🖍️ Relutando contra mim mesma

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Roberta Antunes 

Horas antes….

💭 O que foi aquilo? Quase nos beijamos.

Meu coração bate forte que o sinto pulsando na minha garganta. Não posso me apaixonar por Diego Ribas, isso não é correto. Realizo o restante da rotina evitando olhar diretamente para aqueles olhos. Ele também estava sem graça, preferiu fazê-los dormir sem minha ajuda, não recusei, logo procurei me esconder.

O quarto, que antes me parecia um refúgio, agora era um campo de batalha. Minha mente, antes sem dilemas românticos, agora era um turbilhão de pensamentos. O quase beijo com Diego ecoava em meus ouvidos como um sino. Se Caio não tivesse acordado, quem sabe onde estaríamos agora?

A noite quente de Bauru não ajudava em nada. O calor úmido grudava na minha pele, mas não era o calor que me incomodava. Era a inquietude do meu coração, a sensação de estar vivendo um sonho que não deveria ser.

Levantei da cama e caminhei até minha mala. Escolhi um maiô simples e um roupão. A piscina coberta da mansão seria um refúgio para essa prova que a vida me colocava. A água sempre me acalmou, me faz sentir leve e livre.

Desci as escadas, os pés descalços no piso frio, e me dirigi à área da piscina. A água cristalina me convidava a mergulhar. Tirei o roupão e entrei na piscina, sentindo a água fria envolver meu corpo.

Boiei de costas, olhando para o teto de vidro. As estrelas cintilavam, refletindo na superfície da água. Fechei os olhos e me perdi em lembranças. Quando criança, adorava histórias de princesas e príncipes encantados. Sonhava com um amor eterno, um final feliz. Mas a vida, com sua crueldade, me mostrou que a realidade é bem diferente dos contos de fadas.

Eu nunca imaginei me apaixonar por um homem como Diego. Ele era rico, poderoso, tudo que eu nunca imaginei ter. E eu? Eu era apenas uma babá, uma garota simples, preta, gorda, totalmente fora dos padrões da classe social que ele pertence. Nossos mundos eram tão diferentes.

💭 Coração, por favor não faz isso comigo. Esse homem não é para mim.

Relutei contra os sentimentos que estavam crescendo dentro de mim. Sabia que não era certo me envolver com o patrão. Mas como negar o que meu coração sentia? Era como tentar nadar contra a correnteza, quanto mais lutava, mais afundava. Ao sair da piscina, vesti o roupão e me deitei espreguiçadeira, olhando o céu pelo teto de vidro. Acabo adormecendo.

A claridade que filtrava pelo teto de vidro me despertou. Abri os olhos lentamente, sentindo a brisa fria piscina no meu rosto. Tentei me lembrar do evento do dia anterior, mas meus pensamentos estavam confusos. Saí da piscina e  envolvida pelo roupão. Caminhando lentamente, voltei para o quarto. Ao chegar no corredor, me deparei com Diego saindo do quarto das crianças. Ele carregava uma mala e parecia apressado.

- Bom dia, Betinha. Me cumprimentou, sorrindo. Está tudo bem contigo?

- Bom dia, Diego. Respondi, tentando disfarçar a surpresa. Estou ótima.

- Surgiu um problema grave na filial de Porto Alegre e preciso viajar imediatamente. Explicou ele.  Mas não se preocupe, estarei de volta para a festa das crianças, daqui a uns dias.

Senti um misto de alívio e inquietação. Por um lado, a ausência dele me daria um tempo para organizar meus pensamentos e sentimentos. Por outro, a ideia de ficar tanto tempo sem vê-lo me deixava ansiosa.

- Tudo bem, Diego. Tenha uma boa viagem. Disse, tentando soar indiferente.

Ele se despediu e saiu rapidamente, em direção ao aeroporto. Observei-o se afastar e senti um aperto no peito.

Voltei para o meu quarto e me joguei na cama. Aquele dia seria longo e eu precisava me manter ocupada. A festa das crianças estava se aproximando e os ensaios estavam se intensificando. Decidi me concentrar nos preparativos e esquecer, por um tempo, as confusões que se instalaram em meu coração.

💭 Será que vai demorar muitos dias em Porto Alegre?

- Aí, Roberta Antunes tome vergonha nessa cara. Digo alto. Melhor ir me arrumar.


Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora