VENTRE VIPERINO

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VENTRE VIPERINO
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         Kitrina estava sentada em seu trono de ouro em forma de serpente. Após uma rápida conferência com seus vassalos e capitães, ordenou que seu primo e general se aproximasse.

— Kalkaras, traga aqui todos os profetas e oráculos da Sagrada Ordem Panteonida e qualquer outro que afirme ser profeta ou algo do tipo. Vá!

— Sim, majestade.

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       General Kalkaras ordenou a seus capitães que reunissem todos os profetas da capital nas planícies a leste de Serpen'Cast. No fim do dia eles enviaram um mensageiro até ele informado que haviam cumprido a ordem. Kalkaras cavalgou em seu magnífico garanhão até o local designado. Ainda montado em seu cavalo ele bradou aos sacerdotes reunidos:

— Kitrina ordenou que os profetas e oráculos da Santa Ordem Panteonida, ou quaisquer outros fossem levados a sua presença. Seus deuses os avisaram sobre isso?

Sua resposta foi o silêncio.

— Sendo assim, creio que serão inúteis para o que ela deseja. Vamos! Marchem!

O General seguiu a frente guiando seu animal sem pressa e atrás dele dezenas de sacerdotes eram incentivados a prosseguir por pontas de lança e açoites.

Todos que tiveram forças para caminhar a pé até o castelo adentraram o grande salão do trono e colocaram-se à presença de Kitrina. Os que se recusaram a prosseguir por exaustão ou por seus votos foram enforcados pelo caminho.

— Ajoelhem-se perante sua nova deusa — ordenou General Kalkaras a todos os homens e mulheres.

— Não reconhecemos vossa divindade e autoridade, víbora maldita — disse alguém na multidão de sacerdotes. — Nem mesmo vossa legitimidade ao trono — sussurrou inaudível.

— Você fala por todos? Você é o Alto Sacerdote?

— Sim — encorajou-se. — E digo que nunca terá nossa devoção — jurou o senhor moreno de cabelos grisalhos e olhos verdes.

Kitrina ergueu-se de seu trono e começou a caminhar entre a multidão de homens e mulheres que se mantinham de pé. Nenhum de seus guardas ou capitães temeram pela segurança da Imperatriz divina.

Um dos jovens e fortes sacerdotes olhou para seu tutor e recebeu um aceno negativo. Ainda assim, ele avançou sobre Kitrina com mandíbulas retesadas e dentes em esgares. Kitrina, porém, desferiu um golpe com as costas da mão e o desmaiou com um único golpe.

Outros tentaram o mesmo, dois, cinco, nove... todos saltando sobre ela tentando quebrar seu pescoço, apertar sua garganta e esganá-la.

De repente todos que a cercavam e estavam sobre ela foram lançados longe. Kitrina se transformou em serpente gigante e devorou a cabeça de um dos sacerdotes. Alguns tentaram correr de terror, mas as lanças os esperavam em riste e os repeliu a ficarem onde estavam. Então o primeiro sacerdote se ajoelhou. Uma, duas, quatro mulheres o seguiram. Então logo todos estavam ajoelhados, exceto o Alto Sacerdote.

Kitrina voltou a forma humana e se aproximou dele que a encarava com firmeza.

— Víbora do sétimo inferno — disse ele na cara. — Eu a amaldiçoo. Eu agora profetizo, você terá o que mais deseja, e logo em seguida perderá. Seu fim será...

Antes que ele prosseguisse Kitrina agarrou sua garganta com suas unhas douradas e o ergueu do chão.

— Continue, sacerdote — disse ela de modo sereno. — Anseio por sua profecia.

O homem se debatia e agarrava o pulso dela tentando se livrar. Mas não tinha forças para isso. Ele arranhou o braço dela com suas unhas, mas ela nem se moveu.

— Eu profetizo que você morrerá como o idiota que É! — gritou e o arremeçou na pilastra mais próxima, por cima de muitos de seus subordinados. Sons de ossos se partindo foram ouvidos no silêncio que se fazia.

— Levantem-se, sacerdotes — disse Kitrina retornando a seu trono.

Todos e todas se ergueram.

— Meus profetas e oráculos, eu os convidei para que perguntem a seus velhos deuses uma coisa. Algo muito importante, para mim. Quero que se esforcem para obter essa resposta, depois poderão escolher seu caminho.

— O que a grande deusa serpente quer que não pode descobrir sozinha? — perguntou uma Sacerdote.

— Quero saber o que preciso fazer para ter um filho.

— Prefiro morrer a ajudá-la a gerar algo nesse ventre profano — encorajou-se furiosamente uma sacerdotisa da luz sagrada.

— Capitão Trevor, pode levar essa para você e seus homens se divertirem — determinou Kitrina. —Vocês — dirigiu-se aos restantes —, comecem a orar e jejuar por uma resposta. Quanto antes eu ficar satisfeita, tanto antes estarão livres. E aquele que desejar me servir será regiamente recompensado.



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