minhas bochechas queimarem de vergonha. Como eu poderia ter sido tão infantil? Mas a vergonha era maior do que a vontade de me levantar.

Com um suspiro, abri lentamente os olhos. A figura de Diego se materializou diante de mim, acompanhado por uma mulher elegante e de sorriso gentil.

- Roberta, esta é a doutora Claudete, nossa psicóloga de família. Ela está aqui para conversar com você.

Meu coração acelerou. Uma psicóloga? Eu não estava preparada para isso. Tentei sorrir, mas a tentativa foi fracassada. A doutora Claudete se aproximou da cama e se sentou em uma poltrona ao meu lado.

- É um prazer te conhecer, Roberta. Diego me contou um pouco sobre o que está acontecendo contigo.

Começamos a conversar, e para minha surpresa, me senti à vontade. Ela era atenciosa e compreensiva, e me fez sentir segura para compartilhar meus medos.

Recebi alta da minha psicóloga há um ano, conheço muito bem as minhas crises de medo e sei a causa delas. Expliquei, sentindo uma leve sensação de alívio ao falar sobre o assunto.

A doutora Claudete concordou com a minha afirmação e sugeriu que ligasse para minha psicóloga. Com a permissão dela, disquei o número. A conversa foi reconfortante e ajudou na compreensão do meu caso. Ela me lembrou de todas as ferramentas que havia aprendido para lidar com as crises e me encorajou a continuar buscando ajuda.

Perdemos a noção do tempo enquanto conversávamos. Quando finalmente olhei para o relógio, percebi que já haviam se passado horas. A doutora Claudete se despediu de mim com um sorriso gentil.

- Foi um prazer te conhecer, Roberta. Conte comigo para o que precisar.

Fechei a porta do quarto, sentindo uma sensação de paz que há muito não sentia. A presença da doutora Claudete havia feito enxergar a situação sob uma nova perspectiva. Não estava sozinha nessa luta.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora