Quando eu era criança, minha mãe me contou uma história, a história que seu diário carregava, quase um legado na minha visão e na de minha família, ela leu para mim, página por página, carinhosamente e docemente, com o tom de voz mais tranquilizador e suave do mundo, eu me lembro como se fosse ontem de como ela falava aquilo, era simplesmente incrível, meu pai a olhava com um brilho nos olhos, são um casal quase perfeito, embora eu nunca tenha acredito em contos de fadas ou finais felizes...enfim seguindo o que minha mãe fez decidi escrever um diário também, para manter as raízes da nossa família e quem sabe deixar um legado razoável.
Bom, eu tenho cabelos e olhos castanhos, sou pálida e somente um pouquinho vaidosa (quando necessário).
Minha vida é terrivelmente chata em alguns sentidos, amo meus pais com todo o meu coração, mas as regras presentes no país são um saco, todas estas leis idiotas que apenas nos reprimem mais e mais a cada dia, pra começar nós não podemos fazer nada sem a autorização do presidente, os euroasyanos dizem que somos humilhados, reprimidos e oprimidos, eu concordo plenamente (apesar da Euroasya ser o continente inimigo da Nova América) é realmente hipócrita o nosso presidente falar tanto sobre "paz" quando ele mesmo não consegue impor a paz em nosso país, ele é um babaca egoísta, só pensa nele mesmo e no conforto de sua própria família.
Quando o vejo na televisão tenho uma vontade louca de socar a cara dele até ele sangrar e implorar por misericórdia, mas seria cruel demais e não sou uma pessoa ruim, então fico apenas de cabeça baixa e finjo que aceito as leis, até porque se minha reação fosse outra provavelmente eu seria presa e condenada a morte, é...bem vindo ao nosso belo e justo país...
- Muito bem, hoje é o Dia da Cura. Alguém sabe porque este dia é crucial para a história de nosso lindo país?- A voz da professora tagarelando me dava sono e ânsia de vômito, eu queria sair correndo dali e ficar em algum lugar tranquilo.
Ninguém respondeu ela, mas todos já sabem a resposta, nos ensinam isso desde crianças, o adolescente ou jovem que não souber disso hoje em dia é considerado "culturalmente e mentalmente inferior" e é completamente excluído da sociedade, mais uma das muitas injustiças que as pessoas sofrem nesta droga de país!
- Nesta mesma data no ano dois mil e vinte e oito foi encontrada a cura para a doença "morbonervosi" ou "morbo" uma doença grave que atacava o sistema nervoso das pessoas e as deixava completamente desequilibradas e fazia com que perdessem o controle de seus atos e pensamentos, este período foi denominado Pós-Mundo, graças a esta cura criada por Elliot Coleman, hoje estamos aqui e construímos uma nova e moderna sociedade, a Nova América, composta pelas três Antigas Américas, é quase um símbolo da grandeza do Novo Mundo, somos os líderes em tecnologia, educação, saúde, entre outros...infelizmente a Euroasya não concorda com nossas leis e regras, dizem que não somos uma república e sim uma ditadura, constantes batalhas e alguns diálogos pacíficos entre os presidentes dos Novos Estados Americanos e da Nova Inglaterra, são realizadas todos os dias, não estamos em guerra, mas os euroasyanos insistem em mudar as nossas regras mesmo contra a nossa vontade, ocasionalmente isto pode gerar uma guerra e será terrível, mas por enquanto o presidente Scott Armstrong garante que estamos a salvo.- O sinal tocou e a professora parou de tagarelar sobre a história do país, graças a Deus, eu já não aguentava mais ouvir aquela mulher falando sobre história! Será que ela não percebeu que ninguém naquela droga de sala estava nem aí para o "discursinho" dela?! Ou ela fez aquilo propositalmente para explicar mais uma vez algo que todos já sabiam?!
Fui para a minha residência andando, eu não estava com saco para mais nada, depois da aula de história estúpida e completamente exaustiva que tive, sem chance de estar ligando para alguma coisa, ainda bem que hoje é sexta-feira...Abri a porta de casa.
- Lydia, que bom que chegou.
- Oi mãe...
- Como foi a aula?
- Um saco.
- Filha tente ser um pouco compreensiva, sabe que do jeito que está com boas notas sabe que terá um bom futuro.
- Com engenharia civil? Sou boa mas nunca me acho boa o suficiente.
- Não precisa ser tão perfeccionista filha, tem uma mente brilhante e sabe disso!
- Eu sei mãe...mas...sei lá...
- Lydia você tem muita coisa na cabeça, tem apenas dezessete e pensa como se tivesse o dobro da sua idade.
- Tenho dezessete mas não significa que sou imatura mãe.
- Sei disso, pelo contrário você é madura o suficiente...embora seu pai diga que não é, Lydia, eu vou lhe dizer uma coisa, tudo o que seu pai diz é da boca pra fora, não precisa escutar com tanta seriedade o que ele e outras pessoas dizem!
- Ah mãe...sei lá.
- Alguma coisa aflige você, não é?
- Não foi só a droga da aula de história que me deixou irritada, já se esqueceu que dia é hoje?
- Sei que hoje é Dia da Cura e cuidado com as palavras se te pegarem falando essas coisas pode ser presa e ser condenada ao pior.
- Tá vendo? É disso que eu tô cansada! Só regras e leis estúpidas mandando em todos nós, não somos livres mãe!
- Você está falando como uma euroasyana.
- Concordo plenamente com os euroasyanos, eles são livres mãe, e se declararem guerra a Nova América?! E se ganharem?! Finalmente seremos livres mãe! As leis da Euroasya são muito melhores que as nossas! Qualquer um sabe disso! Só que o povo tem medo de falar por zelar pela própria vida!- Minha mãe colocou a mão no meu rosto.
- Você se parece um pouco comigo quando eu tinha a sua idade...estou muito orgulhosa por ter tanta consciência da atual situação do nosso continente e país...só não deixe que sua consciência induza você a fazer alguma loucura.
- Eu nunca faria nenhuma loucura se não fosse a coisa certa a se fazer.
- Que bom, agora venha jantar.
- Não, valeu, eu estou sem fome.
- De jeito nenhum Lydia, você precisa comer.
- Uma maçã, pode ser?-Ela me olhou com uma cara esquisita, e eu já sabia a resposta.- Tá bom, eu vou comer.
Jantei o mais rápido que pude e depois fui para o meu quarto, a noite estava serena e as estrelas eram quase imperceptíveis por causa de todas as luzes que iluminanavam a cidade de Chicago.
Às vezes a minha vontade é de apagar cada uma delas só para conseguir ver todas as estrelas, é um dos meus passatempos prediletos.
Me sentei na beira da janela por um tempo, mas logo começou a ficar mais frio, então fechei a janela, me deitei na minha cama e adormeci...
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Diário de uma rebelde_Livro 2
Science FictionMeu nome é Lydia Sparks Rogers, tenho dezessete anos de idade. Eu sempre fui o tipo de adolescente irresponsável e às vezes imatura; Mas responsabilidade não é uma opção quando há uma Guerra Mundial além de uma epidemia mundial fatal que quase extin...