NIAT CAP 11 O SACRIFÍCIO

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O SACRIFÍCIO

12/07/1618
da Era do
Despertar

         Pouco antes de Stok, Harley e Hayden serem acordados pelos guardas na prisão, Maven acordava Kay'Lee na selva à lambidas. Antes mesmo do amanhecer. O pobre garoto acordou tomado de coceiras pelo corpo e com comichões insuportáveis, impossíveis de ignorar.

        — Que noite horrível, Maven! Quase fui devorado vivo por esses insetos.

      Kay se coçou todo continuamente e por longo tempo sem no entanto sentir grandes melhorias.

        Desceram então rumo ao fundo da cratera, tomando cuidado máximo para não serem vistos por ninguém. Kay era guiado por Maven, que farejava o trajeto dos nativos e dos amigos. Assim chegaram ao ponto onde estavam as cordas. Dali Maven não podia prosseguir. Era altíssimo para saltar encontra abaixo, cerca de vinte metros, e era impossível aguentar içá-lo e descê-lo com a corda.

        — Maven, não há como você passar daqui. Me espere aqui e cuidado para não ser visto.

        Kay se sentou para contemplar o lago antes de descer. Viu aquilo aquilo que ainda não compreendia, uma grande sombra esguia no lago, que surgia periodicamente e desaparecia. Kay se lembrou que os nativos haviam agido de forma estranha nesse trecho. Eles esperavam e deviam um a um apressadamente e logo após a sombra do lago surgir e desaparecer.

        Ele agiu da mesma forma, esperou que aparecesse, depois que mergulhou, ele acenou com a cabeça para Maven, que estava estático olhando-o, e desceu desajeitado, barulhento e com certa dificuldade acentuada pela pressa. Pouco além do meio do trajeto despencou, cerca de sete metros encosta abaixo. Ele sentiu o forte impacto no pé direito e se ralou todo na queda, mas conteve o grito de dor. Mancando, se escondeu atrás de arbustos aos pés da encosta.

        Manteve-se paralisado ali, aos pés dos arbustos, sem mover nem mesmo as mãos por alguns segundos, torcendo para não ter sido ouvido ou visto por alguém. Pois não estava em condição de lutar nem de correr. Quando deu-se por satisfeito examinou seu pé torcido e inchado, roxo e sensível ao toque. Improvisou um rápido torniquete e enfaixou.

        Mancando e perscrutando cuidadosamente a área, Kay'Lee desceu um pouco mais, alcançando a superfície plana e florida da profunda cratera. Uma vez considerando-se seguro procurou algum esconderijo distante e fora da vista dos nativos que transitavam entre em sua peculiar cidade sob as árvores. Queria evitar o risco de assustar os animais dos nativos e ser descoberto e capturado. Escondeu-se entre algumas rochas ao longe e aguardou para quando pudesse agir. Só não sabia ainda como ia resgatar os amigos.

        Qual foi seu susto ao ver Maven surgir de repente ao seu lado após um salto silencioso. Como chegou ali era um mistério.

— Bom garoto. É ótimo tê-lo aqui ao meu lado, amigo — sussurrou afagando os pelos cinzentos cada vez mais escuros.

Timham uma missão impossível pela frente. Libertar os amigos das mãos de um exército de nativos selvagens. Ele não tinha plano algum. Contava com a ajuda dos deuses para lhe darem uma luz na hora certa. Apenas tinha fé.

Do local em que se esconderam, podiam ver o lago entre as lindas e coloridas flores que erguiam-se até entre as pedras. Mais de perto Kay reparou melhor no lago, havia nele algum ser enorme. Podia ver, mesmo de longe, quando uma enorme cabeça reptícia com olhos agudos subia à superfície para respirar. Parecia um crocodilo pela dimensão, mas sua silhueta na água era muito alongada, como uma cobra de dez metros ou mais.

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