Roberta Antunes
A delegacia era um lugar que eu evitava a todo custo. O cheiro de mofo e o ambiente tenso me deixavam ansiosa. Mas hoje, não tinha como escapar. Estava ali, acompanhada por Ruan, para prestar depoimento sobre o caso de Jonas. Diego havia insistido em vir comigo, mas eu sabia que precisava passar por isso sozinha.
Ao entrar na sala de interrogatório, me deparei com o delegado que havia investigado o meu sequestro. Era um homem alto, de olhos penetrantes e um sorriso irônico. Ruan me apresentou e o delegado começou a fazer as perguntas de praxe. Mas logo ficou claro que ele estava mais interessado em me provocar do que em coletar informações.
Seus questionamentos eram ambíguos, com duplo sentido e carregados de sarcasmo. Tentei manter a calma e responder com clareza e objetividade, mas a cada pergunta, sentia a vontade de explodir. Ruan tentava me defender, mas eu o interrompia, determinada a mostrar que eu era forte e capaz de lidar com aquela situação.
Após horas de interrogatório, finalmente o delegado encerrou. Enquanto eu e Ruan nos levantamos para ir embora, ele soltou uma gargalhada e disse:
- O Diego é um péssimo homem, sabia?.Eu me virei para ele, incrédula.
- Deve ser difícil tentar ser o Diego, não é mesmo? A raiva nos olhos dele era evidente.
- Nunca desejaria ser aquele canalha! Retruquei ironicamente
- Graças a Deus! Porque o Diego é um homem maravilhoso e um ser humano incrível. Não deveria ser exemplo para ninguém, mas um homem como você, com certeza, deveria ser exemplo para todos. Ele ficou vermelho de raiva.
- Você está me chamando de canalha? Retruco com raiva
- Estou te dizendo a verdade. Se continuar com essas provocações. Tiro meu celular do bolso da calça. Irei te denunciar à corregedoria. Será que vão gostar de ouvir um delegado assim!
O delegado me olhou surpreso. Não esperava que tivesse coragem de enfrentá-lo dessa forma. Ruan me puxou pelo braço e saímos da sala. Ao chegarmos no corredor, ele me abraçou forte.
- Você foi incrível, Roberta. Mostrou para aquele cara que não se intimida fácil.
- Aquele delegado é invejoso. Sempre tenta me provocar por causa do Diego, mas não vou permitir que ele o ofenda. Ruan riu.
- Vocês dois formam um casal e tanto. Eu sorri.
💭 Sim, éramos um casal forte e unido. E juntos, superamos qualquer obstáculo.
Final do mês de novembro...
A sala do júri era um lugar opressivo, repleto de olhares curiosos e julgamentos silenciosos. Sentada ao lado de Diego, Verônica, Osmar e Cláudio, sentia um misto de medo e raiva. Ver Hugo Garcia, o advogado daqueles monstros, sentado à mesa de defesa, me causava um profundo desconforto.
As crianças, por sorte, não precisariam passar pelo trauma de depor. O laudo da psicóloga e da assistente social, que as ouviram em um ambiente seguro, seria suficiente para comprovar a gravidade do ocorrido.
Breno, o segurança que nos acompanhava no dia do sequestro, foi o primeiro a testemunhar. Sua descrição dos fatos foi clara e objetiva, reforçando a nossa versão.
Quando chegou a minha vez, senti um nó na garganta. Fiz o juramento e me sentei, pronta para responder às perguntas. Ruan, meu advogado, foi direto ao ponto, me guiando com perguntas claras e objetivas.
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Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...