A volta à Nova América

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Os selecionados foram os melhores soldados que estavam conosco: Mikuno, Kai, Justine, Irisha, Isle, Jared, Sarah, Callyssa, Noah, Leslie, Jeffrey, Patrick, Logan, Hannah, Nick, Rid, Flynn.
São os mais confiáveis que temos, Rid só tem quatorze anos, mas luta muito bem.
- Olá Lydia.- Me virei e vi Patrick.
- Oi Patrick.
- Você tem sido útil na batalha contra a Nova América.
- Isso não é uma batalha, é uma guerra.- Retruquei.
- Que seja, mas você sabe que é maníaca agora, não é?
- É claro que sei.
- Você é uma arma Lydia, se não for pode ser transformada em uma, eu posso ajudar você a vencer essa guerra.
- Eu não sou uma arma! Eu não quero ser uma arma! Tudo o que eu queria era liberdade.
- E vai conseguir, se matar Armstrong.
- Vem cá, você pirou de vez?! O plano é matar Armstrong, não pessoas inocentes.
Ele riu.
- Você é ingênua, acha que vamos conseguir atacá-lo sem ferir outras pessoas, abra os olhos Lydia, isso é uma guerra não uma brincadeira.
- E você é estúpido, acha mesmo que só porque sou maníaca tenho que destruir uma cidade?!
- Desculpe garota, é que eu vivi uma época que não gostaria de reviver.
- Eu sei, Era, Lewis, a primeira epidemia.
- Como sabe disso?
- Minha mãe me contou tudo.
- Kimberly é realmente muito esperta, acha que isso contribuiu com tudo o que você sabe hoje?
- Com certeza, se não fosse pelas informações dela eu não saberia absolutamente nada sobre a morbo.
- E agora você sabe mais do que deveria saber.
- Sim.- Dei um suspiro enquanto olhava o céu pela janela da nave.
- Como é ser uma maníaca?
- A experiência mais estranha que já vivi, sem dúvidas.
- Você gosta das habilidades que tem? Dizem que maníacos são mais ágeis, fortes e que tem os sentidos mais apurados.
- É verdade, na verdade, eu acho que maníacos são como mutantes.
- Antes os maníacos matavam.
- Você não sabe o motivo...- Ele se assustou quando me ouviu dizer aquilo.-...Os humanos temem tudo o que não conhecem, mas e se talvez os maníacos tivessem medo? Antes eu os via como monstros mas agora eu sou uma, e percebi que não é realmente o que eu imaginei que seria.
- A primeira epidemia da morbo foi a responsável pela morte de milhões de pessoas!- Ele disse e percebi que havia ficado indignado com minhas palavras.
- Por causa do egoísmo humano, a morbo foi criada para fortalecer pessoas, os homens queriam mais poder do que a vida poderia lhes oferecer, então criaram o Soro Vital, podia transformar um ser humano frágil em uma máquina veloz, ágil, melhor do que qualquer humano seria, mas os efeitos colaterais começaram a aparecer, não devemos culpar os maníacos pelo que aconteceu, o homem criou a morbo, ele só não soube lidar com ela.
- Quer dizer que os seres humanos criam seus próprios monstros?- Ele perguntou levantando as sobrancelhas.
- Conscientemente não, mas inconscientemente sim.- Respondi tranquila.
- Você é completamente lunática, Lydia, por que acha que estamos lutando contra Armstrong, ele é um monstro e todos reconhecem isso!
- Vai ver todos nós temos um monstro em comum.- Eu respondia com calma, como se não me incomodasse nem um pouco com as perguntas feitas por ele, senti um impacto na nave e luzes vermelhas começaram a piscar.
- Merda!- Exclamei enfurecida e fui correndo até a sala de controle, onde Kai estava.
- Kai, o que está havendo?- Perguntei.
- Ah nada, só tem duas naves nos atacando.- Ele ironizou enquanto lançava mísseis nas naves que nos atacavam, para ele era como um video game, ele atirava tranquilamente, ao todo tinham quatro naves, conseguimos derrubar todas.
- Canadenses ou americanos?- Perguntei.
- Eu não sei, mas é bem provável que sejam canadenses.
- Como sabem que saímos?
- O informante deve ter dito, mas não sabem nosso destino, falando em destino, estamos quase chegando em Nova York, os Campbell viviam aqui, eles com certeza devem saber algum lugar em que possamos nos esconder temporariamente de Armstrong.
Senti outro impacto, e vi uma nave atrás de nós, uma das asas de nossa nave estava danificada, pegando fogo, eu senti que começavamos a cair.
- Droga! Coloca a máscara de oxigênio!- Ele disse colocando a dele, apesar de tudo parecia uma montanha russa, a nossa altura faria com que sofressemos um impacto muito forte, coloquei a máscara de oxigênio e me sentei em um local, por incrível que pareça, Kai conseguiu fazer com que a nave planasse por um tempo, mas foi inevitável, a nave caiu, muitos se feriram mas graças ao controle de Kai nada pior aconteceu, fiquei aliviada por meus pais e por Axel, quando eu saí da nave tive uma surpresa que não imaginei em hipótese alguma, tudo estava destruído, não por causa da queda, parecia ter sido destruído por algo ou alguém, era como uma estrada, o que havia em nossa frente, mas o cenário era bem mais obscuro, escutei alguém chorando olhei para os lados, segui o som e encontrei uma garota sentada ao lado de uma árvore caída no chão.
- Oi?- Perguntei nervosa e tentando não assustá-la, ela olhou para mim, era maníaca também.
- Não me machuca...por favor...o presidente disse que você é perigosa.- Ela tinha o raciocínio de uma maníaca mas era apenas uma criança.
- Armstrong mente muito, sabia?
- Como saberei que você não vai me machucar?- Ela perguntou, parecia muito assustada, eu peguei um canivete e dei para ela.
- Em que hipótese eu te daria uma arma se eu fosse te machucar?
Ela analisou o canivete e olhou para mim com desconfiança, mas logo respirou fundo e enxugou as lágrimas.
- Sou Missy Palmer, tenho doze anos e sou uma sobrevivente do apocalipse que assola o continente mais do que a Terceira Guerra Mundial...- Ela disse com olhar triste, a desesperança em seus olhos era presente e aquilo me dava mais agonia do que uma lâmina perfurando meu estômago.
- O que está havendo na Nova América?- Perguntei curiosa sobre o que ela diria.
- Scott Armstrong, a Nova América é um continente sem lei agora, ele não liga mais para a população, somos atacados e escravizados por maníacos canadenses, eu só estou viva porque sou uma deles, muitas pessoas matam umas as outras, roubam, tudo está um verdadeiro caos...ele simplesmente acabou conosco.- Ela disse, dava para perceber que ela sofria com tudo aquilo.
- Aonde estão seus pais?
- Minha mãe morreu quando eu era menor, e meu pai..eu não sei.
- Quando isso acabar, vamos tentar achá-lo.
- Sério?- Ela perguntou franzindo as sobrancelhas, como se estivesse surpresa.
- Sim, se você vier conosco pode nos ajudar.
- Você quer matar Armstrong?
- Somente ele.- Respondi.
- Vai fazer um grande favor à Nova América, nenhum país desse continente está ao lado dele, ele mandou que os canadenses bombardeassem tudo, estamos na miséria, somos vítimas do que aquele homem cruel pode fazer conosco.
- Tudo está destruído...foi ele?- Perguntei.
- Exatamente, e ele não vai parar até vencer a guerra contra você, Lydia Sparks Rogers, não é?
- Pelo visto eu sou bem famosa por aqui.- Ironizei.
- Você é muito louca, conseguiu escapar da câmara de gás e ainda sobreviver a uma facada nas costas.
- Não se engane, eu não teria conseguido nada disso sem eles.
Apontei para o grupo do lado de fora da nave destruída.
- São seus amigos?- Ela perguntou, eu sabia que parecia estranho, no Novo Mundo, era raro crianças terem algum amigo, pelo menos nos Novos Estados Americanos.
- Sim.
- São de confiança?
- Eu não duvido nada.
- Se eu for com vocês não vou me arrepender?
- Depende só de você, se quiser ir conosco ou ficar aqui, a escolha é sua.
Ela pensou um pouco.
- Tá bem, eu vou.- Ela se levantou.
- Aliás, aonde estamos mesmo?- Perguntei.
- Em uma estrada entre Boston e Nova York.- Ela respondeu.
- Conhece algum esconderijo por aqui?
- Sim, precisa dele?
- Provavelmente.
- Certo, levo vocês até lá.
- Obrigada Missy.
- De nada.
Eu levei ela até o grupo, parecia assustada, eu sabia o quanto ela queria que isso acabasse, a guerra não acaba apenas conosco, a guerra acaba com as gerações futuras também.
- Lydia?- Axel me chamou, sussurando.
- Que foi?
- Acha que podemos confiar nela?
- Ela deu sua confiança a mim, agora tenho que dar a minha a ela.
Ele respirou fundo.
- Tudo bem, vamos seguí-la até esse esconderijo, se ela tentar qualquer coisa contra nós eu...
- Você não deve culpá-la, ela está com uma coisa que faz seres humanos fazerem besteira, ela sente medo, o mesmo medo que todos nós sentiríamos se estivéssemos na situação dela, Axel, para que tanta desconfiança? Tudo vai melhorar, nós só precisamos dar um jeito em Armstrong.- Eu disse calma e ele respirou fundo.
- Tudo bem Ly, foi mal.
- Precisamos ir.
- E para onde nós vamos?- Ele perguntou ainda desconfiado.
- Só ela poderá nos dizer.- Apontei para Missy.
Ela nos deu as direções, nós apenas a seguíamos, ela nos levou até um enorme galpão antigo, era bem escuro, ela apertou um botão e as luzes foram acesas, tinham muitas armas, eu fiquei chocada, sempre soube que era fácil conseguir armas nos Novos Estados Americanos mas nunca imaginei que fosse tão fácil assim.
- Puta que pariu! Aonde você arrumou tudo isso garota?- Justine perguntou.
- Meu pai é soldado, ele tem muitas armas.
- E você sabe usar?- Kai perguntou surpreso, ninguém realmente acreditava naquilo.
- Óbvio que sei, tenho doze anos mas não sou burra.- Ela sorriu irônicamente e apertou mais um botão, vários alvos começaram a aparecer.- Se querem treinar, aqui é o lugar certo.- Ela disse.
- E aonde vamos dormir?- Irisha perguntou.
- Aqui perto tem um hotel abandonado, é lá que eu costumo passar a noite, aliás, qual o objetivo de vocês com esse treinamento?- Ela perguntou.
- Invadir o Edifício presidencial Hemmingway, matar Armstrong.- Axel disse.
- O Hemmingway? É fácil, meu pai trabalhava lá, já entrei lá milhões de vezes.
- E nunca foi pega?- Jared perguntou.
- Bom...só uma vez, mas isso não vem ao caso, eu ajudo vocês, não são os únicos que querem um futuro melhor para o planeta.
- Eu agradeço muito Missy.- Eu disse.
- Nem precisa agradecer, estou fazendo um favor à vocês, acreditem tiveram muita sorte, se qualquer outro encontrasse vocês, estariam mortos.
- Mas encontramos você e você quer nos ajudar, você é boa.- Rid disse.
- Valeu, fiquem à vontade para treinar eu fico ali descansando.- Ela apontou para uma poltrona, ela foi para lá correndo e se sentou como se estivesse exausta.
- Muito bem, vamos começar.- Justine disse, nós pegamos nossas armas e começamos a treinar...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora