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Horas depois, me encaminho para o meu apartamento. Entro, e o silêncio já se tornou um costume. Melhor isso do que os gritos da Natália quando ela surtava.

Deixo-me cair no sofá, ainda pensando no que Veiga me disse.

- Será que estou mesmo começando a gostar dela? - me pergunto, olhando para o teto. O rosto de Kamilly vem à mente, e lembro de seu sorriso, da forma como ela se preocupa com meus problemas.

Acho que estou confundindo as coisas. Ela é minha psicóloga, e tudo o que faz é profissional. Mas não consigo evitar a forma como me sinto mais leve quando estou ao seu lado.

Pego o celular e abro o Instagram de novo, procurando pela foto dela. O sorriso dela brilha na tela, e me pego pensando em como gostaria de conhecê-la fora da sala de terapia.

- Não, Richard, foco! - falo para mim mesmo. - Você não pode misturar as coisas.

Mas, no fundo, uma parte de mim anseia por mais.

- Cara, estou parecendo um adolescente na puberdade - murmuro para mim mesmo, passando a mão pelo rosto. Acabei de terminar um relacionamento, e aqui estou eu, pensando na minha psicóloga.

Levanto do sofá e começo a andar de um lado para o outro. Lembro de como a Natália costumava me fazer sentir, mas tudo aquilo era muito diferente. Kamilly me faz sentir bem, me ajuda a ver as coisas de uma maneira nova. Mas será que isso é só o efeito do trabalho dela? Ou tem algo mais?

A mente não para, e isso só aumenta a confusão. O que eu realmente quero? O que é real e o que é apenas uma reação a uma nova fase da minha vida?

- Por que tudo tem que ser tão complicado? - resmungo, olhando para a janela. As luzes da cidade brilham à distância, e uma parte de mim deseja que as coisas fossem mais simples.

Amanhã, vou ter uma sessão com Kamilly e, quem sabe, possa fazer mais perguntas para ela. Preciso entender o que estou sentindo.

Fico um tempo olhando pela janela do meu apartamento, observando a cidade iluminada à noite. As luzes piscando parecem refletir as minhas próprias incertezas. Um misto de ansiedade e expectativa cresce dentro de mim enquanto a noite avança.

Depois de um tempo, decido que é hora de me preparar para dormir. Entro e vou até o banheiro, lavando o rosto e escovando os dentes. O ato simples de cuidar de mim mesmo me ajuda a relaxar um pouco.
[..]

Acordei bem e me levantei para fazer minha rotina de cada dia antes de ir para o CT. Cheguei e já fui cumprimentando a galera.

- Bom dia - falo para alguns funcionários que estavam lá.

- Bom dia - eles respondem.

Será que vou agora conversar com a Kamilly?

Fico parado na porta, sem saber o que fazer, até que a porta se abre.

- Ah, oi Richard - ela diz, surpresa.

- A... oi Kamilly - engulo seco.

- Você quer conversar agora?

Concordo com a cabeça e ela dá espaço para eu entrar.

- Pode sentar - ela diz, enquanto se acomoda na cadeira.

Percebo que ela chegou agora, pois não está com o jaleco que costuma usar. Hoje, está vestida com uma calça jeans e uma blusa de gola alta.

- Pois bem, como você está? - ela pergunta, olhando nos meus olhos.

- Eu tô bem - respondo.

- Então, você tem um assunto exato pra falar sobre Natália? Sentimentos? - Kamilly pergunta, encorajando-me a abrir o jogo.

𝐈𝐍𝐅𝐈𝐍𝐈𝐓𝐎 - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑𝐈𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora