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Tô lidando com umas coisas difíceis ultimamente, desde então... Desde que a Natália me traiu pra morar com outro. Tudo desmoronou na minha cabeça. Achei que tava no controle de tudo, que minha vida estava no caminho certo. E agora, parece que nada faz sentido.
Acordo em mais um dia qualquer, e o silêncio desse apartamento me toma por completo. O vazio é quase palpável. Me sento na cama e começo a olhar as mensagens no celular. Entre elas, uma de Natália.
Desgraçada... Parece que ela não perde tempo. Cada palavra dela me afunda ainda mais, como se eu fosse o único que ficou preso no passado enquanto ela já seguiu em frente.
Como quiser. Mando a resposta explodindo de raiva, com os dedos tremendo enquanto aperto "enviar". Como se a resposta dela pudesse aliviar a dor que tô sentindo. Mas nada muda.
O silêncio volta a tomar conta do apartamento, e a única coisa que me resta é a fúria que fica queimando por dentro.
Me levanto, tentando ignorar o caos que está a minha mente, e vou me arrumar para o treino. Entro no banheiro e, enquanto me encaro no espelho, meus olhos caem nas caixas ao lado da pia. Perfumes, joias... coisas que eu mesmo dei pra ela. Agora, tudo ali, empacotado, como se fosse fácil assim tirar alguém da vida. Cada lembrança me corta mais fundo.
Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos. Mas tá difícil. Preciso me focar no treino, talvez isso me faça esquecer, nem que seja por algumas horas.
Enquanto termino de me arrumar, o peso de tudo continua ali, apertando meu peito. Talvez hoje eu precise desabafar... mais com a Kamilly. Na real, foi a única pessoa que me ouviu sem julgar até agora. Não sei se ela percebeu, mas falar com ela me ajudou daquela vez. E, sinceramente, acho que vou precisar disso de novo hoje.
Pego minhas coisas e saio, mas a ideia de conversar com Kamilly não sai da minha cabeça. Talvez seja o único jeito de aliviar o que tô sentindo.
Chego no CT e, sem pensar muito, vou direto pra sala da Kamilly. Só que quando abro a porta, vejo que o Lázaro já está lá. Eles estavam em altos papos, rindo de alguma coisa.
— Bom dia, desculpa atrapalhar — digo meio sem jeito.
— Atrapalhar? Você nunca atrapalha, richas! — Lázaro vem me cumprimentar com aquele jeito brincalhão de sempre.
— Bom dia, Richard — diz Kamilly, me olhando com aquele lindo sorriso que parece iluminar qualquer ambiente.
— Bom dia — respondo, tentando retribuir o sorriso, mas ele sai meio fraco.
— Então, vou indo já — Lázaro avisa. — Depois do treino, passo aqui, Kamilly.
Ela assente, e eu fico esperando ele sair, sentindo que agora vou ter um espaço pra desabafar.
