🍬 Tentando ajudar

69 15 1
                                    

Mia de Assis

Acordo no domingo com um nó no estômago. A preocupação com a Roberta me consome. Como convencer minha melhor amiga de que ela está se jogando em um abismo? O Diego é um homem que Milena estava transando a um tempo atrás, pai de família, e a Roberta, apesar de toda sua força, está vulnerável a essa paixão. Ela sempre desejou ter uma família, então tudo que ele tem o pacote completo para Betinha. E para piorar, a Milena está perdidamente apaixonada pelo peguete, está curtindo uma fossa terrível porque acabou a transa deles.

Após o café da manhã, caminho em direção à casa da Roberta. Quero conversar, tentar fazê-la enxergar a realidade. Mas, ao virar a esquina da avenida principal do Jardim Leblon, a encontro em uma joalheria. Sinto meu coração acelerar. O que ela está fazendo ali?

Aproximei-me cautelosamente e ouço a conversa dela com o ourives Joaquim, amigo de longa data Roberta está encomendando duas pulseirinhas infantis e um colar com um pingente de coração, com os nomes de Caio e Elie. A raiva me consome. Aquelas crianças não são dela!

Quando ela se vira para sair da loja, nossos olhares se cruzam. Ela parece surpresa, mas não demora a se recompor.

- Mia? O que está fazendo aqui? Ela me encara.

- O que está fazendo aqui, Roberta? pergunto, minha voz carregada de indignação.

- Só comprando alguns presentes. Ela caminha pela calçada.

- Presentes? Para quem? Indago.

- Para o Caio e a Elie. É o aniversário deles semana que vem.

- Roberta, você enlouqueceu? Aquelas crianças não são seus filhos! Ela se aproxima, a expressão séria.

- Agora são, Mia! Conheço aquele olhar.

- Não seja boba! Você não pode continuar assim, se envolvendo com o Diego. Ele não pode ser para ti!

- Você que não parece ser minha amiga, eu o amo, Mia. E ele me ama.

- Você está cega! O Diego não te ama de verdade. Ele está apenas brincando com seus sentimentos. Aquele burguesinho!

- Para de falar assim dele! ela me interrompe, a voz alta. Eu estou perdidamente apaixonada e vou viver essa paixão com todo o meu coração, contra tudo e contra todos! Não espero menos de você, essa militância dos infernos. Ela para na praça.

- É um burguesinho de merda, agora resolveu palmitar também? Seus olhos estão incrédulos com minha fala.

- Palmitar? Ela sorri. Olha, não a reconheço mais, se transformou nesse tipo de pessoa que sua perspectivas sobre mundo lhe dá o direito de julgar os outros. Amo minha amizade com minha antiga amiga, que era uma mulher digna e ética que nunca falaria assim de uma pessoa que não conhece, mas ela morreu junto com Thiago.

- Betinha... ela me interrompe.

- Gosto dele porque cuidou de mim, seus olhos me transmite admiração, não por causa de ideologia que preto casa com preto e branco com branco, então Mia não te conheço mais, para mim é melhor a gente se afastar. Ela me deixa sozinha.

As palavras dela me atingem como um soco no estômago. Eu a conheço desde sempre, somos como irmãs, e nunca a vi tão decidida. Mas essa decisão é um erro. Um erro que pode machucá-la profundamente. Vou atrás dela, seguro seus braços.

- Roberta, por favor, não faça isso. Eu te amo, e não quero te ver sofrendo. Ela me olha nos olhos, uma lágrima rolando por sua face.

- Eu sei que me ama, Mia. Me magoa ouvi- la dizer todas essas coisas, mas vou seguir meu coração.

Sinto um nó na garganta. Nunca pensei que a nossa amizade fosse ser colocada à prova dessa forma.

Ela me deixa novamente sozinha. Mais tarde, recusou minha carona para retornar a Bauru. Milena tentou convencê-la, mas infelizmente não teve jeito, ela é teimosa igual a mim.

...

Já se passaram três dias depois da nossa conversa. Ela não está falando comigo. Mandei mensagem para Júlio pedindo telefone do Ruan. Liguei marcando um encontro no restaurante perto do meu trabalho. Estou ansiosa de todas as maneiras possíveis. O nó na minha garganta apertava a cada passo que eu dava em direção ao restaurante. Ruan Gomes, meu amor de adolescência, meu primeiro grande amor. Aquele encontro era um misto de nervosismo e esperança. Nervosa por revê-lo depois de tanto tempo e com o coração ainda dividido entre o passado e o presente.

Esperançosa porque talvez, só talvez, ele pudesse me ajudar a colocar um ponto final nessa história de amor impossível entre Roberta e Diego.

Quando o vi entrando no restaurante com aquela rosa nas mãos, meu coração acelerou. Ele ainda era tão bonito quanto me lembrava. Agradeci o gesto, mas a verdade é que a flor não era o que mais me importava naquele momento.

- Ruan, precisamos conversar.

Sentamos e, depois de fazer o pedido, fui direto ao ponto. Expliquei a ele a situação com a Roberta e o Diego, a impossibilidade desse relacionamento e o sofrimento que isso poderia causar a todos. Pedi para que ele convencesse o amigo a terminar tudo com a Roberta. A resposta dele me surpreendeu.

- Mia, eu nunca faria isso. É a primeira vez que vejo o Diego verdadeiramente feliz com uma mulher. Ele sofreu muito com a mãe dos seus filhos, e a Roberta o faz bem.

- Mas eles não são compatíveis! A Roberta não tem nada a ver com o mundo do Diego!

- E daí? O amor não se explica, Mia. Eles têm os mesmos sonhos, os mesmos objetivos de vida. Acho que você deveria aceitar e deixá-los viver essa história. Senti um aperto no peito.

- Você não está entendendo! A Milena está apaixonada pelo Diego! Eles transavam no escritório, você sabia? Se a Roberta descobrir, tudo vai ruir. Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse digerindo a informação.

- Ele nunca gostou da Milena, foi pegação somente isso. Estava nervoso.

- E se a Roberta descobrir? Se machucarem minha amiga, vou destruir a reputação da família Ribas.

- Mia, eu não posso me meter nisso. Essa é uma decisão deles, não é nossa. Desesperada, cancelei o pedido e me levantei da mesa.

- Então está bem, Ruan. Faça o que quiser. Mas não venha me procurar quando tudo der errado.Sai do restaurante, a cabeça a mil.

💭 Todos estão apoiando essa loucura.

Antes que pudesse me afastar, ao virar a esquina, senti seus braços me envolvendo.

- Mia, não vai fugir de mim.

Ele me beijou, um beijo intenso que me fez esquecer de todos os meus problemas. Por um instante, tudo o que existia era ele e eu. Mas, logo em seguida, me afastei, confusa e perdida. Ele me puxou pela mão e me colocou dentro do seu carro dele.

-Está ficando louco? Perguntei com a respiração ofegante depois do nosso beijo.

- Não, meu bombonzinho. Hoje nós vamos resolver nossa situação. Ele está acelerando o carro no asfalto no centro da cidade. Fico sem reação.

💭 Esse apelido me deixa com a pernas bambas.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora