🎙️ Encontro de amigas

136 15 0
                                    

Roberta Antunes

Tempos atuais...

Estou com Greice e Luana no elevador indo para nosso encontro com Mia e Milena. Saímos no corredor do edifício, onde Hugo mora, pois Milena mora e trabalha em Bauru, onde divide apartamento com Mia, ambas são advogados. Todas nós nos conhecemos na escola, assim nasceu essa amizade. Bato na porta, quando sou recebida pelo sorriso de Mia.

- Aiiii, nossas amigas chegaram. Vem me dar um abraço. Nós nos abraçamos.

- Até que fim, largaram os tribunais de Bauru e vieram ver as amigas. Digo. Cadê aquela ingrata. Ela surge da cozinha, colocando a mesa para o almoço.

Caminho ao seu encontro, lhe dou um abraço forte. Milena nunca se afastou de mim, mesmo quando seu irmão me rejeitou.

- Amo esse abraço. O homem que se casar contigo, Roberta, vai ser extremamente feliz em se aconchegar nos seus braços. É muito gostoso. Seus alunos devem amar.

- Como sempre digo, sombra no verão e aconchego no inferno, se case com Roberta Antunes. Saudades amiga. Ela nos leva para sentar na mesa na área externa do apartamento.

- Os alunos dela amavam o abraço dela, agora estão chorando querendo a professora Betinha. Greice diz.

- Foi bom tocar nesse assunto. Como te despediram. Mia pergunta enquanto coloca a salada na mesa.

- Antes de sabermos da história, olhem o que preparei para nossa encontro . Chinelo pantufa do Backstreet Boys.

- Ahhhhhhh, gritamos juntas.

- Nossa amiga, é muito lindo. Vamos colocar agora. Digo tirando o tênis.

Mais uma coisa comum entre as amigas e a banda boy bands Backstreet Boys, amamos as músicas, infelizmente nunca conseguimos ir ao show deles, mas nos divertimos neste encontros cantando e fazendo a coreografia.

A tarde de sábado estava sendo maravilhoso. Era o dia do nosso encontro, na casa da Milena, um ritual que nos conectava desde os tempos da escola. Eu, Milena, Luana, Mia e Greice, unidas pela paixão pelos Backstreet Boys e pela amizade que só o tempo fortalece.

Entre risadas, lembranças da época da escola e fofocas da vida adulta, devoramos o almoço. E agora estamos bebendo um bom vinho tinto, na realidade estou com uma única taça.

- Betinha, vai ficar enrolando nessa taça de vinho. Mia cutuca.

- Miazinha, não sou de beber, então estou bem com uma única taça, vou "bicando" devagarinho. Sorrio.

-Mia, esquece! Ela e Luana são as puritanas do grupo. Milena retruca, Greice grita.

- Eu também, sou bastante quietinha! Mia e Milena caem na gargalhada.

- Você come pelas beiradas, fingindo de Santa, mas pega fogo. Greice fica emburrada.

- Deixa a menina. Não tem problema nenhum em ser puritana. Luana responde, bato na sua mão.

- O dia fluía em um ritmo leve e descontraído, até que Mia, sempre a mais justiceira do grupo, decidiu mudar o rumo da conversa.

- E aí, Roberta, me conta sobre essa demissão da creche. Aposto que tem mais história por trás do áudio que você gravou no grupo. Com um suspiro profundo, decidi abrir o meu coração e contar tudo o que se passava na creche.

- A minha relação com a coordenadora pedagógica, a Sra. Rose, se transformou sempre tensa, porque acreditava que eu iria tomar o lugar dela, pois o grupo de professoras sempre recorria a mim em vez dela,por isso era repleta de desconfianças e microagressões, principalmente sobre meu peso. Mas nos últimos meses, a situação havia se tornado insuportável. Continuo o relato.

- A Sra. Rose, vulgo vaca de butique, me acusou falsamente de ter copiado o relatório da internet, de falta de profissionalismo com relação a visita da escola sede a creche e até mesmo estou liberando o grupo contra ela. Ela inventou todas essas mentiras para gestão da creche, minando minha reputação e me deixando completamente desmoralizada, mas tenho o meu trabalho com as crianças que não deixava a desejar.

- Eles estão chorando até hoje, já faz três meses, eles não aceitam a nova professora, a turma regrediu. Alguns pais estão pedindo a volta dela, porque teve criança que ficou doente com a saída dela. Greice afirma.

Mia, indignada com a injustiça, sugeriu que movesse um processo contra a creche e a coordenadora. Ela me garantiu que, com as provas que eu tinha em mãos, a vitória seria certa.

Apesar da raiva e da mágoa, recusei a ideia de um processo. Não queria me envolver em mais brigas e confusões. Acredito que a justiça será feita pela vida, que o tempo revelará a verdadeira face da Sra. Rose receberá o que merece.

Minhas amigas, compreensivas e solidárias, respeitaram minha decisão. Elas me ofereceram apoio emocional e me garantiram que estariam ao meu lado, sempre que precisasse. Milena coloca a música " Everyboy" na sua smart tv de 98 polegadas. Somos para sala, arrastamos as mesas, ali transformamos em nosso palco. Em passos sincronizados e com a coreografia gravada na mente, dançamos juntas durante algum tempo.

A tarde continuou com conversas mais leves, músicas dos Backstreet Boys e muitas risadas. Apesar do clima inicial ter ficado pesado por causa da minha demissão. A noite estava chegando, neste momento estamos comendo alguns quitutes, Milena resolve falar:

- Eu não quis dar opinião sobre sua demissão, porque sabia que não iria querer resolver na justiça, mas Mia tem razão. E sua mãe? Ela pergunta.

- Falando, xingando e cobrando como sempre. Consegui algumas entrevistas, mas nada, minha recisão e FGTS estão guardados, estou vivendo com auxílio desemprego, falta duas parcelas. Tenho ajudado meu pai no sacolão e meu irmão no escritório de contabilidade que ele está começando, mas infelizmente nada é bom para ela.

- Então, você é formada em pedagogia, e terminou a pós em psicopedagogia? Milena pergunta.

- Sim. Você está me interrogando. Retruco.

- Minha chefe, precisa de uma profissional com sua formação para ser babá dos sobrinhos dela. Eles têm 6 anos e têm alguns problemas de comportamento e emocional. Indiquei você. Estou surpresa, Milena não costuma indicar ninguém para emprego, ela teve problemas com Hugo, então adotou essa postura.

- Nossa, fico lisonjeada, mas com certeza precisa morar em Bauru. Digo afirmando.

-;Sim. O salário é ótimo, plano de saúde e você vai morar na residência deles. Betinha, e a sua chance. Ela é a única que sabe que desejo fazer mestrado fora do país. Ela sorri.

- O problema é a doença da minha mãe, quem vai ajudá-la? Digo, rapidamente Luana retruca.

- Meu marido e a Vera, ela tem outros filhos. Você precisa dividir o fardo. Ela me encara.

-;Não sei. É uma mudança radical. Posso pensar?

- Até amanhã a tarde. Se aceitar vamos juntas para Bauru, tenho certeza que ela vai te contratar. Com a salário pode pagar alguém para ajudar sua mãe, a família valoriza bastante seus colaboradores. Mia fala.

- Os Ribas? Minha querida, todos querem trabalhar lá, pois são bem remunerados e têm tratamento humanizado. Mia falando é verdade, não costuma defender empregador, palavras dela.

- Beleza. Vou pensar. Abro o sorriso.

A noite chegou e o encontro terminou em clima de amizade e união. Sentimos que, mais uma vez, o nosso laço fraternal havia se fortalecido.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora