Armadilha: Parte dois

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Ela quase conseguiu cravar a faca em meu estômago, mas me esquivei e dei um chute na cara dela, ela deu uma gargalhada e me socou com força, fazendo com minha boca sangrasse, passei a mão pelos lábios e vi meu sangue escuro, Lisbelle riu novamente.
- O sangue de uma "Imune"...que patético.- Ela disse me chutando, caí no chão e ela começou a me chutar repetidamente, o salto que ela usava me feria muito.
- Você está louca?!- Perguntei irritada e tentando me levantar, Lisbelle chutou minha cabeça e caí no chão novamente.
- Eu não estou louca, eu sou louca.- Ela gargalhou e pegou um machado.- Diga "adeus" Lydia!- Ela riu diabólicamente.
- Adeus!- Ouvi a voz de Missy, e logo depois ouvi os disparos, vi quando cada bala perfurou Lisbelle, senti um alívio repentino, Missy atirou em Lisbelle dez vezes, me levantei e olhei para ela.
- Por que atirou tanto? Um tiro já bastava.- Perguntei curiosa e ao mesmo tempo decepcionada.
- Raiva?- Ela ironizou.
- Faz sentido.- Concordei com a cabeça.
- Lydia?!- Justine veio correndo em minha direção e observou cada parte roxa em minha pele.- Eu teria feito algo, mas um deles me atacou.- Ela disse mostrando a cabeça de um "Assassino", Missy deu um grito e bateu na mão dela, arremesando a cabeça para longe.
- Larga isso! Você é louca?! Que nojo!- Missy exclamava, eu e Justine ríamos.
Vi Mabel se aproximar do corpo de Lisbelle, embora Lisbelle fosse uma péssima irmã, Mabel ainda tinha a capacidade de sempre perdoá-la e considerá-la como uma irmã.
- Lis...- Ouvi ela sussurrar entre as lágrimas que escorriam por seu rosto, ela se sentou ao lado da irmã e começou a chorar, embora eu odiasse Lisbelle com todas as minhas forças eu sentia muito por Mabel, me aproximei dela e me sentei ao seu lado, coloquei minha mão em seu ombro, o cabelo vermelho dela parecia ter perdido a cor.
- Mabel?- Chamei em voz baixa, ela enxugou as lágrimas.
- Eu estou bem.- Ela disse forçando um sorriso.
- Eu sinto muito.- Eu disse.
- Não sinta, ela teve o que mereceu.- Mabel disse tristemente.- Só é difícil de acreditar que ela realmente se foi.- Ela deu um suspiro, franzi as sobrancelhas.
- Acredite, sei exatamente como se sente.- Eu disse tentando levantar o humor dela, eu tinha me esquecido completamente dos "Assassinos".
- Lisbelle!!!- Vi Isabelle chegar correndo, ela chorava muito, deve ser horrível, uma mãe perder uma filha, foi nesse instante que eu percebi que não importa quantas pessoas odeiem você, você sempre será amado por alguém, mesmo que seja só uma pessoa.
Missy veio evidentemente culpada pela dor que Isabelle sentia.
- Vocês...mataram a minha filha.- Isabelle pronunciou vagarosamente, o ódio em seu tom de voz estava claro.
- Lydia cuidado!!!- Ouvi Justine dizer, logo após isso escutei o barulho de um disparo e me abaixei, a bala passou por cima de mim, olhei para quem havia tentado atirar em mim, ele tentou atirar de novo sorrindo diabólicamente, porém suas balas haviam acabado, eu ri dele e corri em sua direção, ele tentou correr disfarçadamente acobardado, eu agarrei seu pescoço e ele se virou, quando isso aconteceu ele aplicou a mesma coisa que Armstrong aplicou em mim quando estava prestes a me matar...e quando meu pai foi morto, ele aplicou o soro do enfraquecimento em mim.
O "Assassino" gargalhou.
- Game over vadia!- Ele disse me jogando contra uma árvore, foi se aproximando de mim em passos rápidos, Justine pulou em cima dele e começou a bater nele sem a menor clemência.
Embora eu estivesse completamente tonta e atordoada, eu ainda tentava juntar forças para me levantar.
Missy segurava ele enquanto Justine dava uma surra nele, até que uma hora ele conseguiu arremesar as duas para longe, ele se levantou e continuou andando em minha direção, Missy tentou atirar nele com uma pistola, porém ele conseguia desviar das balas disparadas assim como eu, eu queria impedí-lo, assim como quis impedir a morte de meu pai, ele arremessou Missy no chão e quando ele ia atirar nela Justine pulou em cima dele, ela socou seu rosto mas ele atirou no coração dela.
- Tine!!!- Missy gritou, ela me ajudou a me levantar enquanto o "Assassino" vinha até nós, Missy jogou-o no chão enraivecidamente e quebrou seu pescoço, ela me ajudou a ir até Justine, ela não teve a menor chance, morreu na hora, meus olhos marejavam e Missy já chorava, embora Tine fosse fria como o gelo ela era nossa amiga, os "Assassinos" foram esvaziando o local, tinham finalmente conseguido o que queriam, só queriam causar dor, muita dor.
- Justine!!!- Kai veio em direção à ela correndo, seus olhos negros ameaçavam derramar suas lágrimas.
Eu franzi as sobrancelhas, ele chorava silenciosamente.- Tine...levanta...- Ele colocou a mão no rosto dela, aquilo começou a doer em mim, talvez Missy estivesse certa, talvez maníacos tenham uma grande capacidade de empatia.- Tine, eu amo você...- Ele sussurrou fazendo com que meu coração afundasse, é difícil perder alguém que ama.-...Por favor volta...- Ele disse pegando em uma de suas mãos geladas, pálidas e sem vida.
Tive vontade de dizer que ela não iria voltar mais, mas eu sabia que isso ia doer muito mais do que já doía, Axel se aproximou de nós, estava triste com a situação, eu sabia o quanto ela era amiga dele, e o quanto ele era amigo dela, por mais que não demonstrassem muito, os dois eram melhores amigos.
- Eu não posso deixar que isso aconteça mais...- Sussurrei, transformando minha própria tristeza em indignação.
- O que?- Axel perguntou.
-...Não posso deixar mais humanos morrerem na minha frente.- Desabafei.
- Ly, você é uma "Imune", por mais que você seja maníaca você não tem o mesmo raciocínio que um "Assassino".
- Axel, eu só me cansei disso, isso tem que parar.
- Ly, acho que não é a hora adequada para discutirmos isso.- Ele disse puxando minha cabeça e beijando minha testa, suspirei e fiquei quieta, apenas observando a poça de sangue que se formava ao lado do corpo morto de Justine, Fionna se aproximou chorando.
- Você fez isso...Parabéns Fionna.- Kai disse enxugando as lágrimas.
- Lisbelle iria me matar se eu não fizesse aquela ligação!- Ela exclamou entre as lágrimas.
- E você foi tão covarde a ponto de não querer se sacrificar por nós, mesmo que tenhamos nos sacrificado para salvar um país inteiro...o seu país!!!- Ele esbravejou.
- Me perdoem!- Ela disse soluçando.
- Não...eu não vou conseguir, não enquanto eu lembrar que a culpa foi sua.- Ele saiu de perto de nós.
- Lydia?- Fionna me chamou, seu já rosto estava vermelho, olhei ela de canto e não respondi.- Ly, você é minha única amiga agora...por favor...
- Fionna, eu preciso pensar bastante...- Eu respondi baixando o olhar.
A discórdia entre o grupo foi plantada, reconheço que nossa situação é péssima mas se nós não ficarmos unidos eu não sei o que pode acontecer conosco...eu só sei que vai ser ruim...muito ruim...

Diário de uma rebelde_Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora