Alucinação

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- Nick? Nick tá me ouvindo?- Perguntei.
- Sim, estou.- Ele respondeu, Patrick suspirou de alívio.
- Ótimo, conseguiu convencer Isabelle?
- Ela obviamente acreditou em mim na primeira vez que conversamos, ser cínico como você me treinou para ser ajudou muito.
- Bom saber, tem consciência de algum plano dela?
- Ainda não, sei de pouca coisa sobre esse lugar, eu só sei que ela me assombra, ela manda em todos e todos obedecem, ela chicoteia "Imunes" e até "Assassinos", é bom que a lealdade criada em Purity seja extremamente forte, porque caso contrário já teriam revelado há muito tempo.
- Peraí, você disse que ela chicoteia pessoas? Como os "Assassinos" permitem isso?
- Nem sei, só sei que ela é louca.
- Que bom que sabe.
- Ela está vindo, depois a gente se fala.- Ele disse rapidamente, desligando o fone, olhei para Patrick.
- Acha que ele vai ficar bem tio Pat?- Perguntei.
- Eu espero, se Darkness machucá-lo eu não sei o que eu faço!- Ceci disse roendo as unhas.
- Calma Cecilia, e Lydia também, ele vai ficar bem, meu filho é um cara durão.- Patrick disse orgulhosamente.
- Deixa de ser babaca ok? Sua esposa está chicoteando pessoas.- Eu disse.
- Eu francamente nunca imaginei que ela chegaria a esse ponto.- Olhei para ele de canto.
- Sério.- Ele disse.
- Isabelle é completamente lunática.- Minha mãe apareceu.
- Sei disso.- Patrick afirmou.
- Todos sabem, é a verdade nua e crua.- Eu disse, minha mãe assentiu.
- Por que veio aqui?- Patrick perguntou um pouco surpreso.
- Eu queria dar uma volta com Lydia, só isso.- Ela disse, levantei as sobrancelhas, acenei para Patrick e saí andando com ela.
- Como vai a missão com Nick?- Ela perguntou.
- Ele está bem, por enquanto, eu e Ceci ainda nos preocupamos.
- Sei...e como está Axel?- Ela perguntou.
- Faz um tempo que ele começou a ter alucinações, ele vê e ouve coisas, mas nunca diz exatamente o que é.- Respondi, doía muito saber que o que ele via realmente o incomodava e até assustava, piores do que os pesadelos que afetam minha mente.
- Kai e Dennis já trabalham na cura, podem estar perto.- Minha mãe tentou me animar.
- Eu sei...mas e o antídoto do soro de Era? Eu e Missy não podemos ficar assim para sempre.- Argumentei.
- Eu sei.
- E o que pode fazer a respeito?
- Seria arriscado que perdesse a força que tem agora Lydia, só tirarei ela de você quando tiver certeza de que realmente acabou.
- Ok.- Eu disse, ficamos em silêncio por algum tempo, apenas observando a paisagem de Purity, até que resolvi quebrar o silêncio.
- Mãe?- Chamei.
- Diga Lydia.
- Sabe que Patrick é apaixonado por você, não sabe?- Perguntei, ela pareceu surpresa e não se incomodou ao mesmo tempo.
- É...sei disso.- Ela afirmou.
- Por que não dá uma chance para ele? Ele não é tão babaca assim.- Eu disse.
- Por que acha isso?
- Porque ele confessou que a amava quando o clone foi morto, doeu muito.- Eu disse, ela respirou fundo.
- Eu não sei Lydia.- Ela disse.
- Mãe, se lembra de quando me disse que tudo tem uma história?- Ela se surpreendeu e sorriu.
- Você lembra.
- Lembro...acho que já foi muito feliz com meu pai, e eu amo ele mais e mais a cada dia por ter te feito feliz, mesmo que fosse por pouco tempo...acho que meu pai iria querer que fosse feliz agora mãe, que começasse outra história.
Ela riu e começou a acariciar meu cabelo.
- Obrigada por estar sempre comigo filha...amo você.- Ela disse, eu abraçei ela sem me importar com o controle da força, eu sabia que ela também havia aplicado o soro de Era, estava estampado em seu rosto, ela apenas sorriu e saiu andando.
Eu ri e fui para meu dormitório, quando cheguei lá, Axel estava inquieto, andava de um lado para o outro, deduzi que ele tivera outra alucinação, tranquei a porta do quarto e fui até ele, receosa.
- Axel?- Chamei, coloquei minha mão em seu ombro e ele empurrou minha mão, me assustei quando ele olhou para mim, parecia selvagem, parecia estar fora de si, eu não sei se ele pretendia me machucar mas eu estava assustada, fui me afastando dele até que me bati em uma parede.
Eu sentia sua respiração quente, respirava com dificuldade, meu coração estava acelerado, eu quase podia escutar as batidas do meu próprio coração.
- Lydia...- Ele sussurrou.
Eu tentei desviar o olhar, mas era quase impossível.-...Acho que eu tô pirando...- Ele disse, eu balançei a cabeça negativamente.
- Não...você é o mesmo Axel Harrison que eu conheci, eu tenho certeza.- Argumentei trêmula, ele colocou uma das mãos em meu rosto.
- Não quero machucar você, pelo contráeio, eu quero beijar você Lydia, muito, até não poder mais.- Ele disse, olhei para ele perdendo o controle e beijando-o de uma maneira que nunca pensei que beijaria alguém, eu apertava os cabelos em sua nuca suavemente, parecia faminto, queria mais, eu sentia calor, ele me pressionava contra a parede com força, ele começou a beijar e mordiscar de leve o meu pescoço.
- Axel...- Sussurrei, ele parou repentinamente, pareceu ficar nervoso e mais assustado do que já estava.
- Tá tudo bem?- Perguntei.
- Tá eu só...pensei ter ouvido vozes.- Ele disse.
- Calma, só estamos nós dois aqui ok?- Eu falei, ele assentiu e me abraçou com força, me espremendo, eu apenas retribuí o abraço, tenho tanto medo de que isso se torne pior, mas ele nunva faria nada ruim...eu tenho certeza...
***
Acordei de madrugada, Axel iluminava meu rosto com uma lanterna.
- Axel, o que foi?- Perguntei atordoada e sonolenta.
- Você é hipócrita...mentirosa...você persuadiu todos a virem até aqui...- Ele dizia em voz baixa, franzi a testa.
- Não tô te entendendo...- Eu disse.
- Foi por sua causa que Mabel morreu, Flynn morreu, Sarah morreu, Jeffrey morreu, Aaron morreu, Irisha morreu...todos morreram por sua causa.- Ele dizia com nojo, seu olhar era frio, eu balançei a cabeça negativamente.
- Não, Axel você está alucinado?- Perguntei arregalando os olhos, assustada.
- Eu preciso...matar você...antes que mais alguém morra por sua causa.- Ele disse, pegou uma pistola e escutei o estampido seco e senti uma perfuração em minha barriga.
- A-Axel...- Sussurrei, ele abaixou a arma vagarosamente, e de repente olhou para ela confuso, ele viu a bala em minha barriga, e arregalou os olhos.
- Lydia!!!- Ele exclamou, eu tentava me levantar, mas eu sabia que estava perdendo sangue muito rápido, ele franziu as sobrancelhas.- Lydia...me perdoa!!! Me perdoa por favor!!!- Ele me abraçou, eu só sentia dor física e emocional, vi uma luz iluminar o quarto e vi Axel cair no chão, estonteado.
- Axel!- Gritei e me contorci, vi Mikuno e Kai.
- Calma Ly, vai ficar tudo bem.- Mika disse.
- E o...Axel?- Perguntei.
- É só tranquilizante.- Kai disse me pegando no colo, meu sangue pingava, ele não chegou a encostar pois estava de luvas, ele me carregou correndo até o laboratório, Dennis, que dormia em uma cadeira, acordou sobressaltado.
- Mas que porra é essa?!- Ele esbravejou.
- Calma aí Dennis, Lydia tomou um tiro.- Kai explicou me colocando em cima de uma maca, Dennis observou o ferimento e franziu a testa, tirou os óculos que usava e esfregou os olhos.
- Como isso aconteceu?- Ele perguntou.
- Axel atirou em mim...- Sussurrei.
- O que está havendo?- Patrick apareceu correndo e olhou para mim.- Lydia!- Ele exclamou segurando minha mão.
- Sem instintos paternos na hora errada Patrick.- Kai disse.
- Temos que retirar essa bala agora.- Dennis disse, ele pegou alguns instrumentos, fechei os olhos, à medida que Dennis ia retirando a bala minha barriga parecia estar sendo rasgada, sem anestesia alguma ele tirava a bala, eu apertava a mão de Patrick, sabia que estava machucando ele mas ele ignorava.
Dennis conseguiu retirar a bala, e tratou do ferimento, logo depois colocou gaze e esparadrapo no ferimento.
- Descanse...ok? Você se feriu muito.- Ele argumentou, tentei me levantar.
- Não Lydia, você ouviu Dennis, acalme-se, trarei alguns cobertores para e travesseiros para você.- Patrick disse, minha mãe entrou no laboratório desesperadamente.
- Lydia!!!- Ela disse segurando a minha mão.- Minha filha...- Ela murmurou beijando a minha mão, Patrick segurou ambas as mãos, minha mãe olhou para ele.
- Ela ficará bem Kimberly.- Ele apaziguou.
- Obrigada Patrick.- Ela deu um sorrisinho frágil, e olhou para mim.
Patrick foi falar com Cecilia, ela trouxe um travesseiro e cobertores quentes para o frio de Washington, Dennis apagou as luzes para me ajudar a dormir, minha mãe passava a mão pelo meu cabelo, ela começou a cantar uma canção que ela cantava para meu pai, ele dizia que a voz dela era angelical, e eu nunca discordei, a sensação de tranquilidade foi tomando conta de mim aos poucos, por mais que eu mal conseguisse parar de pensar em Axel.
O sono chegou depois de muito tempo, minhas pálpebras pesavam, e eu simplesmente dormi...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora