Jogo das Ilusões: Parte dois

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Eu andava por aquele lugar, as paredes eram de um vidro fosco, que embaçava a visão do outro lado.
Várias silhuetas, sombras, mãos, apareciam, os gritos de socorro não paravam de ecoar pelo ambiente, parecia que nunca iria terminar, até que as paredes daquele vidro começaram a ser socadas violentamente.
Acelerei o ritmo de meus passos, até que uma mão saída do chão puxou meu pé, eu caí, coloquei minhas mãos a frente de meu corpo para tentar de alguma forma amortecer o impacto, me virei rapidamente, quando olhei em volta eu não estava mais naquele lugar, eu estava em uma casa, pintada com um tom de cor-de-rosa fraco.
Vi a mesma rosa branca com os pingos de sangue em um vaso de plantas, em cima de uma lareira, por alguma razão o fogo era azul, a rosa branca como a neve que eu pude perceber que caía atrás de uma janela, foi se tornando vermelha aos poucos, eu me começei a escutar uma música, parecia ser tocada em uma caixinha de música antiga.
Haviam muitos brinquedos infantis empilhados que caíam como uma avalanche, eu já estava tão confusa a ponto de não entender mais nada.
De repente vi uma garotinha, seus cabelos encaracolados e negros iam até a cintura, a pele pálida, parecia ser feita de porcelana, mas ela usava um lápis de olho preto, ela pareceu começar a chorar, mesmo assim sua face continuava inexpressiva, logo ela deu um sorriso perturbador.
- Você quer brincar comigo?- Ela perguntou, sua voz era demoníaca, estranhei e até me sobressaltei um pouco, os brinquedos haviam virado armas, bombas, ela pegou um controle com um botão, arregalei os olhos, ela riu e fez um sinal para que eu ficasse em silêncio.
- Shhhhhhh, agora que a brincadeira vai começar.- Ela gargalhou, eu saí correndo e senti as explosões sacolejarem o local, o chão se rompeu e senti um frio na barriga, percebi que havia caído em águas profundas e azuis claras, eu tentei subir mas eu não conseguia emergir.
Senti algo puxar meus pés, pareciam ser sombras mas eram sólidas, eu já perdia fôlego quando me soltaram, logo um buraco se abriu debaixo da água, sugando tudo, eu fechei meus olhos, não conseguia respirar direito, fiquei assim por algum tempo, mas eu não estava mais dentro da água.
Eu me levantei, minha pele ardia, eu havia ficado debaixo da areia, enterrada, eu corri mas logo barras de ferro se levantaram ao meu redor, me deixando em uma espécie de jaula, eu via sombras, de um instante para outro eu senti dor, parecia que eu tinha acabado de levar uma surra muito forte, vi a mesma rosa branca com o sangue e um homem caminhando de capuz preto.
- Socorro...- Eu sussurrei com a voz falha, eu já não aguentava mais, ele olhou para mim, seus olhos estavam completamente brancos, ele vomitava sangue em grande quantidade, eu dei um grito não tão alto e fechei meus olhos, abraçando meus joelhos, eu estava acabada, senti ficar cercada por um líquido, e não era água, era sangue, eu emergi, era como um rio de sangue, logo foi tudo acabando.
Eu pisquei e quando abri meus olhos novamente eu estava em outro lugar, estava em um lugar com as paredes azul piscina, o chão era espelhado, olhei para meu reflexo, eu estava ensanguentada mas logo o sangue grudado em minha pele foi sumindo.
- Ly?- Ouvi a voz de Axel, olhei para trás e ele estava lá.
- Axel!- Tentei correr até ele mas acabei me batendo no vidro, fiquei tonta e caí de cara no chão, parecia ter pedacinhos de vidro em meus sob meus olhos, passei a mão sob eles removendo o suficiente para abrir os olhos, eu estava de volta ao buraco, estava iluminado, como se alguém tivesse entrado e saído, todos tinham ilusões e gritavam, choravam, murmuravam, eu vi um aparelho grudado na terra e o quebrei, os óculos de todos caíram, era possível ouvir as respirações ofegantes de todos, o calor me consumia, minha testa estava molhada de suor, passei a mão nela, enxugando-a.
- Lydia!- Isle disse, Jared, Logan e Hannah chegaram logo depois.
- Isle...- Eu disse confusa
corri os olhos pelo lugar e não vi minha mãe, nem Axel, nem Adalia, nem Eleanor, nem Missy, nem Patrick.
- Cadê os outros?- Hannah perguntou.
- O Jogo das Ilusões...foi uma distração para que ela sequestrasse integrantes do grupo...- Concluí.
- E para onde ela levaria eles?- Logan perguntou.
- Para o Colosso.- Eu disse.
- Mas Era ficava lá.- Ele retrucou.
- Exatamente.- Afirmei.
- Droga.- Ele disse.
- Pegaram integrantes e estamos presos nessa porra de buraco! Que maravilha!- Jared exclamou.
- Como vamos sair daqui?- Isle pressionou.
- Eu sei lá!- Eu disse.
- Mas eu sei.- Nick e Rid apareceram, Nick mostrou o fone que tinha.
- Valeu Nick.- Eu disse pegando o fone, iniciei uma chamada com Isabelle.
- Nick?- Ela perguntou.
- Quer uma novidade Corine? Nick está morto...seu jogo matou ele.
- Não sou idiota Lydia.
- Vamos ao que interessa, cadê os outros?
- Sua mãe? Seu namorado? Meu marido traíra e suas amigas? Ah...estão aqui, todos eles.
- O que você quer para deixá-los ir?
- É simples, você só tem que se entregar, aí deixo eles irem, eu só preciso de você como martír, quero que tenha uma morte extremamente lenta e dolorosa.- Ela gargalhou, tive nojo mas me controlei.
- Eu me entrego.- Eu disse.- Aonde você está? Nick foi leal a você e não nos contou sua localização.
- Meu garoto...estou em Nova Chicago Lydia, a sua cidade amada, estou no Colosso, o edifício mais alto da cidade, venham sozinha e desarmada, caso contrário, seu namoradinho é o primeiro a ser mandado pro inferno.
- Faça o que você quiser comigo Corine, mas deixe-os.
- Apenas siga as instruções e analisarei sua condição.
- Tudo bem...- Ela desligou o fone.
- Vai mesmo se entregar?- Logan perguntou franzindo a testa, com um ar de tristeza.
- Vou...mas não do jeito que ela espera...eu vou me entregar mas vocês prometam que vão matar ela em seguida.
- Espera aí Lydia, você não vai deixar que ela mate você, vai?!- Jared perguntou.
- É o único jeito de mantê-los vivos...- Eu disse.
- Lydia não...- Rid disse.
- Foi mal "caralhinho"...mas eu preciso fazer isso.
- Ly isso é suicídio!- Isle disse.
- Pensa na Eleanor...Jared, pensa na Adalia...Rid e Nick, pensem no tio Pat...pensem em quem amam.
- Lydia...nós nos apegamos muito a você, já é uma heroína só por esse fato...você se tornou uma rebelde, se opôs ao presidente, e lutou, mesmo não sabendo que esse poderia ser o seu final...você só arriscou...Ly, vamos sentir a sua falta se você morrer.- Hannah disse.
- Hannah, todos vamos morrer um dia...se for para morrer por vocês, pelas pessoas que eu amo, eu morro orgulhosamente.- Logan balançou a cabeça negativamente e me abraçou, logo todos foram me abraçando também, estávamos unidos, mais do que nunca, eu peguei o fone novamente, esperei que se afastassem, os olhos de Hannah lagrimavam, eu dei um suspiro e iniciei uma chamada para o rei Johan.

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora