TRIUNFO FINAL

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TRIUNFO FINAL

        Sor Ayvak sorriu aliviado e cheio de esperança, mas não para si. Estava condenado, completamente cercado pelos inimigos, e já não contava com seu exímio guarda e amigo, mas valeu a pena, a guerra estava ganha, tinha certeza, e seu coração sentia que Rei Helden viveria para reinar.

Dois soldados já se preparavam para executá-lo quando ouviram o aviso de Kitrina:


— Inimigos a leste. Reagrupar!

Um dos soldados desferiu um golpe apressado para decapitar ou degolar Ayvak, mas ele ergueu o próprio braço para se defender. Seu punho esquerdo foi decepado e a espada ainda cortou parte de sua orelha e rosto. Os soldados correram seguindo sua deusa.

Sor Ayvak amarrou tiras de couro em torno do coto e diminuiu o sangramento, jogou-se exausto no solo e respirou aliviado e com sorriso nos lábios por alguns instantes. Logo em seguida colocou-se de pé para receber o exército aliado que se aproximava.

À frente do exército vinham os Reis de Aragor, Ulfghard, Thorin e a rainha de Usdror em pessoa, cada qual sob seu estandarte: Águia, Lobo, Touro e Urso. Cada um com um grande exército. Além destes, exóticos povos sem rei, também haviam se unido para por fim a tirania de Kitrina.

Serpe estava no caminho de Kitrina quando ela batia em retirada à frente de seu exército, buscando se abrigar no grosso de suas tropas, que exterminava os lenörianos encurralados, Serpe e Kitrina cruzaram o olhar. Kitrina notou de imediato que havia algo errado. Serpe jamais dirigia seu olhar a ela de forma direta, e agora lhe dirigia um olhar de fúria.

O arco na mão foi retesado contra sua deusa, a flecha disparada acertou em cheio o peito de Kitrina, mas foi desviada pela placa de peito e perfurou o ombro da Imperatriz.

A tirana sorriu e arrancou a flecha do ferimento, em seguida se preparou para matar Serpe, mas dois mascarados ajudaram-na e a empurraram para o lado, visto que ela parecia estar petrificada, os que a ajudaram eram dois dos leais a Cérberos.

Kitrina encheu-se de fúria, e vendo as perspectivas de vitória desaparecerem, transformou-se na fabulosa serpente gigante, iniciando uma matança avassaladora e desencorajando os inimigos de avançar. Seus próprios homens também entraram em pânico. A grande maioria era proveniente de reinos distantes da capital, e jamais haviam acreditado neste poder aterrorizante de Kitrina, mas agora não podiam deixar de crer em seus próprios olhos.

Harley surgiu de repente em meio a linha de combate. Parecendo uma múmia prestes a se desfazer ao chão, ergueu a cabeça com esforço e encarou a serpente gigante frente a frente. Lembrou-se da enorme serpente da cratera. Esta era duas ou três vezes maior, e sua bocarra era tão enorme que o permitiria adentrar nela de pé. Suas presas eram maiores que sabres e seus dentes serrilhados uma adaga cada um. Preciso acertar esse feitiço proibido, pensou. Ou será meu fim!

— Harley! — ouviu o grito ao seu lado e notou o enorme guerreiro de pele vermelha-escura montado num lindo cavalo branco. Em sua mão uma lança em estilo de que se lembrava bem. A seu lado uma bela e jovem guerreira. — Acabe com ela!

Dêm... como é bom vê-lo. Pensou, e se esforçou para sorrir-lhe. Junto a ele estavam diversos de seu povo, e reconheceu a jovem guerreira a seu lado, Shmiishtra a bela esposa de Stok. Agora preciso me concentrar.

Kitrina em forma ofídica salivava e silvava de fúria, a língua bifurcada e sedenta deliciada com a matança que se iniciaria.

O mago, pronunciando cada sílaba com o mais extremo esforço e concentração, executou o feitiço proibido e hediondo, um dos quais jurou nunca praticar. Logo suas mãos tornaram-se negras como betume e uma espécie de cordão negro saltou delas, prendendo-se à serpente. Através do cordão uma energia luminosa purpúrea viajava num turbilhão, saindo da serpente e sendo absorvida por Harley. A serpente sibilava e se retorcia enlouquecida. Harley flutuava com olhos completamente negros, parecendo enormes crateras em sua face. Ao fim, Harley pareceu renovado e fortalecido, sua face trazia uma expressão de força, maquiavelismo e perversidade. Já a serpente parecia mais feroz e selvagem e seu olhar menos humano e racional. Harley julgou que isso fosse algo benéfico, uma fera enlouquecida pode ser mais assustadora, mas certamente é mais fácil de ludibriar que a astuta Kitrina.

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