PAI E FILHA

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PAI E FILHA

 
        — Devemos seguir rumo ao nordeste de Tenebran — disse Stok para Lavena. — De preferência por caminhos escondidos, quando for possível.

        Ao nordeste um longo braço de terras da capital avançava estreito, e dividia o sudeste de Sandáris do Noroeste de Yulay. Local onde esperavam encontrar Rei Slaesh ou líderes de Yulay marchando rumo a conquista de Sandáris e também contar com bosques e florestas que cobriam a maior parte das terras da coroa, diferente das terras de Yulay e Sandáris que por boas milhas de fronteira eram só campinas desoladas e planícies ondulantes e sem cobertura.

       — Certo — respondeu Lavena.

        Desde os ocorridos sobrenaturais, sobretudo as mortes dos companheiros pela criatura, que mostrou ser, na realidade, um amigo daqueles estranhos garotos, Lavena se tornara ainda mais taciturna, mal falando com Raposo e respondendo a Stok, Harley e até mesmo a princesa apenas o mais fundamental e ainda assim rudemente, ou ao menos sem calor algum.

        Ainda assim era Lavena que fazia as vezes de guia em tempo integral da jornada, já que após as mortes, sobretudo do irmão, Raposo tornara-se silencioso, sombrio e melancólico, tudo que não era antes, sempre com olhar distante, mente lenta para compreender e língua ainda mais lenta a responder, quando se dava a esse trabalho. Agora apenas subia no cavalo, comia pouco e bebia ainda menos, o que era assustador; cochilava de dia na cela e transpirava à noite como um javali, devido a pesadelos noturnos. Dando por vezes gritos aterrorizados que cortavam a noite e colocavam todos do grupo alertas e os cavalos e a princesa assustados.

        Harley, Stok e Lavena intercalavam as guardas noturnas, quando ouviam sempre uivos de lobos ou rosnidos de panteras, às vezes pareciam bem próximos perscrutando-os e esperando uma oportunidade de atacá-los durante o sono, o que certamente seria ruim, podendo resultar em gargantas rasgadas, barrigas, coxas ou panturrilhas dilaceradas e morte. Isto e a alteração de Raposo não tranquilizavam em nada a alma aterrorizada da princesa Sindrael, que se resumia a perguntar ao menos três vezes por dia se estavam perto e ter pesadelos à noite.

        Em alguns dias chegaram a porção nordeste de Tenebran, não sem muito esforço, para chegar ali evitaram diversos caminhos habitados, estrada e vilas, mantendo curso entre bosques nada transitáveis e trilhas tortuosas. Princesa Sindrael era afeiçoada a montarias desde muito jovem, tendo iniciado antes dos cinco em pôneis, mas estava desgastada pela dura viagem e péssimas condições de descanso, com feridas nas coxas e marcas roxas no pálido traseiro. Repetia vezes e mais vezes que não aguentava mais.

        Nesta noite montaram o rústico acampamento numa pequena clareira num vale raso, Stok estava preparando-se para iniciar a guarda, subiu a pequena crista do morro e olhando bem longe a leste, além de muitos morros rasos, Stok viu um grande número de fogos brilhando na noite negra e fria. Não havia como ter certeza, nada comprovação isso, mas estava convicto de que era o exército rebelde e o exército lenöriano, liderado por Rei Slaesh.

        Stok viu logo em seguida batedores se aproximando de três direções com lanternas na retaguarda, cada grupo vinha com cinco cavaleiros.

        — Temos companhia — disse Stok ao grupo, o que os alarmou —, não se preocupem! Ao certo são nossos aliados. Eu falo com eles.

        — Quem está aí? — inquiriu um cavaleiro que vinha do norte vestido de marrom e azul, logo estavam cercados por uma dúzia de cavaleiros, bestas e lanças longas.

        — Somos homens de Rei Slaesh e Sor Ayvak — declarou Stok mesmo não vendo brasões ou distintivos de Lenöria ou de Sigburn, condado que os recebera e os enviou com guias. Stok se lembrou da narrativa de Kay e complementou: — Também estamos com Kalay'S, apesar da morte de Lorde Killiwan.

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