PREPARATIVOS FINAS

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PREPARATIVOS FINAS


        ▫ Harley passara a noite da batalha em claro, precisava recuperar as forças e a mana mas não conseguia dormir. Stok não acordara devido aos entorpecentes e amenizantes de dor. Ao lado do amigo ele lia compulsoriamente os livros e anotações de Kitrina, e após ler todas as que trouxera, retornou ao quarto dela para recolher dezenas de outros trabalhos pessoais e anotações. Havia se interessado por inúmeros assuntos, mas um deles era urgente e de extrema utilidade: os soldados mascarados. O diário que Kitrina mantinha sobre eles era estarrecedor e perturbador, mas também dava a ele a possibilidade de usar tais informações. Após estudar tanto quanto considerou adequado pediu para ser levado a cela em que os pequenos e temíveis guerreiros mascarados estavam trancados. Em especial o chefe deles. O mais alto e o único falante.

▫ O oficial encarregado das celas e masmorras desaconselhou tal empreitada.

▫ — Meu lorde, não acho que seria adequado...

▫ — Eu decido o que é adequado a mim. Não se preocupe, me leve à cela dele.

▫ — Eles não são homens nem mulheres, meu lorde. Kitrina os corrompeu ao limite da sanidade e eles antes rosnam, mordem e se calam que respondem a qualquer pergunta. Suas faces por baixo daquela máscara assustadora são ainda mais assustadoras. Queimados, animalescos e furiosos.

▫ — Espero que não tenham sido torturados ou assassinados a sangue frio e que todos os feridos tenham tido direito a serem tratados e lavados. As ordens de Rei Helden foram claras a esse respeito.

▫ O homem hesitou, pareceu alarmado com aquela afirmação. Ao chegar ao local indicado Harley notou as celas silenciosas. Não haviam chamados, lamentos, murmúrios, conversas, nem risadinhas, comuns até mesmo nas celas mais frias e profundas, contanto que houvessem companheiros suficientes. E aqui havia. Aqui foram mantidos apenas os soldados mascarados, e eram pouco mais de 300, mais de 600 haviam morrido na batalha. Não se renderam até o último homem. Os capturados haviam sido desmaiados durante a batalha ou rendidos através da força de dois ou três contra um.

▫ Os guardas da cidade haviam sido o oposto, eram cerca de dez mil inicialmente, mas não eram melhores que mercenários, e ao notar a fúria e supremacia dos invasores muitos passaram a se render, mas quando Harley mostrou seu poder temível e voz retumbante no céu, todos haviam se rendido. E agora eram mais sete mil homens entre feridos e capazes de lutar que seriam assimilados ao exército dos Reis Helden e Slaesh e colocados na linha de frente.

▫ — Eles comeram algo? - indagou Harley.

▫ — Parecem querer morrer de fome. Não tocaram nos pães e queijos duros. Nem mesmo nas carnes salgadas.

▫ — Qual seu nome, meu caro?

▫ — Eldred, senhor.

▫ — Senhor Eldred, não notou que nossos prisioneiros aqui não tem língua? - questionou em tom de confidência.

▫ O homem pareceu surpreso, depois horrorizado, então tudo pareceu ficar claro para ele. Harley não o deixou dizer mais nada.

▫ — Mande os cozinheiros preparar duzentos quilos de feijões, lentilhas, e quaisquer grãos feitos em sopas e caldos. Podem usar também sangue fresco, e cozinhar juntamente com carne apenas para o sabor, eles não tem boa parte da língua então não podem mastigar ou engolir com facilidade.

▫ Harley foi indicado à cela em que estava o maior dos mascarados. Não estavam mais mascarados, era verdade, mas era fácil perceber a distinção entre o chefe e os outros soldados, ele tinha metro e oitenta, os demais entre um e meio e um e sessenta.

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