Mudança de planos

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Assim que acordei vi que Adalia estava no meu quarto.
- Ada?
- Foi mal se te assustei, visita de última hora do papai e da mamãe.
Eu me levantei e abraçei ela.
- Que bom que está aqui.
- Também senti saudades de falar com você pessoalmente, seu cabelo cresceu não é?
Eu começei a rir.
- Um pouco.
- O presidente está mais cínico do que nunca.
- Como assim?
- Gravei o recado dele para você na televisão, enquanto você dormia.
- Ok.
Ela ligou a televisão e apertou o play.
- Meus caros habitantes da Nova América, como já sabem, a Euroasya, a Oceania e a Nova África já declararam guerra ao nosso amado país, estamos sendo bombardeados principalmente por mísseis Ingleses, estes ataques são extremamente perigosos e ameaçam a segurança de vocês, por isso, a partir de amanhã, vocês começarão a ser monitorados, por questões de segurança, qualquer americano que se juntar a Euroasya será considerado um criminoso e a sentença pela traição ao próprio país é de morte.
Peço que entendam meu lado, só quero protegê-los.
De seu presidente, Scott Armstrong.
A mensagem foi encerrada, eu começei a pensar muito, era completamente errado nos monitorar, além disso, ele só sabe nos repreender, não deixa que façamos nada sem seu consentimento, não deve ser um presidente e sim um ditador como o resto do mundo acha que é...palhaço.
- O que você acha Ly?
- Sei lá...só que esse cara é um hipócrita, é sério Ada, tem alguma coisa errada nele, ele não pode ser tão bonzinho sendo que não nos deixa nem fazer visitas à parentes sem autorização, tem alguma coisa errada...
- Eu sei, na minha opinião os euroasyanos não são os vilões da história, isso está errado sem a menor sombra de dúvidas, além disso não vou com a cara do presidente Armstrong.
- Somos duas...é...acho que eu preciso de um copo da água.
Eu saí do quarto e fui andando até a cozinha, escutei um barulho estranho vindo de lá e dei uma olhada pela brecha da porta antes de entrar, vi que minha mãe estava chorando com um envelope nas mãos e o celular em cima da mesa, meu tio Garrett estava ao lado dela, com a mão esquerda em seu ombro, como se tentasse consolá-la.
- Não adianta mais tentar conversar com o presidente Armstrong, Kim, não percebe que ele não vai deixar?
- Por que a Lydia? Ela não precisava ser selecionada para lutar na guerra.- Minha mãe disse entre soluços e franzi as sobrancelhas ao ouvir aquilo.
- Irmãzinha você ouviu a proposta dele, ou ela vai para a guerra ou vai para o colégio interno.
Ela enxugou as lágrimas.
- Eu já tomei a minha decisão...a Lydia vai para o colégio interno.
Coloquei a mão na boca assustada e voltei para a porta do meu quarto, antes de abri-la respirei fundo e sorri como se nada tivesse acontecido, eu entrei e Ada começou a conversar comigo, nem prestei atenção direito, eu estava totalmente decidida a fugir de casa e ir para a Euroasya...amo meus pais mas não posso ficar aqui e deixar que me prendam como um animal ou que me mandem para lutar, eu não lutaria pela Nova América.
Pensei em um plano rapidamente e detalhadamente para fugir.
Minha tia Morgana sempre anda com tinta para cabelo na bolsa (eu não sei para que), roubei o equipamento dela enquanto estava destraída.
Assim que ela, meu tio e Ada foram embora, voltei para meu quarto, eu tranquei a porta, fui para a frente do espelho, pintei meu cabelo e por incrível que pareça, o tom loiro me caiu muito bem, cortei meus dedos para tentar alterar pelo menos temporariamente minhas impressões digitais, depois entrei na internet, tive que hackear o site do cartório e com a "novas" impressões digitais consegui criar uma identidade nova, eu não era mais Lydia Sparks Rogers, eu era Serenity Ronan.
Esperei que todos na casa dormissem, eu prendi meu cabelo, coloquei um moletom com um capuz e coloquei-o de uma maneira que não pudessem ver meu rosto, coloquei botas pretas, peguei todo o dinheiro que eu tinha (setecentos dólares que consegui fazendo cupcakes para a vizinhança do apartamento temporariamente), arrumei uma mochila com roupas, e equipamentos que eu provavelmente precisaria, fui para a sala, peguei as chaves do carro, troquei a placa dele com a de outro carro na garagem do prédio e começei a dirigir pela cidade, os vôos para a Inglaterra foram proibidos por medidas de segurança de Scott Armstrong, então eu soube que alguns iam de barco.
Meu objetivo era sair do estado de Nova Illinois e chegar até Portland, ao Maine State Pier mais precisamente, chegando lá eu encontraria com o filho de uma velha amiga de minha mãe, Jared Underwood Moore, pelo que ele me disse, quando chegarmos lá, a sua mãe, Leslie Underwood e sua irmã Sarah Underwood Moore, a família dele vive em Portland e ele não viu motivo para não me ajudar, mas tem um porém, eu vou ter que ir sozinha para a Nova Inglaterra, e se eu for descoberta assumo toda e qualquer responsabilidade por meus atos, obviamente eu concordei, eu não tinha mais escolha, eu tinha apenas opções, arriscar ir para a Nova Inglaterra e talvez ser morta por ser considerada uma espiã americana, ou ficar aqui e ficar em lugar, presa como um pássaro em uma jaula...eu escolhi arriscar...a partir de agora é preciso assumir e tomar consciência do risco que estou correndo ao trair meu próprio país, a única coisa que realmente pesa em minha mente é uma pergunta simples, porém extremamente difícil de ser respondida: "O que estou fazendo é certo ou errado?"
Já não sei distinguir...eu nem sei direito quem eu sou...mas eu nunca teria feito o que fiz se não fosse preciso...só espero que meus pais possam me perdoar por isto...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora