Caio, finalmente livre da febre, corria pela casa como um raio de sol. A alegria de vê-lo saudável me encheu o coração de paz. Terminamos o almoço e estávamos relaxando no jardim quando o som de um helicóptero cortando o céu nos surpreendeu.
- Olha, Roberta! É nosso helicóptero! Caio exclamou, seus olhos brilhando de entusiasmo.
Naquele momento, lembrei-me do compromisso que tinha com D.Úrsula. Ela veio me buscar para irmos para São Paulo. A ideia de voar em um helicóptero deixava um pouco apreensiva, mas a animação de Caio me contagiou.
Pouco tempo depois, Úrsula chegou, elegante e pronta para a viagem. Ao ver o helicóptero, Caio ficou ainda mais empolgado.- Tia Úrsula, posso ir voar com você? ele perguntou, os olhos cheios de esperança.
- Claro, meu amor! Mas antes, vamos nos arrumar para ir até a capital. Não esqueceu, né Roberta.
- Mas já me lembrei, vou arrumá-lo. Ele está com virose, não podemos demorar. Ela sorri.
- Finalmente eles encontraram a mãe que tanto queriam. Estou aguardando aqui. Fico sem graça que não tenho resposta.
Subimos para o quarto e nos preparamos rapidamente. Ao entrar no helicóptero, senti um frio na barriga. A altura me deixava um pouco nervosa, mas a mão pequena de Caio entrelaçada à minha me transmitiu uma sensação de segurança.
- Não se preocupe, mamãe. Eu vou te proteger! disse, com um sorriso confiante.
💭 A cada dia isso está se tornando mais difícil negar e resistir a palavra, mamãe.
Durante o voo, admirei a paisagem lá de cima. As cidades pareciam pequenas maquetes e nuvens, como algodão doce. Depois de uma hora, o helicóptero pousou no heliponto da sede da advocacia Ribas, em São Paulo.
Descemos por um elevador particular e fomos até o estacionamento. Dois carros nos aguardavam, com seguranças discretos. Seguimos viagem até a ONG de advogados voluntários, no bairro onde eu nasci. A sensação de estar de volta às minhas raízes era indescritível.
Durante o percurso, fico pensando dos ônibus lotados, a dificuldade para chegar ao trabalho, minhas roupas de magazine, bolsas falsas, tênis de segunda linha... Caio e Úrsula estão vestidos com roupas de grife e de alto valor. Helicóptero como meio de transporte, carro blindado e segurança.
💭 Vida é realmente um mundo de diferenças, para mim os Ribas e conto de fadas.
A ONG Esperança era um oásis em meio ao caos da cidade. A casa antiga, pintada de um amarelo vibrante, emanava uma energia acolhedora. Ao entrar, fui recebida por um mar de sorrisos e cumprimentos calorosos. Aquele lugar era especial, e podia sentir isso em cada canto.
Procurei por Samuel Sabatino, o fundador da ONG. Tinha falado muito sobre ele, e agora, finalmente, D. Úrsula conheceria pessoalmente. Ao chegar à sua sala, bati levemente na porta e entrei. Samuel me recebeu com um sorriso largo e um abraço caloroso.
- Roberta! Que prazer te receber aqui! Já faz tempo que não te vejo por essas bandas. A última vez foi no dia que me rejeitou depois do encontro que nossas mães marcaram, se lembra? Começo a rir.
- Olha, me dá um desconto. Tinha pouco tempo que tinha levado um pé no bumbum, então não queria namorar. Você estava todo assanhado.
- Lógico, finalmente saindo com a grande filha da passista Márcia do tantã, queria entrar para família.
Conversamos por alguns minutos sobre nossas vidas e sobre a ONG. Ele me contou como havia decidido largar tudo para se dedicar a essa causa, como tinha sido difícil no início, mas como a recompensa era imensa.
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Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...