Ao chegar na mansão, Roberta carregava suas malas com a cabeça erguida, apesar da tristeza. Verônica, Úrsula e Mia tentaram distraí-la, mas ela preferiu ir direto para o quarto.
Senti uma raiva imensa ao pensar em tudo o que Roberta havia passado. Como as pessoas podiam ser tão cruéis? Como podiam julgar nosso amor daquela forma? Fui para o escritório, precisava desabafar. Ruan e Valentino me encontraram lá, preocupados.
- Cara, o que aconteceu? Você está uma fera!
- É tudo culpa deles! Como podem diminuir o valor da mulher que eu amo só porque ela é negra? É um absurdo! Dei um soco na parede.Ruan colocou a mão em meu ombro.
- Calma, cara. Eu sei que está difícil, mas não se deixe abater. Valentino concordou.
- No começo é sempre assim, mas com o tempo as coisas vão se ajeitando.
Sabia que eles estavam certos, mas a dor era grande demais. A injustiça me consumia por dentro.
Horas depois…
Estou preso no escritório da mansão já faz horas, minha mente está em um labirinto sem fim. Sentado à mesa do escritório, tentava me concentrar nos documentos, mas meus pensamentos insistia em voltar para Roberta. A imagem de sua tristeza, a fragilidade que a situação a impunha, me corroía por dentro. Ruan e Valentino, percebendo meu estado, haviam me deixado sozinho, respeitando meu espaço.
Horas se passaram, e a noite já havia caído quando finalmente consegui dormir na cadeira do escritório. O despertar foi amargo, acompanhado pela sensação de impotência.
Servi uma dose de whisky, mas a bebida, que antes me acalmava, agora me deixava mais inquieto, não conseguia engolir. As crianças haviam chegado, mas não tinha ânimo para vê-las.
A culpa me consumia. Se não fosse por mim, Roberta não estaria passando por tudo isso. A rejeição de sua família, os olhares julgadores da sociedade... tudo por causa do nosso amor. Retornei a mesa, liguei notebook. Tinha uma audiência bastante complexa e reuniões com cliente. Tentando adiantar o trabalho, começo a ler documentos, mas a frase da mãe de Roberta latejava na minha cabeça.
“Você está usando minha filha! Ela é muito ingênua, não percebe que só quer brincar com ela.”
Essa mulher mudou toda minha vida em apenas seis meses. Tudo foi influenciado por seu amor, determinação e sua luz, mas será que também modifiquei alguma coisa na vida dela? Ou só lhe trouxe problemas? Esse é labirinto que meus pensamentos percorre, não encontrando resposta ou solução.
A porta se abriu e Roberta entrou, usando uma camisola de seda e com os cabelos presos em um coque. Seus olhos brilhavam sob a luz fraca do ambiente. Ela caminha até a mim, senta no meu colo. Acaricia meu rosto.
- Por que está aqui trancado, como um ermitão? Nem viu as crianças chegarem. Ela me olha nos olhos.
- Estou pensando em tudo o que está acontecendo, Roberta. Se não fosse por mim… ela não deixa concluir a fala.
- Não diga isso, Diego. Eu sempre passei por isso. As pessoas acham que por ser negra e gorda, só mereço as migalhas de amor. Mas você e as crianças me deram tudo o que sempre quis. É por isso que me apaixonei por vocês. E é por isso que preciso dar tudo de mim para vocês.
- Mas talvez…sua mãe tenha… ela beija com intensidade. Quando solta meus lábios, ela me encara.
- Meus problemas com minha mãe não são de agora. Todos meus relacionamentos anteriores nunca agradaram ela, na realidade nada é bom o suficiente para D. Márcia. Não sei o que ela disse a você mais cedo, desconsidera. Agora se você não me quer mais, podemos terminar. Aperto em meus braços.
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Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...