PLANOS DE FUGA

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PLANOS DE FUGA

        Um dia, quando o rei seguiu para seu treinamento, no qual gastava cerca de três cintras diárias, os garotos aproveitaram para verificar suas opções, sentiam-se extremamente prisioneiros neste reino, não podiam sair sem escolta, não podiam sair a cavalo, não podiam sair dos portões do pátio, não podiam falar com ninguém de fora da corte sem permissão direta do rei (e ninguém podia falar com eles), não podiam sair do grande quarto à noite, pois a porta era trancada por fora e ali ficavam dois guardas a noite toda, sentiam que não podiam nada, pois o que queriam e precisavam, concluir sua missão e voltar à sua terra natal, não era permitido.

        Eram quase tão bem guardados quanto a família real. Com uma grande diferença, eram protegidos de si mesmos.

        O quarto em que estavam alojados era altíssimo, além de ser voltado para o precipício, eram cerca de vinte metros até o penhasco e dali mais trezentos metros de escarpas íngremes até o fundo do vale, as paredes externas, castigadas por ventos gélidos, eram cobertas de gelo à noite, congrlariam os dedos, ainda que coberto de luvas; além de sempre estarem revestidas de líquen e musgo.
Era altamente escorregadio.

        De toda forma, era vigiada por guardas que rondavam a plataforma do pátio principal. A plataforma projetava-se lateralmente, paralela ao paredão da fachada do castelo, formando um pavimento em "T". Mesmo Stok, não se julgava capaz de fugir pelo paredão, ainda que não houvessem guardas, escalar aquelas paredes de vários séculos, quebradiças e deslizantes, seria suicídio.

       
        — O que faremos para escapar desta PRISÃO??? — explodiu Hayden.

        — Controle-se —, avisou Stok — se os guardas ouvirem isso, aí é que redobrarão a atenção e não haverá forma de escaparmos.

        — Não está bom para nós — começou Harley sombriamente. — Estamos ilhados neste reino, daqui não podemos escapar a não ser por mar. Não temos dinheiro para pagar um navio para a longa travessia marítima até Lenöria, pois nossas posses estão confiscadas pelo rei, nem podemos sequer negociar uma forma de embarcar como tripulantes, estando aprisionados nesta fortaleza e sem tempo de oferecer nossos serviços a algum mercador viajante.

        — Temos de conseguir um meio de escapar. Não vou aceitar o destino imposto por este rei burro. Eu MATO... — dizia Hayden quando Stok o impediu de terminar.


        — Ficou louco? — inquiriu num sussurro sibilante e expressão feroz. — Vai acabar conosco, assim. Um mero ato de traição contra este rei e estaremos todos condenados a congelar nas jaulas enlouquecedoras dele. Você já as viu. Gaiolas com apenas quatro grades, uma em cada vértice, nada que o impessa de cair nas centenas de metros penhasco abaixo e ventos cortantes vindos de todo lado açoitando-o noite e dia. A maioria se lança de lá na primeira noite congelante e enlouquecedora.


        — Precisamos de um plano urgente, prefiro enfrentar um dragão ou me despedaçar nas rochas, que morrer nesta prisão tediosa que estamos.

        — Não se preocupem — tranquilizou Stok. — Irei estudar uma possibilidade e se preciso, irei escalar a encosta e fazer um barco durante as noites.

        — O porto mais próximo fica a umas dezesseis milhas — lembrou Harley. — Como vais tão longe, trabalhar num barco e voltar até a aurora?

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