A epidemia

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Acordei, olhei ao meu redor, tudo iluminado pela luz do dia, eu fui andando pelos corredores até que vi Axel em uma das sacadas, ele parecia extremamente nervoso.
- Axel?- Sussurrei, ele olhou para mim quase instantaneamente.
- Ly!- Ele me abraçou com força, algo estava errado com ele, sua aflição era visível.
- O que aconteceu?- Perguntei.
- Algo terrível.
- Mais algum ataque?
- Não...é bem pior...acompanhe-me.
"O que pode ser pior do que um ataque?" Pensei.
Ele me guiou até uma sala com uma tela, ele ligou a tela e um olho verde apareceu, eu me surpreendi instantaneamente, não podia ser...
- No ano dois mil e vinte e três surgiu uma epidemia criada em laboratório, chamada morbonervosi, ou morbo, como costumavam chamar, a doença atacava o sistema nervoso, e no início controlava as ações e falas da pessoa.
- Eu sei disso Axel, mas o que isso tem a ver conosco? Com o mundo?
Ele respirou fundo, como se estivesse tentando se preparar para o que diria a seguir.
- A epidemia voltou, as suspeitas são, um experimento não autorizada pelo governo que deu errado, a nova forma da morbonervosi está bem mais agressiva, as pessoas raciocinam, pensam e falam, mas dependendo do que pensam vão usar a violência para conseguir o que querem, eles tem um temperamento e um gênio extremamente forte, são cínicos, frios, calculistas, cruéis e se decidem matar alguém ou fazer essa pessoa sofrer, eles o fazem sem a menor piedade.
Eu fiquei quieta, tentando absorver tudo o que Axel me disse.
- Não pode ser...- Resmunguei incrédula.
- É verdade Ly, a epidemia voltou.
Eu começei a raciocinar um pouco até que uma idéia me veio a cabeça.
- Aonde a epidemia ressurgiu?
- Washington, Nova York e Nova Ohio nos Novos Estados Americanos.
- Não...não foi experimento não autorizado...Scott Armstrong, só pode ter sido ele! Ele mandou que recriassem a doença para que a epidemia se espalhasse, assim ele tem menos chance de perder a guerra!
- Acha mesmo que Armstrong faria tamanha estupidez?- Ele me perguntou.
- Eu não duvido.
- Ly, isso é loucura.
- Às vezes as loucuras mais absurdas são as verdades mais puras.
Ele me encarou como se estivesse pensando.
- Você tem toda a razão.
- Precisamos falar com seu pai.
- Sim, precisamos.- Ele assentiu e fomos até a sala aonde o rei Johan passava a maior parte do tempo.
Axel bateu na porta e ouvimos ele dizer:- Entre.
Nós o fizemos, ele olhava fixamente para a televisão, a rainha Meredith olhou para nós.
- Alguma notícia importante Theodore?- Ele perguntou.
- Não é bem uma notícia, é uma teoria e Serenity lhe explicará tudo.
Ele olhou para mim.
- Vossa majestade, eu tenho a suspeita de que a versão mais agressiva da morbo tenha sido criada a mando de Scott Armstrong, pode parecer loucura mas é apenas uma suspeita.
Ele olhou para mim e para Axel.
- Por incrível que pareça, a sua teoria é uma grande suspeita minha.
Ele colocou as mãos no próprio rosto como se estivesse cansado, ou melhor, exausto.
- Os drones ainda estão com defeito?- Ele perguntou.
- Sim.- Respondi.
- Ótimo, Theodore, vamos fazer um outro ataque, dessa vez à Washington.
- Mas pai, isto é imprudente e perigoso, lá já tem maníacos.
- Quem dita as regras sou eu Theodore, agora vá!
- Johan, não precisa ser tão duro com ele!
- Desculpe Meredith, mas ele precisa aprender a ser um rei.
Nós dois saímos da sala e fomos andando pelos corredores largos do palácio.
- Você precisa mesmo ir?- Perguntei, eu realmente não queria que Axel fosse, ele era o único amigo que eu tinha naquele lugar, eu não queria que ele se machucasse.
- Eu ficarei bem, ok?
- Ok.
Ele se preparou, fiz um treinamento com Justine, Theodore e os outros soldados partiriam para Washington em uma nave, ele estava armado e já ia subindo na nave, eu apenas observava, assim que Axel me viu, acenou sorrindo, eu fiz a mesma coisa, assim que a nave partiu senti um aperto no coração e um medo indescritíveis...afinal, o que eu realmente sinto por Axel? Será que sou realmente só amiga dele? Tudo o que eu sabia era:
1. Eu não estava enlouquecendo.
2. Odiava Axel, antes de perceber o quão parecidos nós somos.
3. Provavelmente eu estava me apaixonando por aquele que eu odiava.
Parabéns Lydia, você precisa ganhar o prêmio de pessoa mais confusa do ano, o que eu vou fazer?
Preciso decidir o que farei a respeito, mas como?
Não posso dizer isso simplesmente por impulso, só direi quando eu tiver certeza do que realmente sinto, por enquanto, minha única preocupação é com minha família e a epidemia que ameça acabar conosco novamente...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora