A travessia

966 104 3
                                    

- Tudo bem, no três a gente pula...- Eu disse olhando para as águas pareciam estar geladas, o azul escuro do lago Hudson movia-se serenamente.
- Ly, eu acho que não sei nadar bem.- Missy confessou nervosa.
- Somos maníacas, nós conseguimos.- Respondi respirando fundo, ela se acalmou e apertou minha mão deixando claro que sentia medo.
- Estou pronta.- Ela disse fechando os olhos.
- Um...dois...três...- Contei e me joguei nas águas, o impacto fez com que minha pele ardesse levemente, a água estava fria como imaginei, emergi da água e vi que Missy estava desconfortável, como se odiasse o azul escuro que nos cercava.
- Missy?- Chamei, ela olhou para mim franzindo as sobrancelhas eu continuei séria.
- Vamos começar a nadar, caso contrário chegaremos apenas de noite.
- Estamos na metade do rio...
- Por isso precisamos nadar o mais rápido que pudermos.
Ouvi o barulho de mais naves chegando.
Elas começaram a tentar atirar em nós.
- Missy, prende a respiração!- Ela obedeceu ainda nervosa mergulhei e saí nadando com ela, eu segurava sua mão com força, isso nos daria tempo, pois as águas eram escuras demais para que nos enxergassem, as águas prenchiam meus pulmões, eu tentava aguentar tranquilamente mas a agonia causada por aquilo estava acabando comigo.
Escutei um forte estrondo e emergi da água com Missy rapidamente, a respiração dela era pesada, vi que do outro lado do rio, um dos integrantes havia derrubado uma nave, que caiu em cima da ponte, nós começamos a nadar desesperadamente, parecia que aind estávamos muito longe de alcançar o ponto em que queríamos chegar, eu já me cansava de tanto nadar, eu ouvia Missy nadando rapidamente, ela me passou e foi nadando, eu tentava ir o mais rápido que podia, a velocidade adquirida com a morbo ajudou um pouco, demorou muito, mas quando percebi que estávamos quase chegando do outro lado do rio um alívio tomou conta de mim, uma nave ainda atirava no outro lado do rio, atiraram na nave e a explodiram, pedaços dela caiam muito em vários lugares, um dos pedaços iria cair perto de nós.
- Cuidado!- Ouvi Missy dizer e me empurrar, um pedaço caiu na cabeça dela, fiquei assustada e imediatamente angustiada por que ela desmaiou e começou a afundar.
- Missy!- gritei, e mergulhei, eu não conseguia enxergar nada debaixo da água, de vez em quando eu podia ver apenas mechas de seus cabelos castanhos, até que consegui localizá-la, puxei seu braço e a levei para a superfície, ela continuava desmaiada, começei a nadar segurando sua mão, nadei com menos rapidez para que seu rosto não afundasse em nenhum momento, minutos longos e atormentadores se passaram, pensei na razão de ela ter se sacrificado por mim, eu conheço Missy há pouco tempo, mas já sinto que ela é quase uma irmã para mim fiquei imaginando se ela também sentia como se eu fosse irmã dela, eu começei a me odiar proporcionalmente e temporariamente, apesar de tudo, dirigir carros e explodir naves, Missy ainda é uma criança, eu deveria protegê-la e não deixar que fizesse qualquer tipo de sacrifício por mim, é estranho, o que podemos fazer para proteger alguém que gostamos.
Eu vi que estávamos chegando perto, eu respirava com muita dificuldade, sentia meus pulmões arderem, embora estivéssemos na água eu podia sentir o calor de uma gota de suor escorrendo por meu rosto, o sol ainda queimava nossas cabeças, eu queria mergulhar mas temia por Missy então continuei nadando firmemente.
- Ly!!!- Ouvi Axel dizer, eu já estava perto da beira.
Levantei Missy para que a pegassem primeiro, logo depois minha mãe veio correndo e me ajudou a sair da água.
- Filha!- Ela exclamou sorrindo aliviada e tranquila, ela me deu um beijo na testa.- Que bom que conseguiu!- Ela dizia de um jeito animado, sua alegria era presente e eu me senti feliz pela felicidade dela.
- Ly...- Axel sussurrou e se aproximou, ele começou a acariciar meu rosto, me levantei rapidamente e o beijei apaixonadamente, eu não tinha fôlego mas eu nem ligava, ele começou a rir maliciosamente.
- Devagar aí, você nadou demais e perdeu muito oxigênio.
- Que se dane.- Beijei ele novamente e ele pressionou meu corpo contra o dele e foi aprofundando o beijo, eu agarrava seu pescoço com força, ele passava as mãos pelas minhas costas, o beijo apaixonado de antes foi se transformando em um beijo selvagem e quente, eu não queria parar.
- Gente eu odeio interromper os dois mas precisamos continuar.- Logan disse, tinha uma firmeza em sua voz, como se estivesse realmente disposto a chegar em Plattsburgh.
- Logan deixa eles.- Hannah disse com uma voz dócil.
- Logan tem razão, precisamos ir.- Axel disse.
- Estamos logo atrás de você Theodore.- Logan disse dando um sorrisinho.
Nós partimos, andávamos em direção à Plattsburgh, eu sentia que quando chegássemos lá as coisas melhorariam muito...
***
Avistei ao longe a silhueta de alguns prédios e casas ao longe.
- Plattsburgh!- Eu disse entusiasmada e ao mesmo tempo agradecendo a Deus por termos finalmente chegado lá, nós andamos por dias e dias consecutivos, eu já não sentia mais minhas pernas, nós comemoravamos alegremente a chegada em Plattsburgh, mais uma vitória, eu estava tão indescritívelmente aliviada que sorria o tempo todo, Axel parecia feliz também, ele passava as mãos pelos cabelos e mexia a cabeça incrédulamente, ele riu e me beijou do nada.
- Conseguimos Ly.- Ele sussurrou, eu sorria e coloquei as mãos em seu rosto macio.
- Conseguimos.- Eu confirmei assentindo levemente e beijando ele, finalmente chegamos na fronteira, não sei quais são os planos de Axel agora mas eu tenho a mais pura certeza de que desta vez nós não vamos falhar, Armstrong já perdeu esta guerra há muito tempo, como pude ser tão cega? Como pude não enxergar antes? Tudo nos traria a isso, o destino está se virando ao nosso favor, e eu me sinto lisonjeada por ter sido escolhida pelo destino, estou destinada a matar Scott Armstrong, me comprometi com o objetivo de minha vingança e da salvação de meu país, me lembrei do juramento que fiz.
- Eu vou honrar a minha palavra pai...- Eu disse em voz baixa para mim mesma, levei dois dedos aos meus lábios e os beijei, logo depois colocando eles em cima de meu coração que batia aceleradamente, era o que ele costumava fazer quando me prometia coisas, eu parei de dar um sorriso largo com a alegria e dei um sorriso leve com sinceridade.- Eu prometo...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora