🎈 Momento feliz

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Roberta Antunes 

As cólicas pulsavam como um tambor dentro de mim, mas a alegria de preparar um lanche para as crianças e o de quebra para pai deles também. Misturei os ingredientes da torta de liquidificador com a maestria de quem já fez isso mil vezes. Frango desfiado, suco de laranja, um toque de maracujá, morangos picados e kiwi para dar um toque especial. A casa se encheu com o aroma delicioso da massa assando.

💭 Acessório da Barbie, com certeza não come carboidrato a noite. Vai sobrar mais.

Quarenta minutos depois, carregando a bandeja com a torta ainda fumegante, o suco de laranja e a fruta picada, entrei no quarto. Diego brincava com as crianças no chão, espalhando alegria por todos os cantos. Caio e Elie, meus pequenos furacões, se levantaram e vieram correndo me abraçar.

💭 Pelo menos é um bom pai. Esse metrossexual.

- Betinha, que cheiro bom! exclamou Caio, cheirando a torta.

- É para a gente? perguntou Elie, com os olhos brilhando.

- Claro que é, meus amores! respondi, sorrindo. E que tal fazermos um piquenique aqui mesmo no quarto? Preparei tudo, tento certeza que eles iriam adorar.

Estiquei o pano xadrez no carpete e, em poucos minutos, tínhamos um piquenique improvisado. Caio e Elie deram as mãos e fizeram uma roda. Olhei para Diego, que me observava com um sorriso gentil. Sem pensar duas vezes, estendi a mão e entrelacei meus dedos nos dele.

💭 Mãos lisas de quem nunca pegou no cabo de enxada.

- Senhor Ribas, talvez a torta não esteja na sua dieta, mas tem suco e frutas. Ele me olha. Com certeza entendeu o recado.

- Estamos em um momento especial, com certeza irei comer. Ele sorri gentilmente.

💭 Tomara que engasgue na sua própria petulância.

Comemos a torta, o suco e a fruta, conversando e rindo. A cada garfada, a dor nas minhas costas diminuía um pouco, afogada pela felicidade de ver as crianças tão felizes. Depois do lanche, Caio e Elie pediram para jogar no tablet, mas eu tinha outra ideia.

- Que tal jogarmos um jogo de varetas? sugere, tirando o jogo da caixa. Diego sorriu concordando.

Expliquei as regras e a competição começou. Caio e Elie se empolgaram, torcendo um pelo outro. Diego e eu nos divertimos muito, observando as crianças e participando da brincadeira. Levei as crianças para escovar os dentes e se preparem para dormirem. Senhor Ribas acompanhou e ajudou a colocar as crianças para dormirem. Fiquei sentada ao lado de Elie, Diego ao de Caio. Diminuí as luzes e ficamos ai, até que as crianças pediram para continuar a história do Cavalo Selvagem e o Caracol.

- Ok. Então vamos lá. Quero que usem a imaginação.

- Tudo bem, Betinha. Papai, preste atenção! Elie mandou.

- Estou atento, minha querida. Ele sorri.

Começo a continuação da história do "Cavalo Selvagem e o caracol".

"O cavalo observou que o caracol era muito lento, então resolveu colocá-lo sobre seu lombo, mas ficou nervoso porque era muito molhado. O caracol explicou que era um molusco que nasceu assim, como ele que era Equus (equino) onde todo seu corpo era coberto de pêlos. Enquanto estão caminhando, o Cavalo percebeu que estavam andando reto, e que não tinham visto mapa com o caracol. 

Ele respondeu que o senhor gavião que tinha uma visão panorâmica de todo vale, o orientou a segui em linha reta, sem virar para esquerda ou direita. Cavalo gritou: 

- Você é muito burro, como pode seguir somente em linha reta, sem nenhuma referência. O caracol respondeu. 

- Eu não tenho olhos, por isso o senhor gavião mandou ir reto. Ele disse que iria encontrar três obstáculos: grande abismo, as pedras escorregadias e parede rochosa. Está vendo alguma coisa? O cavalo nervoso respondeu de maneira grossa.

- Então agora além de gosmento, mole, lento e cego? Onde fui me enfiar.


Mas eu escuto muito bem, você vai ver. Irritado o cavalo começou a cavalgar de maneira veloz sem se importar com nada e ninguém. Ele deixava um rastro de poeira, enquanto suas patas batia no chão.

O primeiro desafio está bem a sua frente, um abismo separando os dois lados. Não tinha ponte e nada. O caracol pediu para Cavalo descrever o que tinha em sua volta. 

- Uma enorme árvore e muitas plantas. Somente isso, Caracol.

- Você precisa derrubar a árvore para formar uma ponte.

- Não tenho força para isso. O cavalo afirmou.

Caracol disse afirmando que desconhecia um cavalo fraco. Seu coice tinha a força de uma tonelada.

- Será que sou forte? Caracol responde.

- Com certeza, vamos lá. 

Caracol desceu do seu lombo do cavalo. O mesmo se aproximou e começou a dar chute no tronco da árvore, mas árvore não se movia, mas caracol incentiva o cavalo: você é forte! Consegue derrubar. O cavalo se encheu de coragem e batia com mais força, até que grande barulho se fez. Pum! Finalmente caiu, levantou poeira. O primeiro obstáculo tinha sido superado. Eles estavam muito feliz atravessando o abismo. Juntos resolveram descansar, pois ainda tinham mais dois obstáculos para vencer, precisavam comer, beber água e dormir para levantar mais forte."

Olhei observei, Elie dormindo profundamente, coloquei as mãos na testa sente a temperatura baixa. Caio também como sempre todo desajeitado dormiu, mas para minha surpresa, vejo Diego encostado dormindo. Ajeito Caio e coloco as mãos no ombros do senhor Ribas. Com instinto de defesa coloca suas mãos em cima da minha e me olho com aqueles olhos azuis.

- Desculpa, senhor! Acabou cochilando. É melhor se deitar. Ele tenta se levantar, mas desequilibra estendo minha mão. Ele segura e o ajudo. Saímos juntos do quarto. 

💭 Hahahaha, malha tanto para ter estética e esquece de ter equilíbrio, coitado.

- Boa noite, Roberta. Responde

- Boa noite, Senhor Ribas.

Caminhamos no corredor em direções opostas, eu para a cozinha organizar a bagunça que fez, e ele para seu quarto. Naquele dia, a torta não foi apenas um alimento, mas um símbolo da afetividade que estávamos construindo. A dor das cólicas se transformou em uma sensação de leveza e gratidão. Percebi que, mesmo com todas as dificuldades, a vida sempre nos reserva momentos de pura felicidade.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora