A cena

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Uma semana se passou tranquilamente, ao contrário do que imaginei, a vida no palácio e as ocupações como princesa da Nova Inglaterra não eram ruins, eram chatas mas se tornavam boas pelo simples fato de eu saber que estava ajudando os ingleses, o acordo funcionou melhor do que eu esperava, a trégua havia dado um tempo ao sofrimento da população e tivemos mais tempo para ter a morbo como foco principal, a situação era avassaladora e isso me preocupava muito, a Oceania inteira estava contaminada e o número de maníacos canadenses só aumentava.
Eu tinha muita coisa na cabeça e não sabia com o que me preocupar mais...eu andava com Eleanor tranquilamente pelos jardins do palácio, a noite estava estrelada, porém melancólica, apesar dos assuntos mais irônicos e engraçados sobre os quais eu conversava com Lea, ela sempre sabe como tentar melhorar o meu humor.
- E como vão as coisas com o Theodore?- Ela perguntou.
- As suspeitas com Lisbelle estão cada vez piores, ela só nos dá informações fúteis, mas nós dois sabemos que ela sabe de algo pior.- Eu respondi.
- Ela é uma vadia louca, o que acha que ela pode saber?
- Eu não sei, mas tenho certeza de que é algo muito ruim.
- Noite maneira não é Eleanor?- Vi Isle parado perto de um arbusto.
- Muito.
- A gente podia ir para outro lugar.- Ele propôs com um sorriso malicioso no rosto.
- Ly...pode me dar licença?
- Claro, aproveita.- Eu pisquei e ela riu, entre risadas os dois desapareceram entre o jardim escuro.
Eu fui andando e observando, as rosas, os lírios, lembrei sobre como meu avô, Elliot gostava delas, pouco antes de falecer ele costumava dizer que minha mãe era uma flor, uma lenda, que era feita de ouro, eu nunca duvidei dele, minha mãe é a mulher mais forte que conheço, sem a menor sombra de dúvidas, ela lutou, guerreou, batalhou, sofreu e sobreviveu, hoje vive bem, com o homem que ama e com uma filha, a filha que ainda nem sabe o que ou quem realmente é.
Eu subi as escadas do palácio, o ambiente iluminado me trazia uma sensação ótima.
Eu andei por um dos corredores.
- Tem uma solução príncipe Theodore.- Ouvi a voz de Lisbelle e por plena curiosidade fui ver, por sorte ou azar a porta estava encostada.
- Lisbelle eu não estou brincando! Eu sei que você sabe de algo que pode ser importante! Por que hesita tanto em dizer?!
- Theo...esquece essa guerra...você precisa de diversão.- Ela o empurrou contra a parede e o beijou, eles se beijaram por um tempo, mas ele a empurrou levemente.
- Está louca?- Ele perguntou nervoso, ele olhou para a brecha da porta e me viu.
- Lydia?
Eu saí correndo e senti meus olhos marejarem.
- Ly!- Ele puxou meu braço.
- Axel me deixa em paz!
- Você viu?
- É claro que vi seu estúpido!- Puxei meu braço.
- Lydia, não tire conclusões precipitadas.
- É assim que consegue informações?!
- Não! Me deixa explicar! Por favor!
- Eu quero um tempo pra pensar só me deixa em paz!
- Lydia foi ela quem me beijou e eu empurrei ela!
- Até quando quer fingir que está tudo bem Axel?!
- Lydia eu amo você!
- Acha que eu não te amo?! Eu mudei a minha vida radicalmente principalmente por sua causa!
- Tem razão talvez eu tenha feito besteira te trazendo para cá!- Ele disse.- Você queria me deixar irritado?! Conseguiu!
- Falou, eu vou dar uma volta, eu preciso pensar.
- Como assim dar uma volta?
- Dar uma volta na cidade tudo que deixe a minha mente mais calma.
- Lydia...não, não foi isso que eu quis dizer.
- Que se dane Axel.
- Gente, está tudo bem aí?- Lorraine perguntou.
- Vaza daqui Lorraine.- Eu disse.
- Desculpa Lydia e Theo...- Ela saiu andando lentamente.
- Ly você não precisa fazer isso.
- Você consegue suas informações e eu só dou uma volta Axel.- Eu disse abrindo os portões do palácio.
- Você prometeu que não me deixaria sozinho.
- E você me iludiu me fazendo achar que eu realmente era a única.
- Lydia, foi ela, eu nunca sequer pensei nisso ok? Foi a Lisbelle.
- Axel eu tô com muita coisa pra pensar, e eu preciso organizar meus pensamentos se não eu vou acabar enlouquecendo.
- Se sair por estes portões eu não poderei mais protejer você.- Ele disse com os olhos marejados.
- Eu nunca precisei da sua proteção.- Eu disse fria e saí do palácio, eu andava pelas ruas quase vazias de Londres, sem rumo, sem saber o que pensar.
Eu não sabia o que pensar sobre: Axel, nem sobre Londres, nem sobre suas verdadeiras intenções com Lisbelle.
Eu me sentia irritada, enfurecida, não queria olhar para a cara de ninguém, eu só queria andar, respirar um pouco de ar puro e ficar completamente calada, sem pronunciar sequer uma palavra e não dirigir nenhuma delas a ninguém, a noite continuava estrelada, várias naves continuavam voando e os carros todos estacionados em fila, uma fila perfeitamente alinhada.
Eu não quero voltar para o palácio, não agora, quero ficar sozinha até minha raiva passar, até lá já terei decidido o que fazer.
- Princesa Lydia Sparks Rogers, é uma grande honra vê-la pessoalmente.
Me virei e vi uma garota, os olhos verdes dela brilhavam mesmo com a escuridão, eu estava desarmada e sabia que ela não podia ser inglesa, ela com certeza era uma "enviada".
Começei a dar passos para trás lentamente.
- O que você quer?- Perguntei assustada.
- Nada, pelo menos não eu, mas meus chefes, eles sim querem algo.
- Chefes?- Eu perguntei tentando disfarçar o medo que eu sentia.
Ela riu de um jeito que me assustou mais ainda.
- Tudo será revelado em seu devido tempo, por enquanto, você vem conosco.- Ela fez um gesto, como se tivesse alguém atrás de mim, antes que eu pudesse me virar para ver, algo atingiu minha cabeça, eu estremeci e caí no chão, vi outro maníaco com um taco de basebol ele deu uma gargalhada e acertou minha cabeça novamente, senti minha vista escurecer aos poucos, eu tentei me levantar rapidamente mas fui atingida pela terceira vez e tudo ficou escuro...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora