Maníaca

1.1K 123 11
                                    

Acordei como se estivesse dormindo há muito tempo, minhas pernas estavam dormentes mas aquilo não me incomodava nem um pouco.
Olhei para o lado e um garoto dormia em uma poltrona ao meu lado, eu me assustei e me sentei, aquele lugar não era o palácio, nem minha casa, era diferente, vários pensamentos vieram a minha cabeça, foram como tiros consectivos, eu não sabia o que pensar, eu não sabia nem aonde eu estava, eu não sabia quem aquele garoto ao meu lado era, mas eu sabia que ele podia ser perigoso, me levantei correndo e peguei um canivete que vi em cima de uma mesa.
- Lydia?
Olhei para ele confusa e apontei o canivete para ele, ele levantou as duas mãos.
- Ly, está tudo bem, sou eu, Axel.- Ele disse, com certeza sentia medo, e por alguma razão, mesmo que eu quisesse matá-lo, eu não conseguiria, algo me impedia de fazer isso.
- Axel?- Ao pronunciar o nome dele, me lembrei de quem ele era, lembrei de tudo, dos últimos acontecimentos, da câmara, de Armstrong, tudo.
- Axel...- Eu me acalmei, larguei o canivete e abraçei ele.
- Ly, você está...bem mais forte agora.- Ele disse e eu me afastei assustada.
- Como assim?- Perguntei confusa.
- Sua mãe, aplicou uma coisa em você, você está mais forte, sua força é extremamente descomunal.
Eu mexi a cabeça e me assustei ao me deparar com o espelho.
- Eu sou maníaca...eu não esperava acordar assim.- Eu dei um suspiro.
- Ly, ninguém liga se você é maníaca ou se é mais forte do que o normal, o importante é que você está viva.
- Eu quero ver meus pais, agora!
- Calma, eu te levo lá.- Ele pegou minha mão e me acalmei no mesmo instante, segui ele pelos corredores, tão estreitos que davam agonia.
- Aonde estamos?- Eu perguntei curiosa.
- No subterrâneo de Londres, a população inglesa inteira que ainda está saudável está aqui.
- E os maníacos?
- Não desprezamos os maníacos, mas o número de enviados ainda é grande.
- Maníacos ainda são humanos, se não concordar faça o favor de me matar.
- Você está mudando Lydia, seu novo raciocínio está te mudando.
- Eu me sinto diferente, e estranha, eu posso afirmar que quase não me lembro como é ser uma humana, é como se eu tivesse sido maníaca a vida inteira.
- Você era humana.
- E você está me tratando como se eu fosse um monstro.- Ele parou de andar e me olhou, como se tivesse ficado ofendido com o que eu disse.
- Ly, não é isso, eu vou lhe falar a verdade, achei que estivesse fria e cruel e ainda tenho medo que isso aconteça.
- Não tem motivos para ter medo de mim, eu continuo sendo a mesma Lydia, eu só mudei muito minha forma de pensar mas isso não interfere em quem eu sou Axel.
- Prova.
- O que?
- Que posso confiar em você.- Ele disse, notei que ele estava segurando uma faca, ele realmente tinha medo de mim, eu não queria machucá-lo, me aproximei dele ficando a centímetros de distância do seu rosto.
- Eu ainda não morri Axel, eu estou aqui e continuo sendo a mesma.
Ele soltou a faca, colocou as duas mãos na minha nuca e me puxou com força para que nos beijássemos, eu retribuí o beijo, parecia que eu era viciada nos beijos dele, e depois que eu virei maníaca, eu estava ainda mais louca por aquilo, apertei seus braços levemente com minhas mãos,
Nós nos beijávamos como se precisássemos daquilo de novo, como se o tempo em que nos distanciamos tivesse sido uma barreira, eu sentia que perdia oxigênio, mas resolvi ignorar, o soro me dava vantagens inimagináveis, mas ele também perdeu o oxigênio e me soltou.
- Senti tanto a sua falta Lydia.- Ele disse sorrindo.
- Eu também senti a sua, mesmo em coma.- Ambos rimos.
- É chato ficar sem uma louca reclamando e falando coisas sem sentido no meu ouvido.- Ele ironizou.
- É chato dormir o tempo todo.- Retruquei no mesmo tom de ironia.
- Somos muito chatos.
- Eu sei, isso porque eu sou maníaca agora.
- Não parece, só de vez em quando.
Ele sorriu irônicamente.
Me levou até a sala em que meus pais estavam.
- Lydia!- Minha mãe se levantou e me abraçou com força, meu pai fez o mesmo.
- Oi gente.- Meu pai olhava para meus olhos como se estivesse com medo.- Eu não vou machucar ninguém pai.
- Desculpe filha.
Minha mãe sorria, eu olhei para ela.
- Mãe, o que fez comigo?
O sorriso no rosto dela desapareceu.
- À que se refere?
- À força que carrego agora.
Ela olhou para meu pai, que baixou o olhar.
- Eu tive que aplicar o soro de Era em você Lydia, caso contrário você morreria, além disso, eu não faço idéia de como se transformou em maníaca.
- Foi Armstrong...além disso, tenho informações importantes, ele me falou sobre um informante aqui na Nova Inglaterra, por isso ele sabe tanto sobre nós.
- E quem seria esse informante?- Axel perguntou franzindo as sobrancelhas.
- Eu não faço a mínima idéia, só sei que está entre nós, e pode ser qualquer um nesse subterrâneo, é alguém próximo a nós, pelo que suspeito.
- Como vamos achar o informante?- Meu pai me perguntou.
- Acompanhando os atos de cada um, é possível descobrir quem é através de suas ações.- Respondi ao mesmo tempo que fazia uma proposta.
- Faz sentido.- Minha mãe disse.
- Talvez, seja possível.- Axel disse.
- Temos que organizar os passos:
Um: Encontrar o informante.
Dois: Matar Armstrong.
Três: Vencer a guerra.
- E como tem tanta certeza de que conseguiremos?- Meu pai perguntou sorrindo com o que ouvia.
- A guerra já tem vencedor definido...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora