Diego Ribas
A adrenalina ainda pulsava em minhas veias. O que havia acontecido minutos antes era inaceitável. Como pude ser tão insensível? Tentei abrir a porta do quarto de Roberta, mas estava trancada. Bati com mais força, chamando por seu nome.
- Não é nada contigo, meu amor.
Nenhuma resposta. A cada batida, meu coração se partia um pouco mais. Precisava explicar, precisava que entendesse. Aquele gatilho, aquele trauma... como pude ser tão cruel?
- Roberta, eu te amo! Não quero te perder por causa da minha estupidez!
O silêncio era ensurdecedor. Sentei-me no chão, encostado à porta. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, quentes e amargas. Eu a havia machucado profundamente, despertando inseguranças com seu corpo.
Lembro-me do momento em que ela se desculpou, pensando que havia me machucado, quando a tirei daquela forma de cima de mim. A reação dela foi tão intensa, tão inesperada. Naquele momento, tudo o que consegui pensar foi em Brigitte, a maneira que ela usava daquela posição para me diminuir e para subjulgar.
Aquela mulher conseguiu mexer com meu presente, onde me lembrar da maneira como como ela reagia a nossa intimidade acionou gatilho de dor em mim e na mulher que amo. A comparação era injusta, cruel. Roberta era única, especial.
Naquele momento, percebi o quanto a havia ferido. Ela pensou queestava falando sobre o peso dela, sobre o meu descontentamento com o seu corpo. A culpa me consumia.
Ouvi um soluço vindo do outro lado da porta. Meu coração se apertou. Ela estava chorando. Levantei-me e continuei batendo, mais suave agora.
- Roberta, por favor, abre a porta. Preciso te dizer que te amo, que me arrependo do que disse. Não quero que pense que não te amo.
Mais soluços. O som da sua dor ecoava em meu peito. Sentei-me novamente no chão, abraçando meus joelhos. Eu a havia machucado, e a dor era insuportável. Digo para mim mesmo.
- Maldita, Brigitte!
Nunca me senti tão sozinho. A pessoa que mais amava estava do outro lado da porta, sofrendo por minha causa. E eu, aqui, impotente, arrependido e cheio de culpa.
A noite se arrastava, e continuava ali, sentado no chão, esperando por uma chance de me redimir. Finalmente não escutei mais sons vindo do quarto. Retornei para meu quarto arrasado.
A noite se arrastava, e a solidão do meu quarto era opressora. Rolei na cama, tentando encontrar o sono, mas os pensamentos insistiam em me atormentar. Revivia cada momento do dia: o almoço em família, os sorrisos das crianças, o olhar apaixonado de Roberta... E, no fim, a minha estupidez em ferir a mulher que amava.
Tentei me concentrar em algo positivo, mas a imagem de Roberta com os olhos marejados não saía da minha cabeça. Como pude ser tão insensível? Como pude machucar a pessoa que mais amo?
Sem perceber, o sono me venceu. Acordei com a claridade do sol invadindo o quarto. Levantei-me e fui direto para o banheiro. Sob a água quente, tentei organizar meus pensamentos, mas era em vão. Roberta estava em meus pensamentos o tempo todo.
Terminei o banho e me vesti rapidamente. Ao pegar minha pasta, ouvi as vozes das crianças. Saí do quarto e as encontrei com Roberta. Ela desviou o olhar, mas os meninos correram para me abraçar.
- Pai, a mamãe está triste, Caio me disse, com a voz embargada.
- É, papai. Você brigou com mamãe, completou Elie.
- Fez algo errado, meus amores. Vou consertar isso.
Roberta caminhou em direção às escadas. Segurei sua mão.
- Precisamos conversar. Ela parou, mas não me olhou nos olhos.
- Agora não, Diego. Preciso de um tempo. Responde imediatamente para não perder oportunidade de reforçar que não era com ela.
- Àquilo que disse não era com relação a você, mas sim, comigo mesmo. Preciso que me perdoe, meu amor! Ela suspirou e continuou descendo as escadas. Ela apenas disse:
- Caio e Elie vão comigo para o trabalho.
Assenti com a cabeça, sentindo um aperto no peito. As crianças me olharam com pena e seguiram a mãe.
Sentei-me à mesa e tomei meu café, mas a comida não tinha gosto. A casa, que antes era um refúgio, agora parecia fria. Alguns minutos depois, Roberta voltou, carregando uma bolsa e uma caixa de brinquedos.
- Vamos crianças, está na hora. Ela os chamou.
Assenti novamente, sem palavras. Ela se despediu e saiu com as crianças, deixando-me sozinho à mesa. O doce do café não apagarva o amargo da minha boca.
Levantei-me e caminhei até a garagem. Eduardo e Breno me aguardavam, entrei no carro com pensamentos em toda situação. A jornada que me esperava seria longa e difícil, mas estava determinado em restabelecer a confiança com Roberta. Afinal, ela era a razão da minha felicidade, e não podia perdê-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...