🏠 Minha família

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Diego Ribas

Três anos depois...

- Bom dia, Senhor Ribas. Finalmente aceitou participar de uma sessão. Disse a psicóloga.

- Bom dia, Doutora. Não vejo necessidade, mas minha irmã insistiu. Espero que realmente ajude meus filhos.

- Sua irmã tem razão. Pessoas que estabelecem laços afetivos e de convivência com pessoas que possuem Transtorno de personalidade antissocial precisam de suporte. Vocês estão todos traumatizados pela toxicidade da sua ex-esposa.

-Isso é verdade. Por onde começo? Ela sorri sentada, enquanto me ajeito no sofá.

- Do início. Pode ser assim.

- Ok. Digo respirando fundo.

Volto meus pensamentos a três anos atrás...

Brigitte levou as crianças para ver o pai, depois precisou ir até o shopping Boulevard Bauru. Estava reunido com meus irmãos, para falar de um caso do escritório. Na época ainda exercia a função com promotor.

....

- Vocês tem certeza que querem pegar esse caso? Pergunto para minha irmã.

- Porque? Você está com esse processo? Ela sorri. Meu irmão mais velho, logo me encara aguardando resposta.

- Não. Ficou com o promotor Natalino. Estou em outras ações. Osmar responde.

- Diego, precisa pedir proteção para ti e sua família. Você tem combatido o crime organizado que tem repercutido bastante na mídia, estou preocupado com sua segurança, meu irmão. Verônica retruca.

- Estou cansada de avisá-lo. Ela toma seu whisky.

- Pode deixar, não vou negligenciar isso. Digo observando o movimento das crianças chegando.

Elas chegam com minha esposa. Elie corre para meus braços com olhos inchados, enquanto Caio está de mãos dadas com a babá. Brigitte entra gritando.

- Deixa de ser mimada, Elie. Garota insuportável. Como concordei em dar a luz a esses seres miseráveis. Verônica respira fundo e responde.

- O pior é ter uma mãe com ti, sua bruxa! Verônica vai para cima dela, Osmar a segura.

- O que está acontecendo, Francisca. Digo olhando para a babá.

Ela explica toda a situação ocorrida no shopping. Fico surpreso com a reação de Brigitte, esta disposta a não viver como família. Sempre fui perdidamente apaixonado por ela. Seu pai impôs uma condição para herdar-se seu dinheiro. Se casar e ter filhos, foi assim com esse objetivo que nos conhecemos, no qual, colocou todo esforço para efetiva-lo .

Fui usado como objeto. Tivemos os gêmeos Caio e Elie, nunca receberam o amor maternal. Ela não os amamentou e nunca cuidou deles, apenas para visitar o pai. Todos as vezes que tentamos uma aproximação direta, algo acontece. Deixando claro seu desamor por eles e por mim. Nós mendigamos o afeto e atenção, mas sempre somos humilhados e ridicularizados na frente de qualquer pessoa. Francisca é trigésima primeira babá que passa na minha casa, porque as outras ninguém aguentou dois meses, porque Brigitte trata a todos com desdém e desrespeito.

- Eles são apenas crianças, por favor! Digo, ela sarcasticamente senta no sofá.

- Querido, não me importo com isso. Ela é chorona e minada e o menino é birrento e fraco, puxaram você, não a mim. Se levantando e continua. Por favor, amanhã vamos visitar ao velhote, tente mantê-los sobre controle. Vou subir para relaxar, não quero ser incomodada. Tchauzinho cunhadinhos.

- Olha, Diego essa mulher é uma psicopata. Osmar fala pegando Caio no colo.

- Vou te dizer somente uma coisa. Precisa proteger seus filhos. Verônica disse pegando Elie no colo.

- Eu sei, mas a amo! Digo justificando as ações dela.

- Amor? Acorda Diego. Ela não ama ninguém, não ser o próprio umbigo. Minha irmã está ninando minha filha, que soluça enquanto dorme. Até quando vai dizer que é amor, meu irmão. Ela está indignada.

Não respondo porque estão corretos no que dizem. Brigitte se casou comigo por interesse na fortuna do seu pai. Ele estabeleceu condições porque tem uma doença terminal: câncer de pâncreas. A mãe dela faleceu quando estava com 9 anos, assim foi mimada, pois era filha única. Nós nos conhecemos desde da adolescência, quando a empresa de advocacia do meu pai passou a cuidar juridicamente das Indústrias Hayer.

Ele é um magnata da fabricação de veículos agrícolas. Me apaixonei quando nos conhecemos, assim começamos a namorar três dias depois, logo estávamos casados. Tudo aconteceu em apenas três meses, meus pais foram contra, pois não foi tempo suficiente para conhecê-la. Estava iniciando minha carreira no Ministério Público e recém aprovado na OAB, mas tudo fazia parte do seu plano. Depois de casados, após um mês, já estava grávida de Caio e Elie.

Entro no quarto, depois de cuidar das crianças e colocar para dormirem, minha bela esposa está cuidando da sua pele. Começo a tirar a roupa.

- Bri, até quando vamos viver assim? Não sente nada pelos seus filhos? Por mim sei que nunca me amou, mas eles são sangue do seu sangue. Ela sorri, enquanto passa as mãos no rosto.

- Querido, deixa-te explicar uma coisinha, assim que o velhote bater as botas, vocês não serão mais úteis para mim. Eu me amo, aquelas crianças são seus filhos, apenas doei meus óvulos e emprestei meu útero, o resto é contigo. Para de drama, comigo não cola. Ela tira o hobby de seda e coloca tapa olhos e se deita debaixo do edredom.

- Tudo bem, Brigitte. Só peço para disfarçar sua falta de amor na frente deles.

- Pode deixar, a próxima vez, largo eles chorando no shopping. Fico em silêncio. Vou tomar um banho.

Ainda fico chocado com Brigitte não consegue amar os próprios filhos. Enquanto a água desliza no meu corpo, fico imaginando como seria se tivesse escolhido uma outra pessoa para ser a mãe das minhas crianças. Lidar com desprezo e a crueldade de Brigitte Hayer não é fácil para um adulto como eu, imagina para duas crianças. Ao me deitar percebo o quanto precipitei em me casar, achando que o amor poderia mudá-la.

Tento dormir, mas minha mente fica borbulhando entre pensamentos sobre continuar ou não, esse casamento forjado na mentira. Cada dia desacreditado no amor.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora