EMBATE A BORDO

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EMBATE A BORDO


        Stok ordenou mudança de rota imediata. Deviam afastar-se daquela ilha rapidamente, estava completamente crente que aquela era a Ilha da Vela Negra. Sobretudo quando os risos do capitão passaram a ser ouvidos, e os capangas, mesmo amordaçados e presos, eram ouvidos gargalhando no porão, como se soubessem onde estavam, e o que os esperava.

        Os marujos mudaram de curso às pressas, porém, o sangue de Stok gelou além do esperado para a gélida noite, quando viu a silhueta de uma embarcação surgir no horizonte brumoso e contra a fraca luz das estrelas do horizonte.

        Conforme as velas eram movidas fazendo os mastros rangerem e o timoneiro lutava contra as forças do leme de popa, ao ser movido bruscamente; a embarcação guinou e inclinou-se uns vinte graus, fazendo alguns quase despencarem amurada abaixo com o solavanco e perda de velocidade repentina.

        Stok sentia que não haveria forma de escapar da embarcação que vira, era um barco médio com enormes velas e agora ele podia distinguir remos impulsionando o barco velozmente. Eram ao menos trinta de cada lado. Com sorte, todos escravos, se fossem todos guerreiros, haveria ao menos sessenta a bordo, e se fossem os temidos e cruéis guerreiros de Tenébria... seria algo terrível.

        A tripulação entrou em frenesi ao notar a causa da mudança repentina de rota. Os marujos em trabalho acordaram os que dormiam, e todos juntos aumentavam o nível de pânico.

        Stok estava certo de que não haveria chances de fuga, então bradou:

        — RATOS! — mantinha um olhar furioso, cuspindo desprezo e ressoando acima dos homens assustados. — Há três dias... estávamos indo para uma vida de escravidão eterna e cruel. Agora, somos donos do nosso destino. Para a vida e para a morte. Por que vocês temem este navio?, Por acaso são ratos acuados ou donzelas órfãs? — Stok olhava cada um nos olhos, e via suas expressões de pavor e medo tornando-se em olhos furiosos e com sede de viver e lutar.

        —VAMOS LUTAR! — gritou um. — SIM, VAMOS LUTAR! — gritaram outros.

        — ANTES MORRER LIVRE, QUE VIVER ESCRAVIZADO — gritou outro avidamente.

        — ELIÖN!!! — bradou Stok. — Peguem suas armas! Vamos! Para a LIBERDADE!

        — PARA A LIBERDADE! — gritaram todos, incluindo Harley e Kay'Lee.

        — PARA A LIBERDADE!

        Um brado de guerra ecoou por todo navio, e os risos insanos do capitão e seus fiéis já não eram mais ouvidos. O navio inimigo se aproximava cada vez mais. Os marujos inexperientes tanto em navegação quanto em batalhas não sabiam o que esperar, mas Stok e Kay'Lee procuraram organizá-los estrategicamente. Embora não soubessem a tática que o inimigo usaria.

        No convés não se via ninguém, todos se esconderam para tomar de assalto aqueles que primeiro tentassem subir a bordo. Apenas Stok se mantinha ao leme, ostentando o chapéu e o manto do capitão.

        Quando o barco inimigo, mais baixo e estreito, porém mais longo; se aproximou para abalroar, Stok manobrou para não o deixar atacar o casco lateral e mais frágil, podendo causar o naufrágio. Conseguiu um resultado ainda mais positivo, ao fazer o barco inclinar e diminuir drasticamente o impacto destrutivo que ocorreria, ainda conseguiu partir quase todos os remos do barco inimigo.

         Na sequência os oponentes lançaram diversas cordas e passaram a escalar os cerca de três metros de casco que se sobrepunham ao convés inimigo. Alguns homens dos garotos foram feridos pelas cordas gancho, todos se ergueram de suas posições para impedir os temíveis adversários de subir a bordo. Stok abandonou o leme e partiu para a batalha. Utilizando um arco e flecha derrubava quantos inimigos podia, ele estava com as pernas presas a amurada e de ponta cabeça para poder alvejar os que escalavam a amurada com as cordas.

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