Justine

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- Serenity?- Ele me chamou enquanto abria a porta de uma sala, era como se eu fosse fazer algum interrogatório.
- Diga.
- Quero lhe dizer o que vem a seguir.
- É só falar logo.
- Tudo bem, perdoe-me se vai soar como uma ofensa mas você não deve estar preparada para lutar, não em um exército.- Ele disse levantando as sobrancelhas e eu começei a rir.
- Nisso você pode ter razão.- Eu fiz o mesmo gesto que ele e ele revirou os olhos.
- Tem certeza que me odeia mesmo, senhorita Ronan?
- Te odeio apenas por um motivo, eu queria estar morta agora e você teve a chance de me livrar disso tudo.- Ele respirou fundo.- Por que não me matou?
- Pois vi potencial em você, Serenity.
- Para lutar? Arriscar minha vida por um país do qual nem pertenço?
- Você é forte e corajosa Serenity, está quase estampado em sua testa, todos vêem, o presidente Scott Armstrong deve te considerar uma ameaça...
- O que quer dizer?
- Foi selecionada para o exército americano, não foi?
- Como você...?
- Está óbvio, não teria fugido, teria?
- Eu não sei Theodore!
- Calma, estou apenas tentando avisar-lhe, o pior pode acontecer.
- A mim? Eu não ligo.
- Não a você, sua família.
As palavras dele me atingiram como uma bomba em meu peito, imediatamente tentei correr mas ele me segurou.
- Serenity! Acalme-se!
- Eu preciso voltar para os Novos Estados Americanos! Preciso dizer que estou bem! Eles não podem ser condenados ou presos vai ser minha culpa!
- Serenity!- Ele disse rigidamente.
- Eu não posso deixar minha família morrer! Eu fiz isso por eles!
- Serenity pense bem! Se fez isto, tem que terminar, temos noventa por cento de probabilidade de ganhar esta guerra o mais rápido possível, lute por eles, ficarão bem se lutar.
Eu pensei um pouco, por mais que ele fosse um completo otário, ele tinha razão, respirei fundo e tentei me acalmar.
- E o que eu faço?!- Perguntei desesperadamente, eu não estava nem aí se ele ia me achar estúpida, eu sei que sou, só preciso que meus pais fiquem bem...
- Ainda bem que perguntou...- Ele sorriu levemente, tentando me acalmar claramente...
***
- O nome dela é Justine Clockwork, foi abandonada pelos pais em uma academia de luta, digamos que não muito tradicional, foi criada lá, se tornou assassina de aluguel, uma mercenária...ela é extremamente fechada, principalmente comigo, violenta e agressiva, se ela se tornar sua amiga algum dia, não perca a amizade dela, os únicos em que ela realmente confia são Kai Fujishima, irmão de Mikuno Fujishima, você deve conhecê-la, e Seth Isle, seu treinador e criador, eu não sei se ela o ama, mas o respeita muito...- Theodore disse.- Justine Clockwork será vossa treinadora, senhorita Ronan.
- Está me dizendo que serei treinada por uma assassina profissional?
- Exatamente.
- Ótimo.- Eu disse irônicamente.
- Você tem um senso de humor diferente.
- Típico de americanas?
- Talvez.
- Concordo, ingleses são muito sérios.
- É questão de educação.
- Eu tenho outro nome "príncipe Theodore", se chama chatice.- Eu disse dando ênfase nas palavras "príncipe" e "Theodore", fazendo uma careta ao mesmo tempo.
- Por que a senhorita me despreza tanto?- Ele perguntou seriamente, me senti mal imediatamente, odeio magoar pessoas, pelo menos quando mostram estar magoadas ou ofendidas.
- Eu não o desprezo Theodore...é que eu simplesmente não aceito o fato de ainda estar viva, sofrendo isso tudo...sou muito orgulhosa às vezes.
- E a senhorita costuma admitir seus defeitos?- Ele levantou as sobrancelhas, como se estivesse desconfiado.
- Falo o que penso, a maioria das vezes.
- É por isso que Scott Armstrong não vai com a sua cara?
- Muito provavelmente.- Começei a rir.
O capuz branco dele cobria metade de seus olhos, quase não dava para ver suas expressões faciais, só quando ele olhava para mim, eu estava apenas com o cabelo preso, não tenho que esconder meu rosto.
Nós entramos em um beco, lá havia uma porta.
- Cuidado, o lugar é bem perigoso, bêbados, fumantes, drogados e bandidos vem para cá, por isso lhe aconselho a colocar um capuz.- Ele me entregou um moletom com um capuz vermelho, eu o coloquei e nós entramos, o odor de bebidas alcoólicas misturado com cigarro e suor, me dava ânsia de vômito, era repugnante o estado daquele lugar.
Havia uma arena de luta no meio do lugar, lá vi uma garota de cabelos laranjas derrubar um homem de quase dois metros e quebrar um de seus braços, ela deu um grito e saiu da arena, alguns aplaudiam ela.
- Aquela é a Justine Clockwork?!- Perguntei assustada.
- É...eu avisei que ela era um pouco...agressiva.
- Ai meu Deus, eu estou ferrada...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora