IMPÉRIO DO MEDO

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IMPÉRIO DO MEDO

[Alguns dias antes da
  Batalha de Devos]

        — Pois não, divina Imperatriz — diz o servo que foi convocado ao seu quarto curvando-se.

        — Traga-me um farto desjejum — ordena Kitrina de pé e nua em seus aposentos comtemplando Hayden adormecido, e deixando o servo ainda mais assustado, porém contemplando disfarçadamente a lindíssima mulher. Vendo o homem na cama, diz:

        — Sim, divina. Quer que mande levar este homem para as bestas como o último? Ou para as masmorras?

        — Eu ordeno o que deve ser feito. Não preciso de opções de um monte de lixo. Os pés deste garoto me são mais úteis que você. Agora saia!

        Após o desjejum, Kitrina prendeu Hayden ainda desacordado sob efeito de entorpecentes. Em seguida desceu até seu salão principal, onde fica seu trono em forma de uma enorme serpente de olhos vermelhos, o trono fica no ventre da serpente, e sua cabeça com presas gigantes à mostra paira acima do trono, projetando-se de forma ameaçadora a quem se dirige a ela. Para lembrar o poder da rainha serpente: transformar-se numa serpente de igual dimensão.

        — Divina Imperatriz — prefere o homem que adentra ao salão após sua permissão. — Uma pequena frota vinda de Lenöria foi interceptada e capturada. Dois navios afundaram, três estão no porto de Presaforte.

        — O que arrancaram dos tripulantes e quem eram?

        — Estavam a caminho de Aragor com aceitação de uma aliança com os reinos do grande continente e havia diversos nobres a bordo.

        — Irei falar pessoalmente com eles. Agora vá até Kalkaras e o convoque-o para uma reunião hoje ao pôr do Sol. Chame também os dois comandantes imperiais.

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        — General Kalkaras — diz a Imperatriz Kitrina durante reunião com seu general, dois comandantes e dez de seus filhos, os quais chama carinhosamente de cães negros.  — Reúna uma pequena frota de cinco navios e duzentos soldados, irão a Lenöria com uma mensagem minha. Enviarei também cem dos meus cães negros, temos que descobrir quem são esses rapazes que conhecem o segredo do espelho e reunificaram os reinos do grande continente. Devemos atacar Lenöria antes que se beneficiem do conhecimento da fonte de poder. Se não tivéssemos capturado os navios de Lenöria, a esta altura já estaria sendo selada a aliança entre o sul e os outros quatro reinos.

        — Sim, divina Imperatriz — acatou seu primo-irmão, general e amante — irei fazer conforme ordenas. Após terminarmos, já iniciarei o processo.

        — Certamente irá — disse ameaçadora fitando Kalkaras com olhar faiscante. Ele era seu sangue, filho de seu pai com sua tia, era seu primo-irmão, portanto não era digno de total confiança.

        — Quanto aos nobres capturados de Lenöria, já arrancamos todas as informações que eram possíveis dos prisioneiros. O que será feito deles?

        — Como os demais, arranque a língua e mande para as minas, para exaurir suas forças e seus espíritos, não há um deles que valha muito. 

         — Faremos assim, divina Imperatriz — falou um dos dois capitães, chamado Urek. Kitrina não lhe dirigiu o olhar.

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