RECAPTURA

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RECAPTURA


        Quando a aurora finalmente irrompeu, Kalkaras ergueu-se de leito sem ter dormido um instante sequer. Havia sido incomodado a noite toda para receber informações e dado diversas ordens. Além disso não sentiu um pingo de sono, e de onde acamparam era possível ouvir os berros de homens e animais feridos e moribundos, caídos na passagem da garganta a menos de uma milha de onde estavam. Saiu de sua tenda vigiada por dois imensidão guardas que o seguiram, Mandou soar sua trombeta e toque pessoal em convocação a seus capitães. Eles surgiram logo, quase tão exaustos quanto Kalkaras. Ele exigiu que levantassem o número das baixas, desertores e traidores e mandassem entregar a ele em menos de meia cintra.

         Em seguida, enquanto as informações eram compiladas e contabilizadas, foi reunir-se com Kitrina, lordes de Svalaqüântia, Tenebran, Tirodan e Osdáris, e, para ultraje dos nobres, e do próprio Kalkaras, estava presente também o pirata mal nascido, Jasper, que, como sempre, fornecia os conselhos mais escutados por Kitrina, pois dizia aquilo que ela queria ouvir, estava de acordo com todos seus desvarios e crueldades insanas, e, em batalha era hábil e temível.

       Um de seus mais polêmicos conselhos foi dado após a seguinte ordem de Kitrina:

        — Decapitem Lady Lavena e enviem a cabeça da menina e do pai ao castelo de Gonlay.

        Ao que o conselho de Jasper fora:

        — Sim, grande deusa. Precisam se lembrar da rigidez de sua justiça.

        Todos os demais objetaram, lembrando que já estavam lidando com revoltas e desavenças suficientes para um reino, sobretudo um prestes a partir para uma guerra tão distante de casa. Foram unânimes em afirmar, ou votar, que era melhor resolver a questão com diplomacia, apaziguando as terras de Yulay tomando Kalay'S e julgando o Lorde Supremo, Killiwan, em público, e, por fim, passar seu trono a alguém mais... solícito.

        Kitrina se limitou a chamá-los de fracos e expressar seu nojo por tal conselho.

        Capitão Jasper gargalhou e Kitrina estreitou os olhos para ouvi-lo. O pirata sequestrador de rapazes e crianças disse:

        — Uma deusa não negocia com súditos, assim como um pai não negocia com um filho, dá-lhe uma surra para que aprenda o respeito e obediência. Meu conselho é que esmague cada traidor, minha deusa.

        — Tenho minha decisão — declarou ela —, jamais perdoarei tais insultos e traições — declarou com tamanha frieza e naturalidade que parecia estar cara a cara com Killiwan e Layster, ordenando suas execuções e não reafirmando guerra contra eles.

        Isto decidido, e não havendo mais lugar a discussão, passaram a análise dos danos causados pela traição das tropas de Norebran na retaguarda, pela emboscada de Yulay na Garganta da Serpente e pelo combate com os exércitos yulianos liderados por Layster e Aristor, no fim da tarde anterior. Embora as contagens e relatórios exigidos elo general ainda não tivessem sido entregues, iniciaram os debates.

       — Tudo isso só pode ter sido arquitetado por Sor Ayvak — General Kalkaras afirmou. — Deveríamos regressar de imediato a capital.

         Muitos comandantes foram favoráveis, Kalkaras objetou, sendo atacado por vários nobres, sobretudo Kalkaras, Kitrina se mantinha pensativa e apática, quase ausente. Conforme novos relatórios e notícias dos danos chegavam, a situação se mostrava cada vez mais grave e com menos saída, e Kalkaras voltou atrás em seu conselho de voltar de imediato a capital após mais uma terríveis notícias:

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