No outro dia, Axel me disse que ia para um estado da Nova América, ele disse que tinha assuntos importantes a tratar, ele já demorava tanto que meu nervosismo estava quase estampado em meu rosto, eu não sabia o que faria, fiquei apenas olhando para a claridade do céu, de dia é bem mais fácil pensar, o céu que nos cobre facilita, é tão lógico, o céu azul é só um impulso para a reflexão, pelo menos para mim.
Justine apareceu na sacada.
- E aí americana?
- Oi Justine.
- Tudo na boa?
- Apenas aflita, e você?
- Razoável.
- Ah...
- Você está ridícula com este vestido e estas flores exageradas no cabelo.- Ela ironizou e eu começei a rir.
- Você se veste como um bandido e eu sou a ridícula?- Perguntei no mesmo tom de ironia.
- Magoou.
- Foi mal.
- Estou zoando Lydia.
- Não parecia.- Nós duas rimos.
- Bem, o papo tá ótimo mas eu preciso ir.- Ela acenou e pulou a sacada.
Eu olhava para as nuvens, quando eu era criança eu gostava de me imaginar dormindo nas nuvens, como um anjo, repousar sobre aquele "algodão doce flutuante", até que descobri que eram como fumaça, nada mais, certas informações acabam mesmo com parte de nossas infâncias, mas isso nos ajuda a amadurecer.
Ouvi um barulho e dei um sorriso aliviada, eu subi as escadas correndo e vi a nave, a porta se abriu, vários soldados desceram da nave, por alguma razão Axel foi o último.
- Ly?
- Axel.- Eu disse sorrindo.
- Tem que parar de ser tá linda sabia? Isso me destrai.
Eu ri.
- Às vezes um pouco de distração ajuda muito.
Ele pegou minhas mãos.
- Ly preciso te falar uma coisa, é meio sério lembra quando eu disse que teria uma surpresa?- Ele me perguntou sorrindo.
- Sim.
- Acompanhe-me.- Ele me puxou levemente para que eu o seguisse para dentro da nave.
Quando cheguei lá dentro escutei vozes, familiares, no mesmo instante meus olhos se encheram de lágrimas, eu não conseguia acreditar, belisquei meu próprio braço discretamente e não era um sonho, era a realidade.
- Mãe...Pai...
Eles sorriam e era possível ver suas lágrimas.
Eu corri e abraçei os dois, chorando.
- Eu senti tanto a falta de vocês.
- Nós também, meu anjo.- Meu pai disse sorrindo.
- Que bom que está bem minha filha...minha filha linda.- Minha mãe dizia enquanto nos abraçávamos e chorávamos, era tudo real.
- Me desculpem, eu sei que fiz besteira mas eu prometo que farei o que for preciso para me redimir com vocês.
- Não, Lydia, eu sabia que havia fugido, era impossível ter sido sequestrada, você foi dada como morta por Scott há alguns dias atrás, mas eu sentia que estava viva...então aquele rapaz foi nos buscar.- Ela apontou para Axel, que apenas sorriu, meu pai fez uma cara estranha ao ver que eu sorri para ele.
- Scott mentiu para nós três, ele achou que conseguiria me fazer desistir, ele sabe que eu sei de muita coisa e sabe que sou um risco...sou uma ameaça a ele...
- E ele quer fazer de tudo para te tirar do caminho?- Meu pai perguntou.
- Sim.
- Isso não vai acontecer, se ele encostar um dedo em você ele vai se arrepender do dia em que nasceu.
- Precisamos de um bom plano, para derrubar Armstrong, mas por enquanto vocês precisam descansar.
- Tem razão.- Minha mãe concordou.
- Lydia?- Meu pai me chamou e olhei para ele quase instantaneamente.- Você está amadurecendo, me perdoe por ter te chamado de inconsequente, eu tenho orgulho de ser seu pai.- Ele disse sorrindo, eu o abraçei mais uma vez.
- Obrigada.
Eles foram levados para que descansassem no palácio.
- Você foi até Nova Chicago e arriscou sua vida, tudo isso para trazer meus pais de volta?- Perguntei para Axel, que enxugava minhas lágrimas com os dedos polegares suavemente.
- Lydia, eu lhe traria até a lua se fosse preciso, eu odeio te ver infeliz, mais do que tudo no mundo, não foi fácil sabia? Kai teve que ajudar muito.
Eu começei a rir, eu poderia explodir de felicidade naquele momento.
- Axel...eu nem sei o que dizer...muito obrigada, sou extremamente grata a você.
- De nada Ly.
Abraçei ele, dava para sentir seu coração batendo rapidamente, eu amava aquele som, parecia que nossos corações estavam sintonizados, programados para bater ao mesmo tempo.
- Lydia?
- Que foi?
- Eu te amo, e nós não vamos mais esconder nada de ninguém, nós vamos lá e vamos falar com o meu pai, dane-se o que ele pensa de nós.
- Axel, você nunca disse essas coisas, está mesmo disposto a arriscar ficar brigado com o seu pai? Quer dizer, a sua mãe gosta de mim, mas eu não sei se o seu pai é como ela.
- Lydia se meu pai não gostar de você, o problema é dele, não meu.
- Axel...não quero que se prejudique por minha causa.
- Eu não vou, Ly, vai ficar tudo bem.
Eu hesitei em respondê-lo.
- Tudo bem.
Ele me guiou até a sala em que o rei Johan estava, preciso confessar que senti medo dele, ele é tão frio e duro, mas meu medo não era do que ele poderia falar para mim, e sim o que ele poderia falar para Axel.
Ele bebia café enquanto olhava para a janela.
- Pai?- Axel chamou.
- Diga Theodore.- Ele disse com ar sério.
- Eu preciso te contar uma coisa.
- Fale logo.
- Eu e Serenity nos amamos.- Ele disse pegando na minha mão e a apertando levemente, o pai dele se engasgou e tossiu um pouco.
- O que?!- Perguntou.
- Isso mesmo, e eu não ligo para o que o senhor pensa, eu vou ficar com ele e ponto final.
- Por acaso você perdeu a noção Theodore?! Ela é americana, sabe o quanto Scott vai se enfurecer com isso?!
- Perdão majestade mas eu amo o seu filho! E ninguém, nem Scott Armstrong, nem o senhor vai me impedir que ficar com ele!- Eu disse irritada.
- Amar? Pelo amor de Deus! Vocês são jovens e inconsequentes, não tem a mínima idéia do que é amar!
- Quantos anos o senhor tinha quando se apaixonou pela mamãe?- Axel perguntou.
- É diferente, nós não sabíamos por quanto tempo viveríamos, a morbo governava o mundo, sua mãe era a única em que eu podia confiar! Se vivessem em um mundo daqueles saberiam o que é amar e valorizar de verdade!
Ficamos em silêncio por um tempo.
- Os meus pais, meu pai se apaixonou por minha mãe na época da morbo foi amor à primeira vista, embora alguns não acreditem, eles estão casados há anos e anos, as brigas feias são raras, eu cresci assistindo o amor, e vossa majestade, se eu não souber o que é amar, eu sou uma hipócrita.- Argumentei confiante.
Ele ficou parado me olhando por um tempo, logo respirou fundo.
- Tudo bem, mas se isso piorar a guerra...
- Só os ingleses deverão saber.- Axel disse.
- E os "enviados"?- O rei perguntou.
- Scott só os envia, ele não mantém contato.
- Certo...se vocês se amam, fiquem juntos, mas Theodore você terá que aprender a ter mais responsabilidade.
- Aprendo o que for preciso.
- Retirem-se por favor.
- Ok.
Nós saímos da sala e dei um suspiro de alívio.
- Está nervosa?
- Aterrorizada.- ironizei.
- Não precisa.
- Eu sei.- Ambos sorrimos.- Nada vai ficar entre nós agora Axel.
- E seus pais?- Ele perguntou.
- Minha mãe com certeza vai apoiar, e meu pai...bom, eu não sei...mas eles estão cansados agora, é melhor que a gente conte depois.
- Se preferir assim.
- Axel, adoro passar meu tempo com você...mas eu preciso ver meus pais, eles devem estar precisando de apoio.
- Tudo bem, levarei você ao quarto deles.- Ele foi andando e eu apenas o segui até o lugar aonde meus pais estavam...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário de uma rebelde_Livro 2
Science FictionMeu nome é Lydia Sparks Rogers, tenho dezessete anos de idade. Eu sempre fui o tipo de adolescente irresponsável e às vezes imatura; Mas responsabilidade não é uma opção quando há uma Guerra Mundial além de uma epidemia mundial fatal que quase extin...