Revelações

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Eu estava na sacada do quarto em que eu estava hospedada, a noite triste e o vento gelado me afligiam, minhas lágrimas caiam em minha blusa, eu tinha acabado de escutar uma notícia dos meus país, estão sofrendo muito e é tudo culpa minha, eu não quero mais viver, não assim, não com essa culpa, não traindo meu país, eu não quero mais respirar, nem sentir meu coração batendo, nem sentir o sol ou o vento batendo em minha pele, eu quero ir para debaixo da terra e finalmente ter paz, eu subi em cima da beira da sacada, olhei para o chão, parecia uma boa altura, boa o suficiente para que me matasse logo, eu estava prestes a pular quando ouvi batidas na porta, tentei ignorar.
- Serenity? Abra a porta.- Era a voz de Theodore.
"Droga" eu pensei, eu tentei ignorar mas ele continuava batendo.
- Serenity se você não abrir a porta eu vou arrombar a porta e isso não será muito bom.
Eu enxuguei as lágrimas e abri a porta.
- O que foi?- Olhei para ele tentando disfarçar.
- Alguns guardas do lado de fora a viram tentando pular, e estava chorando...por que?
Aquele "por que" caiu como uma bomba em mim, eu começei a chorar novamente e abraçei ele.
- Eu não aguento mais Theo...me deixa pular e acabar logo com isto.
- Acalme-se.- Ele entrou no quarto e fechou a porta, fechou a porta da sacada e se sentou na frente dela.- O que aconteceu?- Ele me perguntou.
- Meus pais...- Eu disse enxugando as lágrimas.
- Dói?- Ele me perguntou franzindo as sobrancelhas.
- Muito.
- Você precisa se acalmar...
- Eu não quero me acalmar!
- Serenity não...
- Não me chame de Serenity!- Ele ficou quieto me encarando.- Lydia...o meu nome é Lydia Sparks Rogers.
Ele continuou quieto e olhou para o chão.
- Axel...- Ele sussurrou.
- O que?
- Meu verdadeiro nome, é Axel Harrison.
- Por que mudou seu nome? Eu precisei fugir de um país, mas você nunca precisou disso.
- Acha mesmo que os ingleses iriam gostar de um príncipe chamado Axel?- Ele perguntou irônicamente e eu ri.- Meu pai se preocupa muito com a nossa imagem, o que você é na visão de outras pessoas é importante para ele.
- Isso não é verdade.
- Na visão dele é.
- Axel é bem mais legal que Theodore, na minha opinião.
Ele riu e eu dei um sorrisinho, tentando me recuperar.
- Que bom que pelo menos você me entende.
- Eu costumo entender as pessoas, as pessoas que não costumam me entender.
Ambos rimos, mas logo meu sorriso desapareceu.
- Axel eu vou te fazer uma pergunta e preciso que você me responda com toda a franqueza do mundo.
- Claro, pode perguntar.
- Você confia em mim?
Ele começou a rir.
- Você foi a única para quem eu disse meu verdadeiro nome até hoje, só meus pais e minha prima Mabel sabiam o meu nome, agora você sabe também.
- Você sempre acreditou em mim, por que?
- Porque sei que você não faria nada de mal a ninguém aqui, está quase estampado em sua testa, mas a maioria dos ingleses no palácio é cego.
- Obrigada...por tudo, Axel.
- De nada Lydia...eu vou mandar que supervisionem a sua sacada, caso você tente pular de novo, apenas relaxe ok?
Eu começei a rir.
- Tudo bem.
- Tchau Ly.
- Tchau Axel.- Ele se levantou e ia sair do quarto.- Espera, Axel.
- O que foi?
- Lembra do que eu disse, sobre te odiar?
- Tem como não lembrar?- Ele perguntou irônicamente.
- Foi da boca pra fora, você até que é gente boa.
Ele riu.
- Obrigado, você é também é "gente boa".- Ele disse fazendo aspas com os dedos e eu revirei os olhos, ele deu um sorriso e fechou a porta.
Eu fui ao toalete, tomei banho e troquei de roupas, logo depois vi que tinha uma rosa vermelha em cima da mesa de cabeceira, minha flor predileta desde quando eu era pequena, minha mãe também ama rosas, e aquilo me lembrou dela, vi que havia um bilhete.

"Cara Lydia

Isto é só o começo de uma ótima amizade.

Um abraço, Axel."

Ao terminar de ler eu sorri, Axel não era o idiota que eu achei que fosse, ele nunca foi um idiota, ele é mesmo bem legal e me acolheu muito bem desde que cheguei, e tudo o que faço é reclamar, eu deveria agradecer a ele, então prometi a mim mesma que tentaria ser mais gentil com todos no palácio...ou pelo menos tentaria ser.
Eu me lembro de uma coisa que minha mãe me disse quando eu era pequena: "Tudo tem uma história".
Talvez eu só precise tentar recriar parte da minha história aqui, nesse país hostil em que todos me odeiam, eu preciso tentar ajudá-los a vencer a guerra, preciso ao menos tentar fazê-lo...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora