🥊E difícil pra mim

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Diego Ribas 

O silêncio era ensurdecedor. A casa, que antes vibrava com a alegria das crianças, agora parecia um mausoléu. Roberta estava deitada na cama, envolvida em um casulo de tristeza. As palavras de sua mãe ecoavam em seus ouvidos como um mantra maligno. Aquele julgamento cruel havia a ferido profundamente, abrindo feridas que ela achava estarem cicatrizadas.

As crianças chegaram da escola, cheias de energia, mas nada conseguia tirar Roberta daquela letargia. Elas se deitaram ao lado dela, a abraçando e tentando animá-la, mas seus esforços eram em vão.

Vendo a aflição da minha narizinho, decidi preparar o jantar e servir no quarto. Colocou uma bandeja na cama e convidei as crianças para comerem junto com a mãe. Roberta tentou sorrir para os filhos, mas a tristeza em seus olhos era evidente. Forçou-se a comer alguns pedaços, mas logo voltou para a cama e se cobriu até a cabeça.

Com meu coração partido,  coloquei as crianças para dormir. Quando finalmente consegui que elas pegassem no sono, voltei para o quarto. Roberta estava deitada de lado, imóvel. Seu corpo estava frio e distante, como se estivesse em outro mundo. Aproximou-se dela e a beijou na testa.

- Tudo vai ficar bem, meu amor, sussurrei em seu ouvido. Nós vamos superar isso juntos. O mundo pode não acreditar em nós, mas eu acredito em você.

Minhas palavras ecoaram em seus ouvidos, mas Roberta mal as ouviu. Estava cansada de lutar, cansada de provar seu valor. Aquele dia havia sido o mais difícil de sua vida.

Deitou-me ao seu lado e a abracei com força. Senti seu corpo tremer levemente, como se estivesse prestes a desabar em lágrimas. Segurou-a em meus braços, prometendo que estaria sempre ao seu lado, não importa o que acontecesse.

Naquele momento, tomei uma decisão. Peguei o celular na cômodo de cabeceira e liguei para minha terapeuta e agendei uma sessão para Roberta. Sabia que ela precisava de ajuda profissional para lidar com toda aquela dor e sofrimento.

Embora a noite tenha sido longa e dolorosa, sabia que a esperança ainda existia. Eu faria de tudo para que Roberta encontrasse a felicidade que merecia.

15 dias depois…

Quinze dias se passaram desde aquele encontro desastroso com a minha sogra. Roberta iniciou a terapia com a psicóloga que acompanha as crianças e a mim. A profissional é atenciosa e experiente, e acredito que a ajuda dela será fundamental para a recuperação da Roberta.


Tenho tentado demonstrar todo o meu amor e apoio à ela, mas sinto que ela está distante e fria. Sei que as palavras da mãe dela a feriram profundamente e que a confiança dela em mim foi abalada. No entanto, não perco a esperança de que com o tempo e o tratamento adequado, ela conseguirá superar essa fase.

Neste momento, estou sentado do lado de fora do consultório da psicóloga, resolvendo algumas pendências do trabalho. Recebi uma ligação do Ruan, para discutir um caso importante que teremos amanhã. Infelizmente, não consegui trocar com ele e serei o advogado principal.

Após revisarmos toda a estratégia, Ruan perguntou como a Roberta estava. Respondi que ela está fazendo terapia, mas que ainda está muito distante de mim. Ele me pediu para ter paciência, dizendo que a Roberta é como um pássaro ferido que precisa de tempo para se curar. Confesso que sento saudades da Roberta audaciosa e sincera, aquela que me conquistou com sua alegria e espontaneidade. Agora, ela parece mais um pássaro machucado, com medo de voar.


Ao terminar a ligação, olhei para trás e vi Roberta me observando parada na porta do consultório. Senti um frio na barriga. Por algum motivo, fiquei sem jeito. Será que ela ouviu a nossa conversa? Será que se sentiu mais magoada ainda?


Ao voltarmos para casa, Roberta foi direto para seu quarto e pediu para ficar sozinha. Respeitei o seu espaço, mas não consegui tirar da cabeça a ideia de que ela havia escutado a nossa conversa. A sensação de impotência me consome por dentro. Quero tanto ajudá-la, mas não sei como fazer.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora