Decisão

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Acordei de madrugada com um barulho estranho imediatamente eu peguei uma pistola, coloquei balas, e saí do quarto lentamente fiz o máximo de silêncio possível enquanto andava, uma das vantagens de ser maníaca é que você raramente sente medo, o nervosismo substitui ele.
Olhei para os lados, o outro corredor estava cheio de homens armados, eu respirei fundo e começei a atirar, um por um, eu odiava matar humanos, um deles conseguiu dar um tiro de raspão no meu braço mas eu nem liguei, atirei na cabeça dele.
Saí correndo, alguns ingleses já haviam acordado e atiravam nos homens invasores, notei pelo uniforme vermelho que usavam eram canadenses, as divisões de uniformes são em cores, Nova América: Azul, Canadá: Vermelho, Euroasya: Branco, Oceania: Amarelo, Nova África: Verde; Embora pareça ridículo esses critérios de uniformes para soldados são extremamente rígidos, exigidos como se fossem algo sério, principalmente por Armstrong, por alguma razão.
Um soldado canadense me pegou pelo braço e me jogou no chão, ele tentou cravar uma faca em mim mas segurei o braço dele, rolei para o lado e ele caiu no chão, com isso consegui quebrar o pescoço dele.
Eu precisava achar Axel e minha família, não estavam seguros no meio de toda aquela confusão.
Eu só corria, até que vi um soldado apontando uma arma para uma família inteira, rendendo eles como se fossem animais, eu atirei em suas costas.
Fui ver se estavam bem e para meu alívio, realmente estavam.
- Muito obrigada princesa Lydia.- A mulher disse chorando.
- Da nada, mas pode me chama.- Eu apenas sorri e saí correndo mais uma vez, um soldado jogou uma granada, assim que a vi corri na direção oposta e ouvi a explosão, eu caí no chão e olhei para trás, olhei para todas as direções possíveis para sair dali, havia apenas um pequeno corredor, eu entrei nele e fui correndo rápido, alguém me agarrou e eu me assustei, fiquei aliviada quando vi que era Axel.
Olhei para ele, estava com duas armas na mão, tinha alguns cortes não tão profundos em seus braços, parecia estar agoniado.
- Cadê o resto?
- Estou escondendo todos, os canadenses estão massacrando os ingleses, muitos já morreram hoje.
- Sabe aonde meus pais estão?
- Sim, estão seguros.
- Axel se você escondê-los os canadenses vão continuar aqui.- Eu disse raciocinando, eles não iriam desistir.
- O que?
- Sim, você esconde o povo e eu me livro dos canadenses, ok?
- Eu vou com você, Lorraine pode fazer isso.
- Tá, mas toma cuidado tá bom?
- Eu sempre tomo.- Ele ironizou, nós saímos andando, cautelosamente e silenciosamente, sempre em passos lentos e olhando em todas as direções.
Vi um soldado vindo em nossa direção, ele tentou atirar em nós mas Axel atirou nele primeiro, começamos a andar mais rápido, os corredores do subterrâneo do Londres pareciam não ter fim.
Os soldados se aproximavam com mais cuidado, sabiam que éramos perigosos, até que dois deles chegaram atirando, eu atirei nos dois rapidamente, um deles ainda ficou vivo, se contorcendo no chão, Axel iria atirar nele, mas peguei o braço dele.
- Espera Axel, eu preciso saber uma coisa.
Me aproximei dele, a sua morte era dolorosa e lenta, me senti culpada por aquilo, mas tentei continuar fria.
- Quem te mandou até aqui?- Perguntei, eu vi que ele tentava responder, mas eu sabia que ele não conseguiria me responder, mexi a cabeça e dei mais um tiro nele para que parasse de agonizar.
- Quem acha que planejou tudo isso?- Axel me perguntou.
- Eu não sei, mas tenho suspeitas...vamos, ainda devem ter mais soldados e precisamos ir rápido.
***
- Como foi que você descobriu o subterrâneo Armstrong?!
- Você fica bem melhor com os olhos verdes.- Armstrong disse sarcasticamente, me enrolando, ele sempre me enrola quando eu pergunto algo e eu já estava ficando irritada.
- Não tô nem aí! Eu quero saber como descobriu a droga do subterrâneo?!
- Eu?- Ele perguntou irônicamente.
- Cinquenta homens armados vieram aqui hoje! Canadenses para ser mais precisa! Não se cansa de ser tão desonesto assim?!
- A iniciativa foi de Nathan, não minha, lembre-se de que ele comanda os maníacos, e os canadenses.
- Você com certeza está manipulando ele! É o que sempre faz quando não consegue algo!
Eu respirei fundo, o holograma era tão real que minha vontade era de bater nele até ele sangrar.
- Foi o tal informante, não é?- Perguntei tentando me acalmar.
- Parabéns! Você acertou.- Ele disse rindo.
- Escuta aqui! Você é cínico, hipócrita e estúpido! As grandes nações mundiais repudiam você, e eu juro que vou fazer com que os americanos te repudiem tanto quanto nós.
- Você fala como se fosse inglesa.
- Enquanto você for o presidente, eu não sou americana.
- Agora não é mesmo, é pérfida, esqueceu?
- Dá para parar de me chamar de pérfida por pelo menos um milésimo de segundo?!
- Não.
Revirei os olhos.
- Que se dane.- Desliguei o projetor e respirei fundo, eu já sabia o que faríamos, fui até Axel.
- Eu já tomei uma decisão Axel, sei exatamente o que precisamos fazer e tenho certeza de que vai funcionar se fizermos direito.
- Prossiga.- Ele me disse.
- Nós precisamos ir para um esconderijo na Nova América, com um grupo selecionado de pessoas, assim o informante pode não saber de nada, nós estamos vulneráveis demais aqui.
- E quem vai querer nos ajudar Lydia?
- Axel, nós precisamos tentar, ou é isso, ou a gente fica aqui esperando para morrer!
- E quem exatamente você selecionaria?
- As pessoas das quais menos suspeito.
- E quanto ao esconderijo?
- Nós vamos encontrar um, e vamos planejar algo, algum ataque, não às cidades, eu já me cansei de ver americanos morrendo daquele jeito, se nós formos mesmo atacar tem que ser Armstrong.
- À qual lugar exatamente você se refere?- Ele perguntou, eu sabia que ele achava que era loucura mas eu precisava tentar.
- Ele destruiu o palácio britânico, nada mais justo do que destruir o lugar disponível para que ele tome as decisões que precisa...
Ele pareceu me entender, mas continuou calado.
-...Edifício presidencial Hemmingway, criado para substituir a Casa Branca depois da primeira epidemia da morbo, fica em Nova York e depois do fracasso dos drones, eles não estão sendo utilizados.
- A sua idéia é muito bem calculada, acho que podemos fazer isso, mas não depende só de mim.
- Eu sei, seus pais também, mas essa proposta é irrecusável, todos sabemos o quanto estamos vulneráveis aqui Axel, nós precisamos agir se quisermos ganhar esta guerra.
- Ly, francamente, esta guerra está complicada.
- O que está insinuando?
- E se não conseguirmos vencer.
- Axel tem duas opções, você desiste e morre ou você arrisca e talvez morra, mas se morrer saberá que fez algo pelos que estão com você...não se trata só de nós Axel, Londres inteira também depende disso, nós precisamos fazer isso, por eles.
- Tem razão, eu vou falar com meus pais.
- Ok.
Fiquei andando pelos corredores tranquilos, calma e relaxada, eu tinha certeza de que todos os países que se uniram contra a Nova América venceriam, estava óbvio, mas precisávamos arriscar um pouco, nós corremos um risco, mas eu tenho a esperança de que esse risco valerá a pena.
- Lydia!- Mal pude me virar e já vi Eleanor me abraçar.- Caramba, eu senti a sua falta! Você está legal?!
- Sim.
Vi que Sarah, Irisha e Mabel estavam com ela.
- Lydia, você parece ferida.- Irisha disse confusa, franzindo as sobrancelhas e olhando para o tiro de raspão que eu havia levado, estava enfaixado, claro, mas não deixava de dar uma impressão de fraqueza que eu odiava ter.
- Foi só um arranhão.- Eu disse dando um sorrisinho.
- Ly, você tem coragem mas precisa ter mais cuidado, agora que é maníaca eles a temerão mais do que já temem.- Sarah disse, todas pareciam preocupadas.
- É verdade, você protegeu todos gloriosamente hoje, mas você está se esquecendo de si mesma, você também tem que se preocupar com você.- Mabel disse.
- Eu aprendi que pessoas são frágeis, mesmo as mais fortes, todas precisam de apoio, proteção, amizades, somos fracos, é por isso que eu só uso as habilidades que Armstrong me deu para defender cada um de vocês.
- Lydia tem razão, embora uns sejam mais fortes, somos todos o que somos, apenas seres humanos.- Eleanor disse.
- Eu entendo e admiro a sua vontade de ajudar os outros, você tem um coração de ouro, mas por favor, não se machuque, todos nós gostamos muito de você e não queremos em hipótese alguma ver você morta.- Sarah disse.
- Eu não vou morrer, nem hoje, nem amanhã, nem por esta guerra, acreditem em mim, nós vamos sobreviver.- Eu disse.
- Que bom que crê no futuro, eu realmente espero que tenhamos um, de verdade.- Mabel disse.
- É uma questão de tempo até tudo acabar.- Eu disse.
- Esta guerra não durará muito, eu tenho certeza disso.- Irisha disse.
- Tomara Iris.- Sarah disse dando um suspiro, todas tínhamos esperança, a minha podia não ser a mais forte mas eu sabia que ela estava presente, e enquanto ela existisse tínhamos a garantia que precisávamos para vencer Armstrong, tudo isso vai ser resolvido, tudo voltará a ser bom, nós só temos que acreditar...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora