Roberta Antunes
A quadra da escola de samba pulsava com a energia do pós-desfile. O churrasco fumegante exalava aromas irresistíveis, a cerveja gelada escorria pelos copos e o som do samba embalava a noite. Entre a multidão, me destacava, não pela minha fantasia exuberante, mas pela presença incansável de Diego. Ele me seguia como uma sombra, os olhos fixos em mim.
Com a calça jeans detonada justíssima, o cropped que realçava meus seios e os cachos balançando ao ritmo da música, me sentia livre, linda e sensual. A cada passo que dava, Diego me acompanhava, como um cão de guarda zeloso.
- Diego, me dá espaço. Digo para provocar.
- Não senhora, vou ficar na sua cola. Aqui está cheio de urubu. Responde rindo.
- Eu gosto somente da minha coruja! Beijei sua bochecha.
💭 Meu acessório está vermelho de ciúme.
Propositalmente, comecei a sambar de forma mais provocante, sentindo seu olhar queimando em minhas costas. A cada movimento, a cada sorriso, eu o provocava, testando seus limites. Ele, por sua vez, se mantinha impassível, mas seus olhos transmitiam uma mistura de desejo, ciúmes e raiva.
Após uma dança sensual e provocante, nos entregamos a um beijo intenso no meio da quadra. Aquele beijo era carregado de todas as emoções que estávamos sentindo: paixão, ciúme, desejo e insegurança.
Quando nos separamos, a multidão nos olhava. Senti um misto de vergonha e orgulho. Vergonha por ter me exposto daquela forma, mas orgulho por ter conseguido provocar uma reação tão intensa em Diego.
💭 Ele me ama. E notório.
Decidimos deixar a quadra e buscar um pouco de paz. Caminhamos até a pracinha perto da casa dos meus pais. Era um lugar que conhecia desde criança, e queria mostrá-lo a Diego.
- Vem meu amor, esse é o lugar onde costumava brincar quando era pequena , disse, apontando para o balanço do parquinho. Diego me olhou com ternura.
- Você era uma criança feliz, com certeza! Ele segurava minha mão.
- Era, respondi, sorrindo. Mas também era muito travessa. Ele sorriu.
- Continua, olha o que me aprontou hoje. Ele segura minha cintura.
- Ficou com ciúmes, advogado? Perguntei, enquanto ele cheirava meu pescoço.
- Morrendo. Sei que não devo, mas fiquei louco de ciúmes. Ele me beija intensamente. Depois de soltar meus lábios.
-
Eu amo somente você, coruja! Caminhávamos pela praça de mãos dadas.Compramos dois sorvetes e nos sentamos em um banco da praça. O céu estrelado era o cenário perfeito para aquela conversa íntima. Enquanto saboreávamos o sorvete, falamos sobre nossos sonhos, nossos medos e nossos desejos.
- Gostou de ser passista? Diego me questionou.
- Agora entendo, porque Vera gostava tanto de desfilar. E contagiante! Mas não para mim, eu e o salto não combinamos, ainda mais sambando. Foi tortura para meus pés. Diego riu.
- Bem feito, isso é por ter escondido de mim! Beijei sua bochecha.
Aquela noite, sob a luz das estrelas, percebi que, apesar de todas as nossas brigas e desentendimentos, Diego e eu éramos inseparáveis.
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Meu amor de giz
RomansaRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...