SLAESH REI DE TODO SUL

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SLAESH DE LENÖRIA


        Uma comitiva seguiu para a capital. Foram três dias de viagem até a chegada. Passando por algumas vilas. O clima se amenizava conforme se afastavam do litoral e dos ventos gélidos vindos do norte. Os três garotos e os tripulantes que tomaram o navio dos piratas estavam agora nos aposentos do palácio real do fabuloso reino de Lenöria. Estavam num amplo alojamento destinado a serventes reais, como vassalos, servos nobres de cidades distantes ou outros hóspedes numerosos e importantes para o rei.

        Os homens simples de Aragor, estavam deslumbrados com a riqueza do palácio. Jamais haviam entrado sequer na cidadela de Aragor, haviam contemplado os muros do castelo apenas das planícies baixias, pairando sobre o monte Anglee, e tudo que viam do castelo eram as torres, elevadas acima da linha formada pela muralha.

        Agora estavam pasmos, desde que chegaram não paravam de atentar para cada detalhe. No quarto, uns olhavam a paisagem através dos vitrais, a nevasca caindo, os morros brancos de neve. Florestas salpicadas de branco. Outros tocavam a mobília ornamentada, estátuas, armaduras decorativas, o tecido dos lençóis e travesseiros. Tudo era rico, belo e impressionante. Os garotos sentiam-se sujos e cansados, assentaram-se próximos à lareira e assistiam as reações dos homens divertindo-se com suas simplicidades e alegria.

        — Estas cortinas são mais finas que roupas de baixo de meretrizes caras — disse Jory, o mestre das pantomimas do grupo.

        — Você nunca tocou numa meretriz cara — disse Hélios, seu companheiro inseparável — Nem numa barata — finalizou com uma gargalhada.

        — Verdade — gargalhou juntamente com o amigo. — Mas de olhar já se nota.

        — Nisto você tem razão.

        Todos riam alegres quando bateram à porta do quarto.

        — Entra! — bradou Isril, um homem rude e de modos simples que estava mais próximo da porta.

        A porta se abriu, e um homem garboso adentrou o aposento, seguido de uma tropa de servas. Fazendo um maravilhoso perfume inundar as narinas de todos. As servas traziam nos braços muitos panos limpos. Os garotos logo constataram a serventia dos panos, e o cheiro de bode velho que exalavam denunciava a necessidade. Há muitos e muitos dias não se lavavam, desde que saíram de Aragor.

        — Alteza — cumprimentou Jory meneando a cabeça ao ver o belo e bem vestido homem à frente das servas.

        — Boa tarde, senhores — disse com ironia, o sotaque característico do sul carregado de desprezo. 

        Todos responderam, a maioria desconfiado ou contrariado. O homem meneou a cabeça para todos, e finalizando o foco em Jory indagou: — é um piadista, senhor? — perguntou irônico. — Sou o camareiro real, me chamo Thedwin, e vocês precisam de um banho urgente. Para ir à presença do rei também precisam adquirir a etiqueta mínima para se dirigir ao altivo Rei do Sul.

        — Sim, senhor — respondeu Stok. — Não iremos decepcionar.

        O fidalgo observou Stok de cima abaixo, com surpresa e certo espanto, notou que apesar de imundo e malcheiroso o garoto possuía ar de nobreza e um porte e beleza invejável. Iria dizer algo sobre seu sotaque e nível de educação, mas voltou atrás, correndo os olhos pelos demais disse apenas:

        — Ao entrarem na presença do rei devem se prostrar com ambos joelhos ao chão, baixar os olhos e tocar o pavimento da sala do trono com as palmas das mãos, até que ele permita que se ergam. Ao falar com ele diretamente devem proferir: Vossa Altiva Majestade de Todo Sul, e só ao falar novamente com ele podem dizer apenas Majestade.

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