O diário

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- Kai nunca disse a ela...- Flynn me disse enquanto a nave se movia melancólicamente de volta para a Nova Inglaterra.
- Que a amava?- Perguntei baixando o olhar.
- Exato...- Ele deu um suspiro, mas não perdia a frieza, mesmo que eu soubesse que ele sentia muito por Justine e Kai.-...Isso é ridículo, o que os "Assassinos" estão fazendo, por que nos matar?! Para que nos exterminar?!- Ele disse irritando-se.
- Vai ver os "Assassinos" e Armstrong não são tão diferentes quanto se imagina.- Retruquei.
- Vou confiar na sua palavra, você é maníaca, conhece "Assassinos" melhor do que nós.- Ele disse levantando as sobrancelhas.
- O fato de eu ser maníaca não muda nada Flynn, humanos são tão capazes quanto maníacos, quando estão unidos e quando acreditam que vão vencer nada pode para-los, mas eu preciso que tenham fé.- Eu disse.
- Lydia, está louca? Maníacos são capazes de acabar com seres humanos.- Ele retrucou franzindo as sobrancelhas.
- Maníacos dizem que vocês são vulneráveis, sendo assim vocês acabam se tornando realmente vulneráveis.- Eu disse.
- Você tem certeza que é uma maníaca?- Ele perguntou.
- Não palhaço, "Imunes" são melhores do que maníacos normais.- Missy chegou.
- Não é verdade Missy, só pensamos de um jeito melhor do que o jeito deles.- Eu retruquei.
- Ly, fala sério, eles são psicopatas! Acha que eles vão escutar qualquer palavra do que dissermos?!- Ela perguntou rudemente.
Fiquei calada.- Como vamos vencê-los?!- Ela perguntou novamente, fiquei em silêncio até que tive uma idéia, fui correndo até minha mãe, o que os assustou um pouco.
- Mãe?- Falei.
- Lydia? O que foi?- Ela perguntou confusamente.
- Ainda tem seu diário?- Perguntei nervosa e curiosa ao mesmo tempo, ela deu um sorrisinho.
- Sabe que sempre carrego ele.- Ela respondeu.
- Pode me emprestar?- Perguntei.
- Para que?- Ela me olhou de olhos semicerrados.
- Estratégia, mãe, não parece mas seu antigo diário é uma fonte de conhecimento sobre maníacos, se eu conseguir estudá-lo talvez eu possa tirar alguma conclusão.
Ela riu.
- Lydia, estamos falando do passado.
- Quem sabe o passado e o presente não sejam tão diferentes assim.
Ela levantou as sobrancelhas.
- Certo.- Ela disse enfim, fiquei extremamente aliviada, ela me guiou até uma parte da nave aonde ficavam os dormitórios, quando chegamos ao dela eu vi uma bolsa, ela tirou da bolsa o antigo diário de Kimberly Sparks.- Apenas tenha cuidado.- Ela advertiu.
- Eu sempre tenho.- Ironizei, ela sorriu.
Saí do dormitório dela, andando em passos rápidos, voltei para a sala em que Flynn e Missy estavam.
- Aonde você foi?- Missy perguntou.
Mostrei o diário de capa vermelha para eles, os dois analisaram confusos.
- O que é isso?- Flynn perguntou.
- Missy me perguntou como iríamos vencê-los...- Respondi.
- Com um livro?- Missy perguntou confusa.
- Não é o livro, é o que tem nele, isso é o diário da minha mãe, ela viveu na época da primeira epidemia da morbo, esse diário contém informações extremamente importantes sobre a doença, pode nos ajudar.
- Como? Pelo que sei a primeira epidemia da morbo foi diferente da atual.- Flynn disse.
- Estão pensando como humanos, pensem como maníacos.- Retruquei, Missy assentiu entendendo o que eu quis dizer.
- Lydia tem razão, alguns pontos da primeira epidemia foram bem parecidos com os de agora, pelo que estudei.- Missy concordou.
- Eu vou ler esse diário, com certeza tem algo que precisemos saber aqui.- Eu disse confiante.
- Ok, possivelmente vocês duas tem razão, não entendo muito quanto a epidemia, mas tudo bem, vocês duas com certeza sabem mais do que eu.- Flynn disse se levantando do sofá de couro em que estava sentado.- Tentem tirar alguma conclusão.- Ele disse saindo da sala.
Missy olhou para ele e logo depois olhou para mim.
- Missy, você só tem doze anos mas já deve saber alguma coisa sobre a primeira epidemia, quero que me diga tudo o que você sabe sobre ela.- Pedi.
- Cheguei a estudar isso uma vez, mas não foi um estudo aprofundado.- Ela disse.
- Só diga tudo o que sabe.- Eu insisti, ela suspirou.
- Ok, a primeira epidemia da morbo fazia com que as pessoas tivessem surtos súbitos, os maníacos raciocinavam mas não tinham controle de seus atos...- Ela disse.
- Disso eu já sabia...sabe alguma coisa sobre a evolução?
- Talvez...sei que depois da evolução passaram a ter controle de seus atos.
- Só isso?- Perguntei.
- É...- Ela disse.-...Mas o que está querendo insinuar com estas informações?- Ela perguntou.
- E se as fases já existissem?- Perguntei.
- Como assim?
- Alguns maníacos tinham esquizofrenia, hoje os mesmos são chamados de "Esquizofrênicos", haviam os "Assassinos" e os "Imunes"...a única verdadeira nova fase é a hemorragia interna.
- Está dizendo que as primeiras três fases já existiam?
- Exato.
- Tirou essa conclusão sozinha?- Ela perguntou surpresa.
- Sim, com base nas informações do diário.- Respondi.
- Certo, e isso é só o começo das informações que você pode absorver do diário?- Ela perguntou.
- Possivelmente, tem muita coisa no diário, mas só vou conseguir ter conclusões mais exatas se eu ler.- Respondi olhando para o livro em minhas mãos.
- Ly, com um conhecimento base você já tem informações importantes sobre a morbo, você pode revolucionar nosso conhecimento sobre essa doença e sobre maníacos em geral, podemos aprender mais sobre nós mesmos.- Missy disse entusiasmada.
- Talvez, mas não podemos ter certeza disso na Nova Inglaterra, precisamos saber ao menos o local exato de origem da doença.- Perguntei nervosa.
- Claro que sim.
- Ok, enquanto você pesquisa eu leio o diário, quem sabe eu tire algumas conclusões apenas na metade do livro.- Eu afirmei dando um leve sorriso.
- Tudo bem.- Ela concordou e pegou um computador.
Eu começei a ler o diário, eu lia cuidadosamente e anotava qualquer coisa que fosse me ajudar com as descobertas de informações sobre a doença.
- Lydia, pelo que encontrei a morbo foi uma doença criada em laboratório, e eu achei exatamente a cidade em que a epidemia começou.- Missy disse olhando para mim.
- Prossiga.
- Nova Dallas, no Novo Texas.
- Ok...já temos uma base, o próximo passo são apenas as conclusões que podemos tirar do diário.
- Estou confiando em você Lydia...acredito verdadeiramente no que possa fazer...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora