Cidade dos maníacos

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Me levantei do chão, o lugar era escuro e sombrio, eu olhei para a grama ela era preta por alguma razão, as rosas eram brancas e estavam manchadas com sangue, eu ouvia murmúrios, sussuros, lamentações, percebi que estava à beira de um abismo, o brilho pálido e fraco da lua iluminava pouco o lugar, eu não sabia aonde estava, vi que estava com um vestido branco e que estava ensanguentada, eu não entendia o "por que".
- Lydia?- Escutei meu pai me chamar e corri para abraçá-lo.
- Pai...- Eu sussurrei.
- O que está fazendo aqui?- Ele me perguntou.
- Eu não sei.
- Acho que precisa tomar cuidado Lydia.
- Por que?
- Ele vai matar você.- Meu pai disse apontando para Armstrong.
Ele deu uma gargalhada e tudo começou a desabar, tentei me segurar, vi um maníaco se aproximar de mim com uma arma, ele deu um tiro na minha cabeça e eu caí em meio à escuridão...
Acordei com a respiração ofegante, meu coração batia rapidamente, eu estava muito assustada, tinha sido só um pesadelo, eu me sentei na cama.
- Ly?- Axel disse preocupado.
- Oi Axel.- Eu disse dando um suspiro.
- Ly já é o seu quarto pesadelo esta noite, tem certeza de que está tudo bem?
- Foi mal.
- Não precisa se desculpar, ok?- Ele se sentou ao meu lado e me abraçou.- Está tudo bem Ly, nada vai acontecer com a gente, ainda estamos vivos.
- Obrigada Axel.
- Quer conversar para esquecer isso?
- Eu não sei.- Eu disse rindo um pouco.
- Você é confusa demais sabia?- Ele disse em tom irônico.
- Não mais do que você.- Eu disse dando um sorriso.
- Não sou confuso.
- Que seja.- Eu disse rindo.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- O que nós vamos fazer agora?
- Bom já está quase amanhecendo, podíamos ir para a cidade, não acha?
- Talvez seja bom que a gente vá.
- Pelo que sei está quase deserta.
- Sei disso, está perigoso, tudo está quase abandonado, os habitantes se escondem como ratos.- Afirmei.
- E se pudéssemos ajudar essas pessoas? Colocar elas do nosso lado.
- Colocar os americanos contra Armstrong? Nem precisa, eles já o odeiam, alguns argumentos para convencê-los já bastam.
- Você é daqui, sabe como conversar com americanos melhor do que eu, eles vão te escutar.
- Quem sabe você tenha razão.
- Lydia, podemos fazer isso, você consegue, nós vamos até os destroços do Hemmingway, nós vamos conversar com os habitantes dessa cidade, podemos formar um novo exército aqui na Nova América, Armstrong vai padecer não tem jeito...podemos finalizar essa guerra mas para isso eu vou precisar da sua ajuda, está comigo?
A proposta dele era muito boa, ele tinha razão, se criássemos um exército Armstrong não resistiria.
- Estou com você...
***
Eu andava pela cidade quase abandonada, Nova York, antes tão movimentada agora não passa de uma estranha terra silenciosa e cruel.
Eu já não tinha mais o chip em meu pescoço, não tive que me preocupar com aquilo, Mikuno e Kai caminhavam em silêncio, Justine, Sarah, Irisha e Callyssa conversavam, as únicas vozes naquela cidade destruída eram as nossas, Axel parecia indignado com a situação, o mundo caído ao nosso redor era apenas o começo, às vezes a impressão dada é que a guerra nem começou direito, nós mantemos contato com a rainha Caitlyn e com o rei Johan, eu apenas observava o cenário terrivelmente devastado pela tirania e pela crueldade de apenas um homem.
Embora eu odeie admitir, a humanidade é realmente cruel, nós nos esquecemos que somos iguais, criam armas, incitam a violência, se esquecem de que deveríamos ser todos como um só, a vida chega a ser estranha quando se pensa assim mas eu não posso evitar.
Ouvi Fionna disparar um tiro e vi um homem cair de um prédio.
- Por que você fez isso?!- Perguntei me preparando para caso ela tentasse me atacar, ela está conosco mas eu não confio muito nela.
- Não era um cidadão, era um espião, droga...corre!- Ela apontou para o céu, vi uma nave com a bandeira do Canadá pendurada.
Vários maníacos com paraquedas começaram a pular dela, eu segurei minha arma firmemente e começei a correr, eles começaram a tentar atirar em nós com metralhadoras.
- Axel, corre junto com o grupo, eu dou cobertura!- Eu disse ofegante, não importava o quanto a gente corresse, eles sempre eram mais rápidos e quase nos alcançavam.
- Ly, você não pode...
- Vai logo!- Eu esbravejei enquanto atirava em alguns maníacos que tentavam atirar no grupo, eles desviavam dos projéteis com uma velocidade incrível, e eu tentava não levar um tiro.
Lembrei que havia uma granada em minha mochila, joguei a arma que segurava na cabeça de um deles, que caiu no chão, eu tirei o pino da granada rapidamente e a joguei com força contra eles, alguns morreram mas eles continuavam correndo atrás de nós.
Eu vi um míssil atingir a nave deles e olhei para trás rapidamente, me surpreendi quando vi Missy segurando uma bazuca, ela ria e comemorava enquanto via a nave explodindo como se tivesse ganhado um jogo, os maníacos que restaram aparentemente não estavam armados, eu vi um deles sorrir de um jeito diabólico e pegar um aparelho que tinha vários botões, era como um controle remoto, eu percebi o que era, arregalei os olhos.
- Lydia corre!!!- Missy disse enquanto os outros corriam, começei a correr o mais rápido que pude, o chão explodiu me jogando para longe, eu me bati violentamente em um prédio, haviam algumas queimaduras em meus pés e pernas mas eu não me importei, rasguei o casaco que usava em duas partes e enfaixei a mim mesma.
Ele apertou um outro botão e o prédio em que eu estava começou a cair, ele cairia em cima de mim, eu corri o mais rápido que pude mas vi que não daria tempo, me virei e assim que os destroços caíram em cima de mim eu os segurei com as mãos e os joguei para longe.
Vi que eles ficaram enraivecidos e pegaram algumas facas, eu corri o mais rápido que pude, um deles iria atacar Rid, ele não conseguiria correr o suficiente para não ser esfaqueado, eu pulei em cima do maníaco e quebrei seu pescoço com as mãos, vi através do vidro espelhado da loja a nossa frente, que um maníaco iria cravar a faca na minha cabeça, eu me virei e segurei a faca e o empurrei, um dos maníacos tentou atacar Logan, ele estava desarmado, não tinha como se defender, eu joguei a faca na cabeça dele e Logan pareceu surpreso, um maníaco me agarrou pelas costas e me jogou com força no chão, ele deu um soco no meu estômago, eu o chutei e arremessei ele através de uma vitrine que se partiu em milhares de pequenos pedaços, eu pulei para dentro da loja e peguei uma tesoura, cravei a tesoura no pescoço dele, e assisti ele morrer.
Eu saí da loja correndo, Irisha lutava contra alguns maníacos eu joguei um deles no chão e o joguei para Missy, que cravou uma faca em suas costas.
- Você não consegue viver sem uma arma não não é?- Missy perguntou irônicamente enquanto me dava um revólver carregado.
- Mais ou menos.- Eu ironizei.
- Vocês precisam ir se tratar.- Isha disse em tom sarcástico.
- Eu sei, é horrível.- Missy disse.
Nós rimos, eu vi um maníaco atrás de Isha com uma faca.
- Irisha cuidado!- Eu disse atirando nele, ela parou de falar.
- Droga...- Ela sussurrou enquanto o sangue escorria para fora de sua boca.
- Irisha!- Eu disse segurando ela.
- Isha o que foi?!- Missy perguntou.
Percebi que havia uma faca cravada em seu pescoço, eu tirei a faca.
- Irisha, respira...respira.- Eu dizia, ouvia tiros mas eu prestava atenção nela, Isle chegou correndo.
- Isha!!! Isha, o que está acontecendo?!- Ele perguntou.
- Desculpe irmão...diz para os nossos pais que eu tentei...- Ela disse.
- Não, não, Irisha que papo é esse?! Por favor não faz isso com a gente, precisamos de você Isha!!!- Ele disse com os olhos marejados.
- Isle...acabou...- Ela sussurrou, ela parou de respirar e seus olhos perderam a vida.
- Irisha!!!!- Noah gritou.
Callyssa chorava muito, deve ser horrível para eles, eu dei um suspiro.
Os canadenses tiraram mais uma vida americana.
Olhei para Axel, ele estava com a mão tapando parte da cintura.
- Você está bem?- Ele perguntou.
- Estou...o que foi isso?- Perguntei em tom de nervosismo, ele respirou fundo mas não mostrou o que tinha acontecido, puxei a mão dele levemente, vi um ferimento, sangrava muito, parecia um tiro.
- Axel o que houve?!- Perguntei nervosa.
- Foi um tiro de raspão, está tudo bem.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Tudo bem.
- Isle, Callyssa e Noah estão arrasados...o que aconteceu?
- Eu não pude protegê-la.- Eu disse baixando o olhar.
- Ly, não se culpe.
- Axel a culpa foi minha, se eu tivesse sido mais rápida eu teria salvado Irisha.
- Shhhh, Lydia, não diga essas coisas, eu odeio quando diz isso, não subestime a si mesma, a culpa não foi sua, foi o maníaco que a matou.
- Eu sei mas...
- Ly, não tem "mas".- Ele disse me beijando e sorrindo.- Você foi valente, reconheça isso.
- Não dá.- Eu disse rindo.
- Eu acredito em você...para mim isso já basta...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora