Charles Leclerc- Makes me Wonder

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Tocar Música da Midia!

Charles POV

O relógio marcava 2h43 da manhã. A cidade dormia, mas a minha mente fervilhava numa cacofonia de pensamentos e lembranças. Sentei-me no pequeno sofá do quarto de hotel, a olhar para as luzes distantes que se espalhavam pelo horizonte, como estrelas caídas no asfalto. Era estranho como, em pleno caos interno, o mundo parecia tão indiferente à minha dor.

S/Ñ... o teu nome ecoava em mim como um refrão de uma canção que já não sei se amo ou detesto. Éramos um misto de intensidade e fragilidade, de paixão e incerteza. Talvez fosse isso que tornava tudo tão magnético — e, ao mesmo tempo, tão destrutivo.

Lembro-me do primeiro dia em que te vi. Estavas encostada a uma parede, num evento onde tudo e todos pareciam demasiado ensaiados. Mas tu? Tu eras uma anomalia deliciosa naquele cenário artificial. O teu sorriso tinha algo de rebelde, e os teus olhos, profundos e enigmáticos, pareciam capazes de decifrar os segredos que eu escondia por detrás de cada vitória ou derrota na pista.

"Olá," disseste, sem rodeios, como se já me conhecesses há anos.

E, naquele momento, tive a certeza de que o nosso encontro não era mero acaso. Era destino.

Aperto os olhos, tentando apagar a imagem da tua expressão no último dia em que estivemos juntos. Estávamos numa esplanada à beira-mar, um cenário tão perfeito que parecia desenhado para nós. O céu estava num tom alaranjado, quase dourado, e o som das ondas misturava-se com a melodia distante de um guitarrista de rua.

Mas, naquele dia, nem o pôr do sol conseguiu dissipar a nuvem negra que pairava sobre nós. Cada palavra que trocávamos parecia afiada como uma lâmina, a cortar mais fundo do que qualquer acidente que já tivesse vivido em pista.

"Charles, nós não conseguimos continuar assim," disseste, com a voz trémula mas determinada.

Eu não queria acreditar. Não queria ouvir. Tudo em mim implorava para que aquilo fosse apenas mais um dos nossos pequenos desentendimentos, algo que iríamos ultrapassar com o tempo. Mas, ao olhar para ti, percebi que não era. A convicção nos teus olhos era como uma bandeira vermelha. Uma paragem forçada.

"Eu tento dar-te tudo o que posso... mas nunca é suficiente, pois não?" As palavras escaparam-se de mim antes que as pudesse conter.

Tu suspiraste, e esse som... Esse som ficará para sempre cravado na minha memória.

"Não se trata de ser suficiente, Charles. É... Nós somos como duas linhas paralelas. Vamos na mesma direção, mas nunca nos encontramos de verdade."

Agora, sentado aqui, revivo cada detalhe daquele momento. Era como se todas as conversas que tivemos, todas as risadas e todas as lágrimas, estivessem a rebobinar-se na minha cabeça. O que aconteceu connosco?

Dizem que o amor é como conduzir: é preciso equilíbrio entre velocidade e controlo. Mas contigo, perdi o controlo tantas vezes que nem sei onde me perdi. Era a tua paixão, a tua força e, ao mesmo tempo, a tua vulnerabilidade que me atraíam como um íman.

Mas será que fui egoísta? Será que, no meu desejo de vencer — na pista e na vida —, deixei de te ouvir?

Há algo curioso sobre o silêncio. Nas corridas, o silêncio é um inimigo. É no silêncio que os erros acontecem, que os motores falham, que a vitória se escapa. Mas, no silêncio deste quarto, percebo que há coisas que não precisam de palavras para serem entendidas.

Sinto a tua ausência como um carro sente a falta de tração numa curva. É um vazio que me desestabiliza, mas, ao mesmo tempo, força-me a olhar para mim mesmo.

Tu foste o meu ponto de equilíbrio e a minha maior distração. Amar-te foi como pilotar num circuito desconhecido: excitante, mas também aterrador. E agora, sem ti, sinto-me perdido, como um piloto sem rumo.

Sei que os nossos mundos eram opostos. O meu, cheio de adrenalina, flashes e calendários incessantes. O teu, mais calmo, mas igualmente intenso. Sempre disseste que admiravas a minha dedicação, mas sei que essa mesma dedicação foi o que, tantas vezes, nos afastou.

Lembro-me de uma noite em que te deixei sozinha num jantar porque tinha uma reunião imprevista com a equipa. O teu olhar naquela noite... Não o esqueço. Não disseste nada, mas a tua expressão dizia tudo. "Será que algum dia vais escolher-me a mim?"

Mas como é que te poderia explicar? A pista era a minha vida antes de te conhecer, e talvez tenha sido o meu erro tentar equilibrar os dois.

Enquanto o relógio avança, não consigo deixar de pensar: será que um dia nos voltaremos a cruzar? Será que o destino, o mesmo que nos uniu naquela primeira noite, ainda tem planos para nós?

Tu eras a minha tempestade e a minha calmaria. E agora, sem ti, resta-me apenas esta confusão, este eco do que éramos.

Olho para o meu telemóvel pousado na mesa. Tenho o teu número memorizado, mas falta-me a coragem para marcar. Afinal, o que poderia dizer? Que ainda te amo? Que me arrependo de tudo o que não fiz? Que ainda espero que as nossas linhas paralelas se cruzem, nem que seja por um breve instante?

Amanhã volto à pista. Vou fazer o que sei melhor: conduzir. Mas, desta vez, levo-te comigo de uma forma diferente. Não como uma distração, mas como uma lembrança de que, às vezes, precisamos perder para entender o valor do que tínhamos.

E, enquanto coloco o capacete e me preparo para enfrentar mais uma corrida, só tenho um desejo. Que, em algum lugar, tu estejas feliz. Mesmo que seja sem mim.

Porque, no final, o amor não é só sobre ganhar ou perder. É sobre aprender. E, contigo, aprendi mais do que alguma vez pensei ser possível.

Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.

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