NIAT CAP 31 PAZ

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NIAT CAP 31 PAZ


         — Guardem este nome e não enfrentem eles, que se dizem deuses, sem essas Relíquias Svékkrön.

        Os verdadeiros e bondosos deuses guiarão vossos caminhos. Fiquem em paz. Não se atemorizem antes do tempo. Os deuses bons hão de guiá-los em tudo.

        Acho que já lhes disse tudo que havia para dizer.

        Me perdoem por meus erros.
Estou muito arrependido da vida que levei. Das escolhas que fiz.

        Mas agora fico feliz em vê-los unidos rumo a um grande destino e, tenho certeza, seus pais se orgulhariam ainda mais.

        A raça humana está nas melhores mãos possíveis.
Agora posso descansar. Espero que minha alma encontre descanso e perdão um dia.

        — Certamente encontrará. — Kay'Lee procurou confortá-lo — Sua vida não foi nada fácil, mas os deuses o escolheram para ser nosso guardião e nos ensinar grandes lições. Muito obrigado por tudo.

        Após falar, Kay'Lee, que melhor controlava os sentimentos, o abraçou como a um pai.

        O velho deixou rolar uma lágrima por trás da máscara. Mas não não fez questão de esconder. Era possível ver seu olho restante marejado através do orifício da máscara.

        Após Kay'Lee, Harley foi quem se aproximou. O pequeno tinha muitas perguntas em mente, mas não se encorajava a fazê-las. Sentia que era hora de deixá-lo descansar e partir. Apenas abraçou o velho com carinho infantil e sincero. Sua mente estava, sim, confusa, atordoada, triste, preocupada e com muitos outros sentimentos em conflito. Mas decidiu que não julgaria aquele velho homem que dedicou, sobretudo as últimas Luas de sua vida, a se redimir, protege-los e cumprir uma bela missão.

        Não fosse sua decisão, tudo seria diferente. Tanto para eles, que talvez fossem aniquilados na invasão dos orcs. Quanto para o próprio Aldebaran, que ainda teria poder, servos, luxo, mulheres, riquezas e juventude.

        Abraçou o velho como a um avô que nunca teve. Sábio, cheio de experiências e amado.

        O velho se esvaia em lágrimas, incapaz de nada mais que chorar e dizer obrigado entre soluços.
Stok foi o próximo, sua mente estava confusa. Não aceitava a necessidade de ter de fazer o mal para alcançar o bem. Estava convicto de que sempre havia uma forma de solucionar um empasse sem causar mal a ninguém.

        O pensamento, no entanto, durou pouco. Lembrou-se do povoado da cratera e da atitude que teve. Decidira impedir a donzela, pela qual se apaixonou a primeira vista, de casar com o grosseiro guerreiro, muito mais velho.

        Os eventos, porém, que ocorreram depois; Stok nunca quis parar para analisar. Mas agora vieram à sua mente tal qual uma flecha, veloz como relâmpago e poderosa como uma avalanche. 

        A culpa foi sua! Não julgue! Você não tem direito!
Stok paralisou-se.

        Se não fosse minha decisão de última hora Hayden não estaria viúvo e revoltado. E, vidas humanas não teriam sido tiradas. Pensou o garoto absorto, e alheio a sua posição no aqui e agora: estava de pé, próximo do velho para se despedir, contudo, paralisado e com olhar perdido no vazio.  Porém, não fosse isso, talvez Hayden tivesse abandonado sua missão. Concluiu deixando rolar lágrimas pelo rosto em remorso e arrependimento por ter julgado o velho e, por não ter conversado com Hayden sobre seus sentimentos, e sofrimento devido à perda de Trisha.

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