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— Ah, agora vamos discutir por causa disso? — falo, olhando fixamente para ele, sentindo a raiva crescer.
— Não, Kamilly, não vamos discutir — ele responde, tentando se controlar, mas a tensão ainda está no ar.
— Como não? — rebato, não conseguindo me segurar. — Você fica todo estranho e não quer nem falar nada, só porque dei um abraço em um paciente?
— Não é só com ele — ele responde, de forma direta, e eu sinto algo apertando no meu peito.
— Não é só com ele? Então com quem mais, Richard? — a indignação transparece na minha voz. — Você nunca se incomodou com isso. O que tá acontecendo?
Ele suspira, como se estivesse tentando organizar seus pensamentos, e me olha de forma cansada.
— Sei lá, estou meio incomodado, isso é tudo — ele diz, quase sem energia.
Eu fico em silêncio por um momento, tentando entender o que ele estava realmente dizendo. Meu coração bate mais rápido, e a frustração só aumenta.
— Incomodado é isso? — eu o encaro, as palavras saindo rápidas, sem filtro. — Eu também tenho vários motivos para estar incomodada, afinal, você é o cara que todas as mulheres se apaixonam, não é? E nem por isso eu estou desse jeito!
Aquelas palavras saem mais duras do que eu pretendia, e vejo a expressão de Richard mudar. Ele não diz nada por um momento, me observando, como se estivesse digerindo o que eu acabara de dizer.
— Kamilly... — ele começa, mas sua voz falha, e ele parece tentar encontrar o tom certo para me responder.
Eu respiro fundo, me controlando para não continuar em cima dele. A situação estava ficando mais complicada do que deveria ser.
Eu não sabia como aquela discussão tinha chegado até ali, mas uma coisa era certa: eu precisava encerrar logo.
Ele me chamou, mas sem nem olhar para trás, eu simplesmente saí andando em direção ao banheiro. Não queria dar mais atenção àquilo naquele momento, sabia que ia ser mais uma daquelas situações em que a gente se perdoa, e depois tudo se resolve na cama de qualquer forma.
Eu entrei no banheiro, fechei a porta e respirei fundo. A água fria na minha cara parecia me ajudar a clarear os pensamentos. Mas, no fundo, eu sabia que não dava pra continuar assim, com essas discussões recorrentes e os mesmos erros.
Eu estava cansada, e mais que isso, estava querendo mais do que só um "depois de uma briga, tudo fica bem". Eu queria algo mais sólido, algo que fosse real, e não só uma solução momentânea para o que não estava bem.
Saí do banheiro e o encontrei na janela, com o olhar distante. Eu peguei meu celular, sem dar a mínima para a presença dele ali.
Mas logo o silêncio foi interrompido quando o celular de Richard tocou. Ele atendeu rapidamente, e eu pude ouvir a conversa com um amigo, ou talvez alguém próximo, que o convidava para uma festa.
